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OPINIÃO: O momento do Pagode: conquistas e transformações de um gênero em ascensão

OPINIÃO: O momento do Pagode: conquistas e transformações de um gênero em ascensão

Empresário fala sobre a força do gênero no mercado musical e de marcas

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O pagode brasileiro vive uma notável expansão e reconhecimento. No mesmo momento em que temos grandes ícones do segmento, como Belo, Thiaguinho, Sorriso Maroto e Péricles, vivendo fases extraordinários de suas carreiras, assistimos à nova geração, representada por artistas como Dilsinho, Ferrugem e Menos É Mais, alcançando feitos incríveis.

Esta fase virtuosa dos grandes artistas, somada a outros feitos, ajudou a consolidar o pagode como um fenômeno cultural que abrange todas as classes sociais e todos os públicos. Hoje, o pagode não só revive seu auge dos anos 1990, mas também aponta para um crescimento exponencial nos próximos anos, refletindo um gênero em constante reinvenção e adaptação às novas tendências do mercado musical.

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Há cerca de uma década, o cenário do pagode era capitaneado heroicamente por trabalhos como o do Sorriso Maroto e de Thiaguinho. Anos antes, o gênero havia sofrido duros golpes com a mudança na formação original de grupos icônicos, como Revelação e Exaltasamba, além de saídas de figuras importantes como Bruno Diegues, do Jeito Moleque. Esses eventos marcaram um período de incerteza para todos nós, amantes de pagode.

Com o advento do streaming e a ascensão das plataformas digitais, o pagode, depois de ter encontrado nos anos iniciais dificuldades de adaptação, principalmente pós-pandemia, achou uma nova via de crescimento. Artistas que conseguiram se adaptar a essa nova realidade digital prosperaram, e o gênero ganhou consistência, mesmo que ainda para um número pequeno de artistas se comparado a outros segmentos.

Dilsinho, por exemplo, tornou-se um dos artistas mais ouvido do Brasil no Spotify em 2019, aproximando ainda mais o pagode de outros segmentos. O Menos É Mais, por outro lado, destacou-se em 2020 como o grupo de pagode com maior audiência nas plataformas de streaming, sendo o único representante do segmento com o hit “Lapada Dela” na lista das 10 músicas mais ouvidas no Brasil em 2023, segundo o relatório da Pro-Música.

Colaborações com artistas de outros gêneros

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O cantor Léo Santana (Brazil News)

Um dos sinais mais evidentes da força do pagode é sua capacidade de atrair artistas de outros gêneros. Nomes como Ludmilla, Léo Santana e Livinho têm gravado projetos de pagode, demonstrando a pluralidade e a capacidade do gênero de se conectar com diferentes segmentos musicais. Essa tendência não só amplia o alcance do pagode, mas também reforça sua relevância no cenário musical brasileiro.

Desse modo, vemos artistas com carreiras consolidadas em seus segmentos buscando no pagode uma forma de diversificar suas produções e alcançar novas audiências. Mais uma vez, comprovando a crescente demanda dos públicos do pagode, em todas as classes sociais, por novidades no gênero.

Ludmilla, por exemplo, com seu projeto “Numanice”, esgotou ingressos em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro em minutos, mostrando o apelo massivo do pagode na atualidade. Esse movimento destaca a capacidade do gênero de se reinventar e continuar relevante em um mercado altamente competitivo.

O impacto em festivais e grandes eventos

A criação de festivais dedicados exclusivamente ao pagode é outro marco significativo. Eventos como o Capital do Samba, cuja última edição lotou a Marina da Glória, no Rio, em dois dias, consolidaram-se como plataformas vitais para a celebração e promoção do gênero. Com ingressos esgotados e transmissão ao vivo pela TV e via streaming, esses festivais refletem a força do pagode em mobilizar grandes audiências e atrair patrocínios de marcas renomadas.

O Capital do Samba contou com mais de 10 horas de programação ao vivo no Multishow e na Globoplay, além de ter conquistado um alcance significativo nas redes sociais. Somente o Multishow ultrapassou 70 postagens no feed de Instagram para seus mais de 10 milhões de seguidores. Some-se a isso o alcance nas redes das dezenas de veículos de comunicação e produtores de conteúdo que acompanharam o festival, chegando a um número estimado de 20 milhões de pessoas impactadas.

São números que fortalecem não apenas a cena do pagode, mas trazem retornos diretos aos patrocinadores. O evento teve patrocínios de marcas importantes de segmentos diversos do PIB, como Coca-Cola, Ambev, Johnnie Walker e Drogasmil, mostrando que o pagode tem um valor de mercado robusto e crescente.

Além do Capital do Samba, festivais regionais, como Samba Prime, em Belo Horizonte, Samba Recife, Samba Piatã, em Salvador, e Samba Brasil, em Fortaleza, têm apresentado números impressionantes, atraindo milhares de fãs e consolidando o pagode como um gênero em expansão. Projetos que não apenas celebram a música e os encontros do público com seus ídolos, mas também fortalecem a comunidade e a identidade cultural associada ao pagode.

Representatividade, tradição e a força de novos talentos

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Menos É Mais (Flávio Sales/Divulgação)

A renovação recente vivida pelo pagode tem sido um fenômeno difícil de ser ignorado. Nos últimos anos, surgiram novos talentos que trouxeram um fôlego renovado ao gênero fora do eixo Rio-São Paulo. Artistas de outras praças, como Menos É Mais, Di Propósito e Kamisa 10, emergiram com força, expandindo a base de fãs do segmento e rompendo barreiras geográficas e demográficas. Essa nova geração não só continua a tradição do pagode, mas também introduz novas sonoridades e influências, mantendo o gênero relevante e aberto para o novo.

O sucesso do Menos É Mais, que surgiu em Brasília, cidade até então pouco associada ao ritmo, comprova seu alcance e influência para uma nova geração de artistas em todo o Brasil, mostrando que o pagode pode alcançar novos horizontes. O feito do grupo tem inspirado outros artistas de diferentes regiões a acreditarem no pagode como foco de suas carreiras, demonstrando que o gênero tem um apelo nacional e não está restrito a certos polos geográficos.

A valorização do legado do pagode é outro fator crucial para seu crescimento. Turnês e eventos que celebram a história do gênero, como “Sorriso as Antigas”, “Soweto 30 anos” e “Tardezinha”, alcançam um sucesso estrondoso, esgotando ingressos e reafirmando a importância de honrar o passado e valorizar o presente enquanto se constrói o futuro. Bem como o sucesso contínuo dos fundadores do gênero, hoje ícones da nossa música, como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Grupo Fundo de Quintal, Raça Negra e muitos outros.

Esse reconhecimento da história do pagode reforça a ideia de que um gênero musical forte deve celebrar suas raízes e influências.

Veteranos como Belo e Péricles desfrutam cada vez mais de grande popularidade, atraindo tanto fãs antigos quanto novos. A celebração desses artistas e suas contribuições ao gênero fortalece a identidade do pagode e ajuda a perpetuar sua relevância no cenário da música brasileira.

O Sorriso Maroto é outro case extraordinário. Com 25 anos de carreira tem arrastado multidões para sua turnê “As Antigas”, se consolidando não só como a principal banda do gênero no país.

É inegável que o pagode se destaca como a trilha sonora da alegria genuína. As pessoas vão aos shows não apenas para ouvir música, mas para viver momentos de felicidade e celebração. Após os desafios impostos pela pandemia, essa busca por alegria se tornou ainda mais relevante. O pagode, com sua energia contagiante e mensagens positivas, se consolidou como um porto seguro para o público na hora de decidir onde investir tempo e dinheiro dedicados ao lazer, especialmente em um calendário com cada vez mais eventos e festivais de todos os ritmos.

Desse modo, estamos diante de uma tendência que ainda apresenta muita margem para crescimento. A união, colaboração e, primordialmente, profissionalização de artistas, gestores de carreiras e promotores têm sido fundamentais para esse crescimento. Em vez de competição, vemos um ecossistema de respeito mútuo e parceria. Esse espírito de comunidade é essencial para a sustentabilidade e o crescimento contínuo do pagode na indústria.

O sucesso de artistas como Dilsinho, que se apresentou no Rock in Rio Lisboa em junho, Thiaguinho, realizando turnês recentes na Austrália e no Japão, e Ferrugem, que levou o pagode ao Rock in Rio pela primeira vez na última edição carioca, aliado à crescente popularidade de festivais e turnês de gênero, tanto no Brasil quanto no exterior, indicam que o segmento está apenas no início de uma nova era.

Esta nova geração de artistas e a valorização das tradições do gênero são os pilares para que o pagode continue a ser uma força significativa na música brasileira.

Ao refletir sobre essa trajetória, é impossível não se emocionar com o quanto conquistamos. De um período de incerteza a um momento de celebração, o pagode se reinventa e se reafirma como um dos gêneros mais vibrantes e inclusivos da música brasileira. Estamos apenas no começo de uma nova era, na qual o pagode, seus artistas e profissionais de toda a cadeia produtiva continuarão a prosperar, levando alegria e boas lembranças para todos os cantos do Brasil e além.

*Andriws Moraes é empresário e CEO da GH Music, empresa de produção e gestão artística focada no segmento do pagode. A GH Music é responsável pela gestão de carreiras de artistas como Dilsinho, grupo Menos É Mais e grupo Pique Novo.

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