Natanzinho Lima grava DVD com Safadão em BH e anuncia carreta show pelo Brasil
Revelação do brega, cantor de 23 anos relembra passado difícil


Natanzinho Lima nunca fez show em Belo Horizonte (MG). Mas isto não impediu que a cidade fosse a escolhida para a gravação de seu primeiro DVD. Com a participação de seu padrinho artístico (e empresário) Wesley Safadão e direção musical de Rafael Vanucci, o cantor sergipano de Itabaiana, a capital brasileira do Caminhão, leva mais de 25 mil pessoas ao estádio Mineirão neste sábado (10).
Depois de dominar o Nordeste com sua fusão do brega com arrocha, agora é a vez do Sudeste. Morando há dois meses em São Paulo, o cantor de 22 anos apresenta três novas músicas na gravação: “Alergia”, “Moça de família” e “Me apaixonei nessa morena”. Outra novidade foi a versão para “Lágrimas e chuva”, hit do Kid Abelha.

“Por foto é uma coisa. Mas pessoalmente, é muito grande. Como é que eu vou correr de um lado para o outro ali?”, comenta Natanzinho ao ver a dimensão do palco montado na Esplanada do Mineirão.

Todo aberto, sem teto, com duas grandes colunas laterais que acomodam uma estrutura com formato de pirâmide no centro, o palco utiliza 1.200 pontos de iluminação para criar o visual imersivo. Além disso, tem 600m2 de painéis de LED.

Ainda que o tamanho do palco seja uma novidade para o brega star, cantar para multidões não é. Uma semana atrás, Natanzinho literalmente parou o trânsito em Abadia de Goiás. “Deu tanta gente que trancaram os portões. Eu fui pela BR, achei que tinha acontecido um acidente, pois tinha travado tudo. Passou mais de uma hora e meia para eu chegar no show”, conta.

A ideia é seguir cantando por todo o país, sempre com seu chapéu de caminhoneiro – acessório que foi adotado pelos fãs. O DVD será lançado em breve, mas Natanzinho já pensa em novos projetos. “Sou muito ansioso. O Safadão me diz: ‘você tem que dar uma segurada’. Antes desse DVD, eu já estava planejando gravar o projeto Cortando o Chão. Será uma carreta que vai rodar o Brasil. Ela chega numa cidade, abre numa praça e eu vou cantar lá acompanhado de um teclado. Lembra muito o ‘De Bar em Bar’ e também o caminhão, né?”

Vendia castanhas e queria ser caminhoneiro
Natanzinho queria ser caminhoneiro, mas foi atropelado pela música. A gravação de um batuque na sala de aula que viralizou foi o ponto de partida para essa estrada. Não demorou para que ele cantasse em festas em Itabaiana (SE). Dos 14 aos 16 anos, trabalhou ajudando o pai, Everton, apelido Fiote, vendendo castanhas.
“O máximo que eu ganhei com ele, trabalhando sexta, sábado e domingo, foi R$ 50. Aí fiz uma festa de aniversário e ganhei R$150 . Depois R$200. Comecei a fazer três festas por semana e decidi que ia ser cantor.” Durante a pandemia, deixou a escola no meio do Ensino Médio para se dedicar à carreira.
Há dois anos veio a grande sacada. Com uma equipe mínima e sem recurso nenhum, Natanzinho passou a gravar o “De bar em bar”. Ele chegava num barzinho da cidade, gravava o show pelo celular e depois lançava. “A gente chegava no bar e pedir para gravar. Era uma coisa bem simples. A luz da gravação vinha do farol do carro do meu empresário.”
Mas isto foi em outros tempos. A gravação do “De bar em bar 7”, em 26 de fevereiro, levou Natanzinho de volta a Itabaiana, onde foi recebido por uma multidão. A movimentação foi tamanha que decretou ponto facultativo no dia da gravação.
Só que o tempo tem corrido muito rápido. “Às vezes não sei nem o dia da semana. São 30, 40 shows num mês. Você termina o show de madrugada, vai pro hotel, desce pro ônibus, dorme e acorda em outra cidade.”
Em dado momento, a intensidade da agenda e a exposição foram um baque. “Eu andava na rua, brincava, bebia. Hoje não posso fazer isso, entendeu? E sou muito aberto, graças a Deus, o povo gosta do jeito que eu falo. Mas tem muitas coisas que a gente não pode falar por causa da internet. No começo, foi bem duro porque eu não tinha tempo de usufruir das coisas que estava comprando. Meu sonho era ter uma moto. Depois de três meses (que comprou a moto), comprei um carro. Depois outro, depois uma casa.”
Quando caiu na real, Natanzinho entendeu que estava no lugar certo. “Não quero voltar para o começo, já passei muita humilhação. Uma vez cantei, pedi um lanche, e não me deram. Às vezes não tinha nem água. Peço muito a Deus que eu tenha noção de tudo porque tenho medo de mudar, ficar soberbo. E só quero continuar a ser eu mesmo, trabalhando para as coisas darem certo.”

