Peter Gabriel: “Não vejo solução a curto prazo no Oriente Médio”
WOMAD, festival criado pelo politizado cantor inglês, chega ao Brasil em 2025
Ex-vocalista do Genesis, um dos ícones do rock progressivo, Peter Gabriel é um sujeito sem fronteiras. Em seus trabalhos solos, explorou da música pop à world music e possui, entre seus fãs, bandas como Arcade Fire e estrelas do universo rock como Lou Reed (1942-2013) e Paul Simon.
Gabriel também é um grande explorador da world music. Real World, selo que criou em 1989, lança nomes da Ásia e da África, num trabalho de garimpo exemplar. O cantor criou ainda o WOMAD, festival que existe desde 1980, é uma celebração das artes através da música, da dança e das artes plásticas. Peter Gabriel, aliás, deverá trazer o WOMAD para o Brasil em 2025, em eventos que acontecem na Amazônia e na Mata Atlântica. O vocalista deu essa entrevista exclusiva para a Billboard Brasil, onde fala sobre sua criação e de como as artes são a melhor solução para os conflitos do mundo.
Uma pergunta óbvia, mas essencial: qual a importância do WOMAD para as pessoas e para o mundo das artes?
O WOMAD sempre teve um sonho de trazer o mundo para o mundo. E atualmente você vê as populações sendo separadas entre si: a divisão, o medo e o ódio entre as pessoas estão sendo usados para ganhar poder político e dinheiro. A missão do WOMAD é justamente acabar com essas divisões e aumentar o poder crítico entre as pessoas.
Hoje estamos vivenciando uma crise no Oriente Médio. A arte poderia ajudar a solucionar esses conflitos?
A arte pode até não resolver a crise no Oriente Médio, mas acredito que pode ajudar a criar um ambiente no qual as pessoas tenham uma probabilidade maior de considerar soluções pacíficas. Soluções de longo prazo exigem uma liderança visionária –e por agora não vejo isso acontecer.
O projeto Terra para Todos é a única ideia que vi até agora que possa realmente prosperar. Foi, aliás, uma das razões pelo qual nós criamos o projeto theelders.org, para apoiar esse tipo de pensamento positivo a longo prazo.
Os primeiros quatro discos solos de sua carreira estão sendo relançados em vinil. Qual a sua melhor recordação deles?
Não ouço minhas coisas antigas, mas quando os faço me sinto olhando o álbum de fotos de sua família –que traz de volta tempos, lugares e rostos. Muita gente maravilhosa e talentosa fez esses discos comigo.