Crias dos bailes de corredor dos anos 1990 curtem funk no Rock in Rio
Com direito a dedicatória, Marcinho contou um pouco das lembranças funkeiras
O Palco Favela do Rock in Rio reuniu um sem número de funkeiros com seus 40, 50 anos na noite deste sábado (20) de estreia do Dia Brasil. Nostálgicos, anti-150 BPM e “guerreiros” dos bailes de corredor –clássicos dos anos 1990 em que os frequentadores se dividiam na pista e trocavam uns bons minutos de soco sem perder a amizade– lotaram o público do show “Para Sempre Baile de Favela” com Buchecha, Cidinho e Doca e Tati Quebra Barraco.
Um desses guerreiros era Márcio Antonio, “mais conhecido como Marcinho Street”, como ele mesmo ressalta. História do funk em pessoa, o funkeiro de 49 anos conta que tomou muita pedrada, porrada e até tiro dos “rivais” de baile, “os alemão”. Para descrever de onde é cria, por exemplo, Marcinho não diz “Campo Grande”, mas recita o refrão da montagem “Aço Cesarão” que já deve ter embalado muita trocação no bairro da zona oeste carioca. “O baile de corredor era tipo uma diversão. Quem acabou com isso foi a chegada dos lutadores de jiu-jitsu. Era brincadeira e virou coisa séria. Dois socos e o cara já desmaiava. Ficou muito violento, acabou com o funk”, analisa nostálgico.
“Mas a gente vai ficando mais velho, vai gostando até de Roberto Carlos”, diz gargalhando ao lado da filha, Izabela, e da esposa, Jaqueline. “Fui muito no Cassino Bangu, Grêmio de Realengo, Mesquitão… Só não fui no Chaparral porque eu já era casado e a minha mulher não deixava”, gargalha. “Em 1998 eu parei mesmo porque os bailes saíram dos clubes e foram para as comunidades, como o Castelo da Pedra, o da Cidade Alta…”.
Crias de Campo Grande, no Rio, Marcinho e Jaqueline se conheceram no clube que carrega o nome do bairro da zona oeste e que abrigou grandes bailes durante a década de 1990.
“Aí eu tive minha filha, a gente vai perdendo a velocidade. O baile da antiga tinha momentos de música lenta. Hoje é tudo muito sexo, putaria. A gente também tem família, começa a rolar um constrangimento. Mas tem uma galera boa aí! Ainda mais em São Paulo, que passou por cima do funk carioca em certa época”, critica, ao mesmo tempo em que reconhece que o movimento do funk 150 BPM reacendeu o funk carioca, que vinha perdendo a saudável batalha com o funk paulista.
Na expectativa pelo baile funk no Rock in Rio, Marcinho não hesitou na hora de dedicar uma música especial para esposa. “’Garota Nota 100′, com certeza!”, finalizou citando seu xará e sorrindo entre o nostálgico e o marido feliz que encontrou o caminho do amor.