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No Rio2C, rappers analisam cenário atual no hip-hop: ‘É preciso gerar conexões’

No Rio2C, rappers analisam cenário atual no hip-hop: ‘É preciso gerar conexões’

Thaíde e Fabiano Tubaína debateram sobre evolução do movimento em painel

Tubaína e Thaíde no Rio2C

Entre os painéis musicais do Rio2C nesta quarta-feira (28), o rapper Thaíde conversou com Fabiano Tubaína, A&R de hip-hop da ONErpm, sobre o momento atual do rap brasileiro. Os dois também analisaram quais diferenciais os artistas precisam ter para se destacarem no mercado da música.

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“Busco trazer [para a empresa] artistas que têm uma identidade autêntica. Faz diferença o artista saber de onde vem, sem forçar a barra. Fica muito claro quando a pessoa não entende nada sobre a cultura hip-hop, não tem consciência de classe. O rap é mais do que só música. Está conectado com a comunidade”, diz Tubaína.

Para Thaíde, é possível encontrar um equilíbrio entre as demandas das gravadoras e os desejos pessoais.

“Não consigo fazer uma música sem pensar na veracidade do que vai ser dito. Não vou julgar nem apontar o dedo para quem faz música comercial, porque eu também faço”, diz o rapper.

“Antigamente, o rap era muito mais informativo. E hoje ele é entretenimento. Você tem que jogar o jogo da indústria, mas tem que ter sua estratégia. Fazer um pouco de cada. O mercado fonográfico mudou drasticamente. Hoje é entretenimento? Vamos nessa, mas vamos fazer também uma música que tem algo a ser dito?”, explica Thaíde.

O executivo da ONErpm dá como exemplo Djonga, Emicida e Orochi como artistas que sabem jogar o jogo da indústria.

“Muita gente fala que o rap não é mais o que era na questão política. Mas ainda existem, sim, artistas que fazem rap com mensagem. Djonga, Emicida… Inclusive, músicas que não têm mensagem também geram conexão com a comunidade. Um MC que tem o lugar de fala gera identificação. Orochi tem hits românticos, por exemplo. É importante o artista ser de verdade.”

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Tubaína afirma que os artistas não precisam mais depender de uma mídia de comunicação.

“Quando o artista começa a se desconectar da comunidade, ele para de fazer o trabalho social da música. Quando o rap denuncia o que não está na TV, isso gera conexão. Você vê que mais pessoas sofrem o que você sofre. A dor coletiva impulsiona. Isso é muito forte. Quando o artista ‘se higieniza’ e caber nos moldes midiáticos, isso o desconecta. É importante ter isso em mente na hora de criar. De se manter real, pé no chão”, diz.

“O artista não precisa mais ficar refém de uma mídia só. Hoje, ele consegue levar a audiência para a própria realidade. O mercado está cada vez mais nichado. Existe público para qualquer segmento. Quanto mais real ele for, mostrar o porquê ele fez a música, como foi a construção, é uma estratégia de marketing real. Isso vale mais do que um impulsionamento. Ele traz a conexão real com o público dele. O mercado já sabe disso. Quanto mais real, mais fiel os fãs serão.”

Ao fim do painel, Thaíde fez uma reflexão sobre ganhar dinheiro com a música – dizendo que o amor pela arte deve ser o principal combustível em uma carreira.

“Algumas pessoas estão mal acostumadas, já querem começar com um hit. Se você não está ganhando dinheiro e para de fazer música, é porque você não ama a música”, explica.

“Todo mundo precisa de grana para sobreviver, mas não pode deixar de fazer arte. Existe uma questão muito grande de vaidade. Tem gente que tem vergonha de fazer arte e ser CLT. O importante é você trabalhar, independente do que for, desde que seja honesto e não prejudique ninguém. Se um dia eu deixar de ganhar grana com minha música, eu não vou parar.”

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