Grammy Latino: Jota.pê diz viver ‘ápice’ mas lutando ‘para ser possível’
Cantor é revelação da voz e violão na MPB
Era 2013 e o cantor e compositor Jota.pê postava covers de Seu Jorge e Roberta Campos com imagens em preto e branco —talvez longe de se imaginar como indicado ao Grammy Latino, mas já com seu chapéu característico e um certo DNA da música brasileira de voz e violão. Hoje, além de três indicações ao prêmio mais importante da indústria musical da América Latina, o paulistano de Osasco se alastra como querido do pop brasileiro.
“É muito louco…”, ele inicia ao fazer retrospectiva quando perguntado como se sente neste momento em que trafega entre ser conhecido, mas ainda não ser um nome estabelecido no mainstream brasileiro. “São pequenos passos que fazem a diferença. No começo eu fazia tudo sozinho. Depois, passei a ter empresário e, enfim, começo a ter tempo a viver só de música”, diz citando que foi com a entrada no selo SLAP, da Som Livre, que foi possível gravar “Se o Meu Peito Fosse o Mundo”.
O álbum concorre em melhor álbum de MPB/música afro-brasileira, melhor álbum de engenharia de gravação e melhor canção em língua portuguesa, por “Ouro Marrom”, na premiação latina.
Já no Prêmio Multishow, ele concorre a álbum do ano, revelação do ano e MPB do ano —nesta última de forma dupla, com as músicas “Ouro marrom” e “Feito maré”. Produzido por Felipe Vassão, Rodrigo Lemos e Marcus Preto, o sucessor da estreia “Crônicas de um Sonhador” soma mais de sete milhões de plays e ganhou edição em vinil —ele faz show comemorativo do lançamento da bolacha no dia 29 de novembro no Vinil em Cena, em São Paulo.
“Foi ficando mais fácil de fazer meu trabalho. Gravei o melhor disco da minha vida até agora, com estrutura, pagando os músicos de forma legal. Todo mundo que estava envolvido no disco ficou muito orgulhoso, independentemente das indicações que vieram. Eu não esperava três indicações ao Grammy, quatro ao Prêmio Multishow…”, conta, mencionando também as indicações ao Prêmio Potências e ao Prêmio Claro, todas também deste ano.
Herdeiro da ‘voz e violão’
Jota.pê carrega o DNA da “voz e violão” brasileira, um não-gênero radiofônico que desembocou em fenômenos como o sertanejo universitário. Evoluções naturais deste estilo também deram origem à chamada nova MPB.
Um deles foi o 5 a Seco, que juntava influências de Boca Livre, Lenine e Chico César. E foi justamente um dos fundadores do grupo quem enviou uma mensagem que explica o momento em que Jota.pê se encontra nessa tal MPB.
“Eu lembro do Tó Brandileone falando que havia colocado música em uma novela… Muitos amigos dele viam e falavam ‘nossa, tudo funcionou! Tudo deu certo, música na novela e tal…’. E, no dia seguinte, ele estava lá pegando ônibus do mesmo jeito [risos].”
Mesmo assim, ele comemora o ótimo momento.
“Fico feliz com tudo isso. É ápice da minha carreira. Mas eu absorvi esse momento como um fruto de trabalho bem feito com profissionais incríveis. Preciso continuar assim para que minha carreira continue sendo possível”, reflete.