Quem é Ingrid Silva, bailarina que dançou no show de Alcione no Rock in Rio
Carioca radicada em Nova York fez solo em músicas da homenagem
Enquanto Alcione cantava o clássico “Não Deixe o Samba Morrer” junto com a Orquestra Sinfônica Brasileira, uma bailarina de sapatilhas de ponta, tutu, e tudo chamava atenção na apresentação. Era Ingrid Silva, primeira bailarina do Dance Theater of Harlem, de Nova York.
Aos 36 anos, Ingrid, que dá seus primeiros passos como coreógrafa, fez sua estreia no Rock in Rio na frente de cem mil pessoas. Em entrevista ao “Pure People”, Ingrid, que é negra e ganhou o merecido destaque ao pintar as sapatilhas de marrom pois não encontrava sapatilhas de sua cor no mercado, falou sobre a importância desse momento.
“Geralmente, eu rezo, me conecto comigo mesma e com o palco. É muito importante estar centrada e pronta ‘pra’ fazer o que eu estou ali ‘pra’ fazer, e lembrar que estou no palco por alguma razão muito maior; que estou representando muitas outras meninas que não tiveram oportunidade de estar ali; é uma benção”, disse ela, que ensaiou 1h por dia para a apresentação –que se aconteceu novamente em “Meu Ébano”.
Quem é Ingrid Silva, a bailarina que dançou no Rock in Rio
Nascida em Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro, Ingrid Silva começou a fazer balé aos oito anos. Filha de um oficial da aeronáutica e de uma empregada doméstica, a jovem foi escalada para o Dançando Para Não Dançar, um projeto social que promove aulas no Morro da Mangueira.
De lá, foi para a Escola de Dança Maria Olenewa, que prepara os bailarinos do Teatro Municipal do Rio, de onde ela integrou o corpo de baile. Também fez parte do Grupo Corpo depois de dançar com a prestigiada coreógrafa Deborah Colker.
Há 15 anos, aos 18, Ingrid se mudou para os Estados Unidos buscando oportunidades melhores, já que o meio do balé costuma ser bastante racista e dogmático. Hoje, é a dançarina principal no Dance Theatre of Harlem e já não precisa mais pintar as sapatilhas com maquiagem: graças a sua campanha, meninas negras já encontram sapatilhas com suas tonalidades para comprar.
Além disso, um par das suas sapatilhas pintadas está no acervo do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, o Smithsonian, nos Estados Unidos.
Em 2021, Ingrid publicou publicou a autobiografia “A Sapatilha Que Mudou o Meu Mundo”, sobre sua trajetória e o preconceito na dança.