Iza deixa para trás a insegurança e incorpora deusa do amor em nova era
Cantora foi um dos destaques do palco principal no último dia de The Town
Para incorporar Afrodite, deusa do amor e da beleza, considerada a mais bela do Panteão grego, Iza precisou se desfazer de uma insegurança quase que familiar — e de um disco já finalizado, mas que não refletia mais quem ela era. E foi assim que ela entrou no palco Skyline do The Town ao som de “Nunca Mais”.
“Eu to muito feliz de estar aqui, realizando um sonho, junto de um monte de gente que eu amo. Estou feliz de estar cantando para vocês. Hoje, o dia é só nosso. Eu estou renascida, eu acho que esse show vou dedicar para todas as mulheres que se sentem renascida. O brilho pode até ofuscar, mas não apaga não”, falou a cantora.
A apresentação é o reflexo do novo momento vivido pela cantora. O desejo que moveu Iza para a mitologia grega do amor foi o de recomeçar.
“Literalmente, não só o álbum. Eu queria recomeçar. Com outra energia, com outro olhar pra mim, outras preocupações”, disse em entrevista à Billboard Brasil. Ela descreve o último trabalho, aquele que nunca verá a luz do sol, como um processo que lhe deixou extremamente insegura.
E quem melhor do que MC Carol para dividir o palco com a cantora para cantar para o mundo sobre a força da mulher? Essa foi a dupla a dar voz para “Fé nas Malucas”.
Mas como a deusa da beleza e do amor pode ser aplacada com sentimentos de inseguranças, como nós, reles mortais?
“Eu acho… acho não, tenho certeza, que eu sempre fui insegura. É algo que me acompanha a vida inteira”, disse, reforçando que esse sentimento ficou maior após a fama, que chegou em 2016.
Nascida no Rio de Janeiro, no bairro de Olaria, Iza acredita que o racismo estrutural contribuiu para a insegurança que lhe acompanhou por anos. E ao lado de Djonga, ela gritou “fogo nos racistas”.
“Você acaba se blindando de algumas coisas. Agora eu tenho visto alguns textos falando sobre como pessoas pretas precisam estar sempre muito arrumadas. Mas a minha avó falava sobre”, relembra.
A cantora disse que recebia conselhos da avó de que deveria estar sempre com a melhor roupa, até mesmo as peças íntimas — pensando na possibilidade de um acidente na rua e em como estar vestindo uma lingerie feia poderia ser prejudicial. “Se você desmaiar e tiver que ir pro hospital e te ver assim, vão achar que você não tem condições, que você não tem família, que ninguém cuida de você”, dizia a avó Lurdes.
Essa necessidade de estar sempre com tudo perfeitamente no lugar é descrita por Iza como uma ação do racismo na vida de pessoas pretas. “Isso acaba deixando você uma pessoa muito insegura. E se eu já me preocupava antes, imagina depois que eu fiquei famosa?”, disse.
“Isso foi um baque pra mim. Eu nunca fui considerada bonita na escola, e de repente as pessoas estão começando a falar que eu sou bonita? Que porra é essa?”