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‘Porta-voz’ da favela, MC Cebezinho está entre 5 artistas mais ouvidos do país

‘Porta-voz’ da favela, MC Cebezinho está entre 5 artistas mais ouvidos do país

Cantor é destaque das músicas 'The Box Medley Funk 2' e 'A Danada Me Ligando'

Avatar de Guilherme Lucio da Rocha
O funkeiro MC Cebezinho em uma sacada

“Fofoca/Eu deixo pra quem não faz as notas”. Assim começa os versos de MC Cebezinho na canção “The Box Medley Funk 2”, que chegou a ocupar a primeira posição entre as músicas mais ouvidas do país, segundo o Billboard Brasil Hot 100.

O trecho se tornou um viral nas redes sociais e o trecho acima virou uma espécie de frase de para-choque de caminhão dos tempos modernos.

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Com 30 anos de idade, sendo quase a metade dedicada ao funk, o MC tinha acertado a música da sua vida. Pelo menos até esta semana. “A Danada Me Ligando”, sua parceria com MC Tuto e MC Kako, foi lançada em 23 de agosto. Menos de um mês depois, já ocupa a terceira posição no Billboard Brasil Hot 100.

“Ainda estou meio tonto”, diz, com um sorriso largo, o cantor que ocupa a 5ª posição no Billboard Brasil Artistas 25. “Eu venho fazendo música desde os 18 anos, sempre na minha essência, que é o funk consciente, passando uma mensagem. Consegui furar a bolha e agora é manter os pés no chão, mas sem deixar essa linha”.

Tanto The Box, quanto “A Danada Me Ligando” mostram uma nova tendência do funk paulistano: as cyphers com mais de 5 MCs, com um BPM mais lento e letras se baseando no hedonismo mais puro, deram lugar a feats com menos MCs, um BPM mais acelerado, voltando para o tradicional 130 BPM, e letras que abordam dinheiro e sexo, mas também fazem uma crítica social numa visão quase antropológica da vida nas favelas de São Paulo.

Cebezinho fez uma volta ao passado, se conectando com as raízes do funk, no litoral do Estado. Entre suas referências no gênero está MC Careca, que ganhou o apelido de “porta-voz” por, além de ter uma canção com esse nome, ter sido um agente para reivindicar melhorias na sua comunidade.

A voz da Zona Leste

Frase feita na ciência política, “não existe vácuo de poder” ganhou mais uma roupagem com o funkeiro.

Recentemente, o universo do funk paulista se viu no meio da discussão política. Empresários do gênero declararam apoio a candidatos que disputam a Prefeitura de São Paulo. Na contramão desse apoio, alguns funkeiros se colocaram contrários a tal apoio e fizeram declarações apolíticas.

Cebezinho não está de um lado, nem de outro. Em 23 de julho, o MC publicou uma foto com uma placa indicando inicio das obras para o asfaltamento da sua rua na Cidade Tiradentes, região onde foi criado que fica na Zona Leste de São Paulo. Tal medida da administração pública só foi tomada após uma série de postagens do funkeiro.


“Eu ficava mostrando os BOs aqui da favela, e essa exposição na mídia fez com que a prefeitura se movesse”, explica o MC.

Segundo ele, os cantores que tem essa relação próxima com a sua comunidade devem se posicionar politicamente. Sem mencionar corrente política, ele reforça que, se essas pessoas não se posicionarem e conversarem com os seus, alguém vai ocupar esse papel.

“Não falo só dos MCs. Acho que influenciador, jogador de futebol, é importante dar essa ideia, conversar com o povo. Temos que nos posicionar, tem que ir para cima”.

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