‘Sex Pistols não era banda, era notícia para vender jornal’, diz ex-The Police
O guitarrista Andy Summers inicia hoje turnê pela América Latina
Numa recente –e equivocada– lista de maiores guitarristas de todos os tempos, o inglês Andy Summers ocupou a 250a. posição. Por mais que esse tipo de concurso exista justamente para provocar discussões, trata-se de uma injustiça brutal contra um dos maiores nomes do instrumento. Summers, ao lado do baterista Stewart Copeland e do baixista, vocalista e tremendo compositor Sting ajudou a transformar o Police uma ícone do pop rock. A influência deles é tão grande que os brasileiros Rodrigo Santos (baixo e vocais, ex-Barão Vermelho) e João Barone (baterista dos Paralamas do Sucesso) criaram o Call the Police, que traz tributo ao repertório do grupo inglês. Hoje eles são a principal atração do Capital Moto Week, que acontece no Parque de Exposições da Granja do Torto, em Brasília.
Mas de volta à importância de Summers na guitarra. No Police, ele desenvolveu um estilo no qual os timbres, os efeitos e a maneira como “recheava” as composições de Sting era mais importantes do que o solo. “É uma questão de talento, que eu tenho de sobra. Tenho habilidade, ouvidos e curiosidade musical”, diz ele, em entrevista exclusiva à Billboard Brasil. “A minha curiosidade com a guitarra não vem do fato de eu tocar punk ou heavy metal, sei lá. Vem de que eu sei como colocar as harmonias no ponto certo.”
Summers, de 81 anos, já era um veterano do rock quando se uniu à Stewart Copeland e Sting. O seu currículo incluía bandas obscuras de rock psicodélico dos anos 1960, e trabalhos como músico de apoio do tecladista Jon Lord (1941-2012), um dos fundadores do Deep Purple, e do vocalista Eric Burdon. “Ah, faz muito tempo, nem me lembro mais desse período”, despista.
O Police, cujo disco de estreia foi lançado em 1978, se destacou por fazer uma fusão de punk rock, reggae e música pop, tornando-se a mais palatável dos artistas daquele período. “Sim, tinha Sex Pistols, The Clash… Mas vamos combinar? Os Pistols nunca foram uma banda, eram uma armação para vender jornal. The Clash era legal, mas não eram grandes músicos”, dispara. “Nós fizemos a diferença, vendemos 75 milhões de discos no mundo inteiro e somos influentes até hoje.” Summers, aliás, costuma se distanciar do rótulo punk. “Quando tocamos pela primeira vez em Nova York, em 1979, a imprensa local rotulou a nós e a artistas como Talking Heads e Blondie como new wave. Prefiro ser chamado assim”, diz.
No Police, Summers fazia a “cama” para o cancioneiro pop de Sting. Os maiores admiradores do grupo lembram dos efeitos do reggae “Walking on the Moon”, do riff de “Message in a Bottle” e, principalmente, da maneira que costura a melodia de “Every Breath You Take”, principal hit do trio. Mas ele também possui parcerias com músicos celebrados do cenário inglês e brasileiro. São famoso, por exemplo, os discos que gravou ao lado do guitarrista Robert Fripp (do King Crimson, um dos ícones do rock progressivo), e o bossanovista Roberto Menescal.
O Call the Police foi criado em 2017 como um tributo ao cancioneiro do grupo inglês. “São instrumentistas fantásticos”, elogia Summers. “E ainda deixam solar mais a minha guitarra, algo que não conseguia fazer nos meus tempos de Police”, disfarça. A história do Police, aliás, é recheada de egos inflados, brigas verbais e até agressões físicas. E como está o relacionamento dele hoje com os ex-companheiros? “Não os vejo há tempos e está bom assim”, despista. Abaixo, as datas da turnê do Call the Police.
6/7 Brasilia- Festival Capital Motoweek
27/7 Ribeirão Preto- Multiplan Hall
01/8 Recife- Teatro Guararapes
02/8 Rio de janeiro- Vivo Rio
03/8 São Paulo- Vibra SP05/8 La Paz- Bolivia- Teatro 16 de Julio
08/8 Santiago- Chile- Blondie
10/8 Bogota- Colombia- Lourdes Music Hall
13/8 S.José- Costa Rica- TBC Pepper- La Cartonera
15/8 Guatemala- Tikal Futura Convention Center
17/8 San Salvador- El Salvador – Milenium Plaza
