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Rappers omissos e o Altíssimo: uma entrevista espiritualizada com MD Chefe

Rappers omissos e o Altíssimo: uma entrevista espiritualizada com MD Chefe

Rapper lança quarto álbum, critica colegas de cena e fala de 'Lei Anti-Oruam'

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MD chefe entrevista garbo elegancia

Por videochamada, o rapper MD Chefe atende a ligação com sua voz grave-serena. Ele é chamado de “lindo”, “tchuco” —e com os mesmos apelidos trata seus interlocutores. Lançando seu quarto álbum de estúdio, “GARBO E ELEGÂNCIA”, Leonardo dos Santos Barreto gosta quando a conversa sai dos trilhos e explora uma de suas paixões: conversar sobre música, brisar sobre as linhas tortas dos desígnios de Deus.

Referindo-se ao supremo por “altíssimo” por umas oito vezes na conversa, ele reflete espiritualmente sobre o mercado, sobre a mídia, sobre a “Lei Anti-Oruam” (ele criticou os companheiros de cena que se omitiram da polêmica) e sobre a família —seja ao invocar o cantor Bebeto na faixa “TIRAMISÚ”, uma homenagem aos pais que muito dançaram o suíngue do compositor de “Nega Olívia”, seja ao comentar sobre as brisas do outro plano que alimenta em papo de fé com o amigo (e também produtor e rapper) DomLaike.

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As pessoas estão num desejo desenfreado de popularidade na internet. Isso é a coisa do inimigo, isso é espiritualmente diabólico.

E aí, tchuco, bem?

E aí, tchucão, tô bem graças ao Eterno.

O sample de Bebeto me deu curiosidade para saber como é que você ouve música no seu dia-a-dia. Tenho conversado com artistas sobre isso e muitos dizem não ter tempo para ouvir música.

Não é tão inesperado ouvir isso. Tem fases que o artista ele não tá ouvindo música, essa é a verdade. É difícil parar pra curtir, né? E quando rola é sempre num sentido crítico. Estudando. O gênero que eu mais tinha o costume de ouvir, na realidade, era o pagode, o suingue. O suingue do pagode que eu tô falando que é aquele cultural do Rio. O samba, por si só, foi a música que predominantemente eu escutei na minha infância. Depois eu conheci o rap — e ele me levou a outros lugares também.

Hoje em dia eu escuto música para aprender. Ó, por exemplo, eu quero, sei lá, rimar em cima de um bolero, de uma salsa, pois eu escuto muita música latina, cubana, mexicana. Esse disco novo tem um pouco disso, essa introdução para esse universo. E quando você chega nessa parte estudiosa da coisa, você volta. Vai pro Barry White, para os os clássicos aqui da MPB. O rap eu fui ouvir mais na fase em que eu fui skatista. Olha que coincidência legal: o primeiro o grupo de rap que eu escutei foi a Cone Crew [Diretoria]. E quem estava lá era o Papatinho [responsável pela produção do single “Tiramisú”].

Qual era a playlist dessa época nos fones?

Ah, naquela época eu não tinha fone. Tinha aquele celular que ou era verde ou era rosa, tinha uma guitarra atrás, lembra? [Esse potente e barato celular, de nome Q5, era conhecido como “celular guitarrinha” —por causa do desenho do instrumento na parte de trás. Definitivamente, responsável pelas plaquinhas “proibido som no alto-falante” nos interiores dos meios de transportes]. O barulho tocava alto pra caramba. Aí tocava um System of a Down do nada, tinha ali um Linkin Park.

Foi você quem trouxe a ideia do Bebeto no álbum ou o próprio Papatinho?

Eu que puxei esse fundamento. Dividi bastante o tempo de direção dos projetos. Eu tive muito o Bebeto na minha casa. Estávamos conversando e achamos que “Nega Olívia” era a parada.

Seus pais estão vivos?

Estão. Vivos e casados. Vivos e casados.

Você mostrou para eles que era uma homenagem à trilha sonora que eles colocavam na sua infância?

Hoje meus pais estão um pouco mais acostumados com minha fama. Eu tenho pais extremamente esclarecidos. Se você acha bonita a forma em que eu falo, é porque você não viu meus pais conversando. Eles já acostumaram um pouco com a vida do filho deles: sucesso, de sair, de sumir. Mas eu até provoquei, brinquei com eles. Eu falei: “Aí, que coincidência, como é que pode? O filho de vocês está sampleando o ídolo de vocês e tal”. Eles botaram aquele sorriso no rosto, né, aquela sensação de satisfação. E meus pais, hoje, vivem meu sonho. Eu tive o apoio deles na minha carreira e sei o quanto isso faz diferença na vida de um artista. Conheço pessoas que não tiveram isso…

Esse esclarecimento e educação vem graças, primeiramente, ao meu pai eterno. Mas meus pais me deram muita educação e isso reflete no meu modo de agir, de pensar, na postura, na forma que eu esclareço o meu rap para as pessoas.

Eu queria saber o que tem sido um entrave ou qual tem sido o seu incômodo quando você reflete sobre cenário. Sobre música.

A princípio, não há nada que tire o meu sossego, para ser sincero. Nada vai ter essa capacidade.

Blindado.

Né, entendeu? Nem pode. Mas, é, claro que tem coisas que eu não concordo. Você diz que faz rap e você é visto como um maluco. O rap era uma “luzinha” no fim do túnel. E, antes de mim, com certeza deveria ser pior, ali na época dos Racionais [MCs], do negão [MV] Bill.

A minha possível indignação é de querer essa abertura no mercado e ansiar por ver mais artistas novos.

Eu falei dele ontem, vou falar dele de novo. É maneiro quando você vê um Major RD bombando, um cara que conseguiu ter visibilidade através dos shows, da performance, ele traz o rock negro novamente. Anseio por mais assim. Porque se o mercado não cresce, o artista que fica só se repetindo está inchando o sistema ao invés de educar, de expandir. Essa é a onda onde eu entro em discordância.

E, falando em mim como um homem de negócios, eu quero ver o mercado cada vez mais rentável, firme. Como é o mercado do pagode, o mercado do sertanejo, sabe? Acho que as pessoas, os artistas, eles pensam no próprio bolso e não pensam no mercado e na longitude que pode ter.  Mas o tempo mostra quem é de verdade —e quem não é.

Mas o que você, homem de negócios, ainda esbarra no mercado e se entedia?

O rap tem esses momentos que ele meio dá uma estafada, uma saturada. As pessoas têm medo de ousar, sabe? E acho que a gente chegou nesse momento de novo, a falta de ousadia. Na minha época de 2021, o rap estava muito saturado. E aí vem o chefe [MD faz referência a si próprio na terceira pessoa], com toda aquela elegância, com toda aquela postura, com toda aquela identidade, e teve aquele extraordinário sucesso que foi o altíssimo que deu, obviamente. Eu acho que os artistas estão com medo de de arriscar. A gente tem que entender que o público exige da gente mais especiarias.

Essa coisa da arte ficar saturada é uma parada doida porque, sei lá, em 1745 os críticos de música clássica já estavam reclamando disso. “Acabou a música nova, saturou”. Tem aquela coisa do futebol, do Garrincha, em vídeo, dizer que o futebol brasileiro estava caído…

Também, com certeza. A gente tem um quê de, às vezes, só falar. As pessoas só estão pegando o movimento de uma forma pop, popular e tão argumentando coisas sem ter procurado direito.

Pô, eu já vi comentários reclamando sobre ter dançarinos no palco do Racionais, gente falando que os caras deixaram de ser rap. Qual é, irmão? Isso não é possível.

Essa não é uma pessoa que entende o mínimo do movimento. Mas realmente tem essa parte, essa porcentagem de pessoas que diz que saturou e nem saturou. E também acho que tem pessoas que não procuram. Quer ouvir algo mais mais poético? Vai ouvir o Don L, pô. Quer ouvir uma parada profunda, vai ouvir lá os álbuns antigos do Filipe Ret, do BK.

Você é muito consumido por uma faixa etária que nem chegou aos 18 —portanto, uma geração que, ansiosa, está também modificando costumes em shows, na forma de consumir música. Você tem notado algo em relação a isso?

Isso é verdade. É uma galera com muita vontade de ter, de consumir. Mas, Yuri… Eu acho que o artista que não está pronto para se adaptar ao mercado, não nasceu para ser artista, compadre. Está bem mais fácil do que antes. Não vou dizer fácil porque é difícil. Mas eu digo sempre: música demora para dar dinheiro, mas quando dá, dá.

Estou te perguntando isso porque sei que você gosta de dar uma olhada para além da própria arte.

Sei. Vamos aproveitar essa conversa, então. Fala aí.

Eu ainda estou com essa “Lei Anti-Oruam” na minha cabeça, por exemplo. Era um tópico para falar contigo. Você se pronunciou contra criadores e apoiadores da lei, diferentemente de outros rappers.

Eu fiz esse pronunciamento por conta da causa do rap, porque eu acho uma falha os rappers não terem se pronunciado e debatido contra isso. Na hora de de engajamento de mídia, eles se unem; mas na hora de abraçar a causa do rap, eles não continuam.

Eu achei tudo muito ruim. Os rappers esquecem que você não pode dar brecha —e o rap não pode dar brecha.

Isso não é surpresa, não. O que o sistema quer é que quem veio de baixo permaneça embaixo. O Oruam tem uma vida, um histórico pessoal que ele não tem culpa [o rapper é filho de Marcinho VP, ex-líder do Comando Vermelho]. Ele decidiu ser artista e ele tem influenciado outras pessoas a se tornarem também. O que o governo, então, quer? Quer que ele influencie as pessoas a serem criminosas ou a serem artistas? Só que, cara, entende uma coisa: essas pessoas [políticos que lutam pela aprovação do Projeto de Lei] não trabalham com a verdade, elas trabalham com a mentira. Elas trabalham com a sensação do poder que elas querem ter. Então, a Amanda Vetorazzo [vereadora em São Paulo pelo União Brasil com campanha pelo MBL e posições reacionárias], o Kim Kataguiri [deputado federal por São Paulo pelo União Brasil, líder do MBL, de propostas neoliberais] e os demais políticos que têm abraçado essa causa não estão realmente preocupados com o dinheiro público, eles tão preocupados em se aproveitar de um assunto polêmico e da ignorância e da raiva de outras pessoas em prol deles próprios.

O primeiro comentário que surge para te rebater nesse debate são suas letras e costumes contra você.

Você vai ver pessoas falando “Ele quer falar mas é um cara que só fala de drogas e prostituição”. Eu nunca falei sobre isso nas minhas músicas, eu nem utilizo drogas, sabe? Então, você vê que há pessoas que elas não estão ali para ter um debate político. Elas estão ali para te xingar, para extravasar ódio.

Então, entendam: vocês não estão lidando com pessoas que querem a verdade. Estamos lidando com pessoas que querem problema, que querem caos, que pensam só em si próprio. Com tantos problemas no país, é o rap o problema? O rap tem salvado tantos jovens, sabe? Tem pessoas que nunca iam conhecer a liberdade financeira se não fosse através do rap. E nós não temos o direito de conhecer a liberdade financeira.

Parece que falar de música, para muitos, não engloba conversar sobre o mundo que cerca a música. No jornalismo, muitos artistas percebem que, quando engrossam o discurso, o jornalista muda de assunto —porque não vê interesse naquele tópico.

É, com certeza. Exatamente isso que acontece. O MD Chefe é o único artista do Brasil a ter o BET Awards, que é a maior premiação da história do rap. Cadê os jornais falando disso? [O rapper ganhou o prêmio de artista revelação internacional na premiação em 2022]. O Orochi tem uma gravadora cuja parte majoritária é negra. Cadê as pessoas falando isso? Vamos lá, tem mais nomes. Major RD, todo esse movimento do rock de volta, cadê as pessoas falando disso? Ele fez um show extremamente lotado em Portugal, cadê as pessoas falando isso? A Supernova com Veigh…  Olha quantas inúmeras coisas estão acontecendo. Cadê que os políticos elogiaram? Olha quantas praças públicas nós movimentamos. Não se fala da censura e da proibição da Batalha do Coliseu na Praça da Bandeira?

Basicamente jovens se reunindo para fazer música —algo que em qualquer lugar deveria ser considerado patrimônio de resistência.

Sim, são números que são sementes. Essas sementes podem ser plantadas de forma frutífera. Porque se fala tanto sobre dinheiro público e não pega uma roda de roma para investir?

Eu comecei na batalha de rima, pô. Comecei a fazer rap quando eu tinha 12 anos e na batalha com 14. Veio dali esse rapaz.

As pessoas estão num desejo desenfreado de popularidade na internet. Isso é a coisa do inimigo, isso é espiritualmente diabólico. Eu já levo para um lado espiritual.

Isso é outro tópico para falar contigo. Compreender as mensagens ao seu redor pela espirtualidade. É assim que você vê?

Com certeza, pô. Eu sou um homem espiritualmente vivo. Sirvo ao altíssimo. Sou filho do meu pai eterno. Se as pessoas me admiram pela clareza e discernimento, não sou eu, não, tá? É o papai do céu que fez eu ser assim, que fez da minha natureza ser essa, sabe? Porque, por mim mesmo, eu seria um ignorante, seria brutalmente ignorante.

Mas por honra e glória do Pai Altíssimo, eu sou uma pessoa respeitável, né? Vamos dizer assim.

Teus pais eram de que igreja, ô MD? Você, quando moleque, já era assim… Espiritualizado?

Na minha família não somos de denominação. Eu já era e não sabia. É assim que funciona. Já tinha um altíssimo presente na minha vida, na vida do meu pai e da minha mãe, só não sabia. Aí ficou mais forte quando eu conheci o meu irmão, que é o DomLaike, que é meu sócio na OffLei Sounds.

A nossa amizade é algo que as pessoas sentem até inveja. Porque a gente tem uma irmandade que não se via nem na época dos reis, quando eles ainda estavam na terra. Então, isso ficou mais forte ainda, porque o Dom vem de uma cultura de igreja, tinha uma consciência espiritual muito forte. A minha foi ficando mais forte ali.

E o que vocês estudam?

A gente estuda a fé, o evangélico. O hebraico, por exemplo. Começamos a aprofundar mais. Mas, na verdade, foi altíssimo que nos revelou tudo isso. Sabe quando você ficar de madrugada conversando sobre o mundo espiritual e tal? Existem essas conversas, não é só na sua casa. Acontece em todos os cantos. Quando a pessoa o MD e o Yuri falando sobre isso, ela percebe que em casa pode fazer isso também. Essas conversas despertaram isso. Mas, pra mim, com certeza, o altíssimo ali falou: “Ó, eu quero vocês para mim, vocês têm um propósito e aprendam isso”. Porque se fosse pela gente também, a gente não ia chegar nas conclusões que a gente chegou.

A gente aprende um pouco do evangélico, a gente entende um pouco do católico, a gente entende o porquê do erro de um, o porquê do acerto da outra. A gente não acredita nas denominações, né? Porque denominações são time de futebol, sabe? Cada um tem um time e o evangelho não é isso, né?

Eu creio na fé inteligente. O espiritual é ciência —e ela não pode ser separada da fé. Quem separa está caindo no golpe do inimigo. É preciso entender com razão espiritual. Não é mágica da Disney.

A primeira revelação da minha vida adulta foi perceber o estar aqui por hoje. E quando você estuda religião, percebe que isso está em todas. 

É não se prender ao passado, não ficar ansioso pelo futuro. Foi bom esse seu pensamento porque é o seguinte, Yuri: se você for parar pra ver, tu não tem controle de nada, cumpadi. Eu posso pensar no que eu vou te falar e me assegurar de que eu vou falar uma coisa boa para você. Ao invés de querer entrar numa discussão, querer entrar numa briga. Assim como eu posso também ouvir algo que você pode me dizer e aceitar aquilo de boa também, entendeu? Isso é a única coisa que a gente controla. O resto, a gente não controla uma folha.

E se você viver a sua vida assim, você vive mais em paz, você você pensa melhor, com mais calma, você aproveita melhor seu dia. O dia tá passando rápido porque as pessoas estão vivendo rápido, elas estão vivendo nessa intensidade. Elas estão vivendo sempre ansiosas por alguma coisa, sempre arrependida por outra. E não estão se entendendo. As pessoas pararam de estar aqui. Pararam de conversar com si próprio.

Mas é um exercício difícil. Entender o outro ou falar com si próprio é ter que se abrir, ser humilde também.

Realmente, concordo com você. Concordo. Exatamente. As pessoas pararam de se conhecer, né? E, aí, quando você conhece o altíssimo, você também se conhece. Porque a sua melhor versão é a versão em que você está próximo do pai. Então, eu acho que as pessoas perderam isso de “pô, por que eu tô nesse ambiente?”.

Qual foi a última coisa que você extirpou da sua vida?

Todo dia eu me corrijo um pouco. Mas eu vou falar uma aqui que, por exemplo, pro homem que serve o pai, viver na da música é muito complicado, sabe? É uma linha muito ténue: entre a disciplina e a fanfarronagem. Eu ficava pensando em como seria essa minha vida artística sem eu ter uma postura ingrata… Eu fiquei pensando: “cara, eu preciso mesmo estar em boate para curtir? Eu preciso mesmo estar gastando dinheiro pros outros?”. Dificilmente você vai ver o MD Chefe numa boate curtindo à noite. Não que eu não possa, né, mas não vai me ver em festas onde acontecem loucuras inimagináveis. Você não vai me ver em em ambientes onde a probabilidade de uma briga, de algo ruim acontecer é maior.

Você vai me ver numa academia de boxe treinando, você vai me ver correndo na orla da praia, cuidando da minha saúde, cuidando da minha família. É uma coisa que eu procurei me policiar. São coisas que eu já fiz, mas eu mudei. Sair sem propósito. Não aguentar ficar em casa. Isso nunca abriu portas para mim. Eu vou fazer é o meu trabalho.

Não sei te dizer algo mais recente porque é todo dia. Mas ficar me policiando é algo que tenho pensado muito, essa necessidade de conversar consigo mesmo, da arte da reflexão.

Coisa que homem faz pouco.

E faziam muito! Nas épocas de juízes e reis você via essas reflexões sábias. E eu quero digerir cada coisa, quero ter essa prática na minha vida.

Bem, eu ficaria mais uma hora nessa conversa, mas tenho que buscar minha filha no colégio —grande parte das minhas reflexões comigo mesmo.

É uma semelhança nossa porque eu tenho uma filha também. Ariella, de dois anos e oito meses, significa “leoa de Deus”. E o meu é Leonardo que significa “valente como leão” —por isso o “Mr. Lion” [alcunha também usada pelo rapper]. E eu prometi que ia levá-la ao shopping e tu sabe que criança não esquece promessa.

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