Pura rebeldia: fãs de RBD estão acampados há 3 meses para ver o grupo em SP
Billboard Brasil foi tentar entender a dinâmica do acampamento
Há cerca de dois meses, quem passa pela Avenida Giovani Grochi, próximo ao portão 17 do Estádio do Morumbi, encontra diversas barracas pela calçada. Lá estão acampados fãs de RBD, aguardando a apresentação do grupo nos dias 12 e 13 de novembro.
Depois do show do Red Hot Chili Peppers na noite de sexta-feira (10), a Billboard Brasil foi ao local para entender a dinâmica do acampamento de fãs do RBD. A organização e a esperança de conseguir realizar seu sonho é de dar inveja em muito patriota que usou de tática similar em quartéis pelo Brasil.
Pamela Zelda, 28, administradora do local, explica que são, ao todo, dez barracas com cerca de 35 pessoas se revezando em cada uma.
“A primeira barraca foi montada há três meses. Temos uma planilha com contatos, horários, opções de revezamento, tudo certinho para evitar confusão”, explica.
Pamela é empresária do ramo alimentício e mãe de duas crianças, de 4 e 5 anos. Emocionada ao falar do amor que sente pelo grupo mexicano, disse que não pensou duas vezes ao saber da possibilidade de ver Ahaní, Dulce Maria e companhia pela primeira vez.
O drama de quem acampa
Se é difícil manter uma residência devidamente organizada no dia-a-dia, imagine uma barraca. Chamadas apenas de B e a numeração em sequência (B1, B2, B3 e por aí vai), as tendas têm aquele clima de colônia de férias adolescente, embora ocupadas majoritariamente por adultos.
Mas nem tudo são flores. Quem está no local sofre com o preconceito de amigos e familiares, e também de quem passa pelo local.
“Já passaram aqui gritando que a gente é vagabundo, que não temos o que fazer. Eu sou empresária, tenho filho para criar, mas estou aqui pelo meu sonho. Isso não quer dizer que larguei minhas responsabilidades. Por isso revezamos tudo certinho”, explica Pamela.
No dia 3 de novembro, uma forte chuva causou seis mortes no Estado de São Paulo e ocasionou a queda de, pelo menos, mil árvores na Grande São Paulo. As rajadas de vento ultrapassaram os 100 km/h.
A administradora da barraca B3 explica que boa parte da estrutura local saiu voando. Os acampados, que fazem vaquinha para a compra mantimentos e utensílios como crachás e planilhas de papel, conseguiram voltar à normalidade graças à coletividade.
Polêmica com NFT
Para a turnê “Sou Rebelde”, a banda ofereceu uma opção especial em NFT. Entre os benefícios para quem desembolsou cerca de R$ 600 está a entrada antecipada no dia do show.
Com isso, o espaço da grade estaria garantido e quem ficou acampado não teria a visão tão privilegiada assim.
Pamela, claro, critica a decisão.
“Eu até entendo pensando como negócio, o pessoal da organização do evento passou aqui, explicou para nós como funcionaria nossa entrada e a de quem tem NFT. Só acho injusto porque vira uma coisa de quem tem mais dinheiro. Nós nos esforçamos muito, não há valor no mundo para isso”.