
Quando Pabllo Vittar lançou seu primeiro álbum de estúdio, “Vai Passar Mal”, em 2017, ela surgiu como novidade no meio pop brasileiro. Para a comunidade LGBTQIA+, no entanto, o disco era aguardado há algum tempo. Sua voz e imagem já faziam parte de boates em todo o país. Foi justamente em uma balada LGBTQIA+ (a extinta Hot Hot, na região central de São Paulo) que ouvi, pela primeira vez, a versão de “Lean On”, de Major Lazer, cantada por ela. A música recebeu o nome de “Open Bar”, e era tocada por DJs por volta das 2h da madrugada, quando o público já estava ansioso para se acabar na pista.
Pabllo surgiu com uma roupagem nova para o pop, misturando elementos gringos do gênero e inspirações tipicamente brasileiras, como o tecnobrega, arrocha e forró. Ela passou a ocupar o mesmo espaço de grandes divas, mas com uma diferença crucial: ela faz parte da comunidade LGBTQIA+, que consome o estilo musical há décadas. Estilo esse que, de maneira geral, é comandado por mulheres cisgênero e heterossexuais, mas aliadas da causa.
Pabllo é a causa. Um homem gay, afeminado, divulgando a arte drag queen por todos os cantos do Brasil –e também pelo mundo.
“Se a gente está aqui hoje, dando entrevista e montada da drag, é porque muita gente morreu e sofreu preconceito para eu ocupar esse espaço” Pabllo Vittar, em entrevista à Trip, em 2017
No início, apesar do sucesso de “Open Bar”, seu nome foi ignorado pelos principais veículos do país. Em 2015, ano em que ela explodiu no YouTube com um clipe do single, gravado de forma amadora, na casa de um amigo, com um incrível orçamento de R$ 600, o único veículo a repercutir o nome da drag foi a extinta Vice. Eles descreveram Pabllo como “dona de potência e timbres vocais impressionantes”.
Naquele momento, ter um “gay afeminado” entre os artistas mais ouvidos do país, parecia um cenário quase impossível. No ano seguinte, as coisas começaram a mudar. A bolha estourou ao ser convidada para integrar a banda do programa “Amor e Sexo”, da TV Globo, e crescer ainda mais seu público.
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Ela surgiu de forma divertida e descontraída, com a vontade de fazer o que gosta ao lado das pessoas que ama, mas carrega em si o desafio de representar toda uma comunidade desde o começo.
“A maioria [dos meus fãs] busca inspiração, busca alguém que sirva de exemplo. Nem acho que eu seja um exemplo, quem sou eu para ser exemplo. Mas quero ser alguém que as pessoas olhem e pensem: ‘Ela me representa’” Pabllo Vittar em entrevista ao blog Nada Errado, em 2015
Hoje, ela completa 30 anos de idade e oito de uma carreira revolucionária, lotando shows e arrastando multidões em festivais. Se antes era parte do público e hoje é destaque nos principais palcos do país. Ainda colocou atenção em uma seara de outros artistas representantes da causa LGBTQIA+, como Gloria Groove, Lia Clark, Urias e tantas outras.
Há muito o que celebrar. Sua vida, sua carreira, sua voz que voou das baladas até os principais palcos do país, sua coragem em ter se tornado uma potência dentro de um dos gêneros mais consumidos do mundo. Tudo isso sem deixar de falar por aqueles que vieram antes de ti, e aqueles que estão ao seu redor todos os dias.
Obrigada, Pabllo.
Feliz aniversário.
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