Nagalli, o produtor e empresário que está entre os artistas mais ouvidos do país
Fundador da Supernova decidiu lançar álbum em parceria com MCs
André Nagalli (ou só Nagalli) é um jovem de 27 anos com voz mansa e um ar quase “professoral” –segundo palavras do próprio. Produtor musical e empresário, no fim de abril ele lançou o álbum “Magic Show”, em parceria com diversos MCs como TZ da Coronel, Veigh, Kayblack e outros.
Com um sucesso instantâneo, o trabalho colocou o produtor entre os artistas mais ouvidos do país, segundo o Billboard Brasil Artistas 25. Além disso, o single “Confissões Pt. 2” chegou na 12ª posição no Billboard Brasil Hot 100.
Mas se engana quem pensa que não há um plano e fórmula. Ainda mais para um produtor musical de sucesso. Nagalli explica que tinha o beat da música há tempos e sabia o que fazer para conseguir um hit.
“Eu tenho minhas qualidades, uns timbres específicos, uma pegada mais sombria. Sabia o que poderia dar certo, pensei nisso. Tinha pensado no Veigh e o Kayblack pediu para participar quando passou no estúdio e viu o que estava rolando. No fim, ficou algo sensacional e todo mundo tinha certeza que o público ia abraçar”, disse, em entrevista para Billboard Brasil.
Além de produtor musical, ele é um dos fundadores da Supernova Ent., empresa que cuida da carreira de artistas como Veigh e é destaque no universo independente.
Visão de empresário
O ar professoral de Nagalli se aflora ao falar sobre o mercado do trap no Brasil. Impulsionada pelos números do público, a cena começou a chamar atenção das grandes gravadoras (ou majors). Supernova e Veigh, volta e meia, estão entre os cotados como novos reforços.
Porém, mesmo com a tentação, ele explica por que seguir independente é a melhor pedida para o momento.
“A gente está em conversa com algumas gravadoras, mas entendemos que, agora, não é o melhor momento. Temos uma dinâmica própria, o trap tem suas peculiaridades, não tem jeito. Mas o tempo vem mostrando que temos certa razão, nosso trabalho mostra isso”.
Trajetória
Nagalli nasceu em Piracicaba, interior de São Paulo, e é filho de uma psicóloga com um músico de rock e jazz. Começou na música aos oito anos e se introduziu de vez na cultura hip hop devorando o álbum “The Carter III“, de Lil Wayne, e iniciando no mundo das produções.
No entanto, foi produzindo uma festa na cidade natal que se aproximou dos MCs de trap, incluindo o grupo Recayd Mob, principal destaque do gênero ali por meados de 2018.
A questão racial é um ponto importante para o jovem do interior, que ganhou respeito dos grandes nomes de um gênero majoritariamente negro. E, mais uma vez, com a calma de um professor, Nagalli explica as razões disso.
“Vim do interior, meus pais trabalhavam o dia todo, eu comecei a ralar muito cedo. Isso me deu uma noção de mundo, de dar valor as coisas. Mas, além disso, eu sei me por no meu lugar. Acho que isso é o mais importante. Eu sei ouvir, eu sei dialogar e deixar meu trabalho falar por mim.”