Pabllo: só no gogó
Drag queen faz show com banda e vocais ao vivo em show celebrado em The Town
“Vocês estão preparados para sair do chão comigo?’, pergunta Pabllo Vittar à plateia, momentos antes de cantar “Cadeado”. Foi uma solicitação desnecessária. Os primeiros sons de “K.O.” mal tinham começado a soar no palco e o público estava completamente entregue – e permaneceu assim até o final da performance da drag queen.
A apresentação de Pabllo em The Town foi um passo importante na carreira da popstar maranhense radicada em Uberlândia. Foi sua estreia com banda – uma turba afiada, com destaque para o naipe de metais. Além disso, habituada na cultura do playback, ela finalmente se rendeu ao vocal ao vivo. Segundo uma fonte ligada à Billboard, foram várias e várias semanas de ensaio para a drag queen se sentir segura o suficiente para cantar e executar suas coreografias. Uma tarefa que executou, ainda que aquele excesso de gritos agudos possam ferir ouvidos mais sensíveis.
Um dos diferenciais de Pabllo Vittar está em sua incursão por gêneros musicais tipicamente brasileiros, ao invés de emular ritmos internacionais – por exemplo o reggaeton, que se tornou praticamente obrigatório entre as popstars daqui. O repertório da cantora tem brega paraense, forró, carimbó e sofrência, entre outros ritmos do norte e nordeste do país. De vez em quando, arrisca em outra seara. “Baby 95”, um delicioso samba soul de Liniker que elas cantaram juntas.
Outro destaque da apresentação foi a boa divisão de sets. Tim Maia, o grande soulman brasileiro, dizia que o segredo de um bom disco era trazer metade de canções “esquenta suvaco” e outra metade de “mela cueca”- traduzindo, um equilíbrio de músicas para dançar com músicas para namorar. Pabllo, por seu turno, fez uma combinação de trilha sonora de brega (traduzindo, casas de tolerância) de beira de estrada e metade de rave “das quengas”- aqui, louve-se a participação mais que especial de Jup do Bairro.