Xand Avião vê evolução no forró, mas conta com ajuda do filho adolescente para isso
Cantor e empresário estrela a capa da edição #8 da Billboard Brasil
O sucesso não foi uma meta que Xand Avião, com mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais, diz ter perseguido –embora costumasse treinar seu autógrafo, ainda como Alexandre Silva, nos cadernos do colégio.
“Saí de Apodi, no Rio Grande do Norte, no dia 20 de setembro 2002, com dois meses de aluguel atrasado, uma filha de 1 ano para criar e muita vontade de trabalhar com música. Se fizesse sucesso, beleza. Se desse só para pagar o aluguel, estava bom”, conta.
O destino era a capital do Ceará, onde ele, hoje pai de quatro, vive com a mulher, a ex-dançarina do Aviões do Forró e influenciadora digital Isabele Timóteo.
“O rapaz que saiu lá de Apodi era um sonhador que arriscou tudo o que não tinha. E deu muito certo, graças a Deus. Em sete meses, o Aviões fez uma reviravolta no mundo do forró que marcou até hoje”, relembra ele, sobre os primórdios do chamado forró eletrônico, vertente que tinha o Aviões, o Garota Safada, de Wesley Safadão, e o Calcinha Preta, de Paulinha Abelha (1978-2022), como principais expoentes.
Preconceito com o forró
“Hoje, vejo uma evolução. Quando comecei, não havia pessoas de 16 anos nos meus shows, os amigos do meu filho não me curtiam, não me ouviam como hoje. Só quem consumia forró era gente com mais de 30 anos. Hoje, o forró virou uma música como qualquer outra, como o rap, como o pagode, como o samba. Acho que o pessoal abriu os ouvidos”, contemporiza.
“Antigamente, o pessoal achava que forró era tocado de qualquer jeito, que não tinha bons equipamentos, bons músicos, bons compositores. Isso me magoava”, diz ele, que enfrentou poucas e boas antes do sucesso. “No início do Aviões, ouvi de contratantes que banda de forró não precisava de camarim. A gente mostrou para o povo que o forró é feito com qualidade, sim. Não quero ser o maior do Brasil, competir com ninguém, mas quero ser tratado de igual para igual. Bati muito com a cara na porta para deixar aberta para meus agenciados”, ri.
Filho investe em carreira musical
Outra porta que deve ser aberta em breve é para Enzo Temóteo, filho de Xand e Isabele, de 16 anos. Vidrado em música, ele virou uma espécie de consultor musical do pai –que segue cantando sobre farras e bebedeiras, embora leve uma vida bem mais caseira.
“Eu não saio muito e estava tendo uma dificuldade muito grande [de me adaptar], mas agora quem me ajuda é meu Enzo. Ele é meu porta-voz, e é louco pelo Matuê. Mais fã dele do que meu. Tudo o que está rolando no mundo ele me mostra, e eu vou assimilando, usando na banda. O Enzo funciona como meus ouvidos”, conta Xand, revelando que o sonho do moleque é mesmo se lançar como cantor.
“Eu tentei impedir, mas não tem como, ele é autodidata, toca tudo, compõe muito. Até gravei uma música com ele, meu primeiro trap, que junta pedaços de músicas da minha carreira, como ‘Coração’ e ‘Mulher Doideira’.”
Para Xand, apesar dos muitos compromissos como cantor e empresário, a família finalmente passou a ser prioridade (“por que a gente não trabalha só em cima do palco, né?”).
“Antes, eu fazia 25 shows no mês, nos outros cinco dias chegava em casa e desmaiava. Hoje, tirando o São João, estou controlando a minha agenda. Não é que eu não queira tocar. Toco menos, mas com mais qualidade”, explica.
“Em 21 anos, o primeiro Ano Novo que passei com a minha família foi esse último. Pode parecer uma besteira, mas eu fiquei tão feliz por não estar em um avião, correndo para dois, três shows, que foi uma noite maravilhosa. Ganhei mais uns dez anos de vida. Não vou parar de cantar nunca, porque é o que eu amo, mas quero poder almoçar com minha família, ir para a praia, essas coisas.”