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Gary Clark Jr. é aperitivo ideal para o banquete de guitarra de Eric Clapton

Gary Clark Jr. é aperitivo ideal para o banquete de guitarra de Eric Clapton

Músico texano faz a abertura dos shows da lenda inglesa no país

Avatar de Sérgio Martins
Gary Clark Jr. guitarrista

O guitarrista de jazz Pat Metheny, egoísta que só ele, raramente permite bandas e/ou cantores na abertura de seus shows. “Se você vai desfrutar de um prato sofisticado, qual a razão para se empanturrar com aperitivos?”, justifica ele, usando a gastronomia como metáfora.

Pois Eric Clapton, que inicia hoje uma turnê pelo Brasil (a saber, dia 24 na Arena da Baixada, em Curitiba; dia 26 na Farmasi Arena, no Rio de Janeiro; dia 29 no Vibra São Paulo, em São Paulo, e dia 29 no Allianz Parque, também em São Paulo), possui uma ideia totalmente oposta à do ídolo do jazz. Ele não apenas incentiva o surgimento de novos talentos da guitarra como os coloca na abertura de seus shows. Um dos apadrinhados mais celebrados é Gary Clark Jr., responsável por esquentar a plateia nas apresentações de Clapton no país.

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“Eric é um cara muito legal e tocar com ele sempre me dá prazer”, diz Gary, em entrevista exclusiva para a Billboard Brasil. “Recentemente, nós tocamos juntos num tributo a Jeff Beck em Londres.”

Nascido em Austin, cidade do Texas que gerou as também lendas da guitarra Jimmie e Stevie Ray Vaughan (1954-1990), Gary Clark Jr. tinha doze anos quando se iniciou na música. A princípio, percorreu –já maior de idade, claro– o circuito de bares de sua cidade natal. Posteriormente, passou a chamar atenção dos músicos locais. Em 2010, participou da releitura de “I Want You Back”, do Jackson 5, ao lado da cantora Sheryl Crow. Pouco depois, foi apadrinhado por Clapton: o inglês o recrutou para a abertura de suas apresentações no Brasil, em 2011.

Gary Clark Jr., contudo, é muito mais do que o pupilo do “deus da guitarra”. Com três trabalhos de estúdio e dois ao vivo em sua discografia, ele tem um estilo que mistura blues, rock, soul music e hip hop, nos quais une sua destreza de solista ao vozeirão de astro do blues. Ecletismo, aliás, faz parte de sua trajetória. A playlist dele nas plataformas de streaming vai de mestres do blues a Ramones e Nirvana. “Escutei de tudo e tinha um amigo que era fã de punk rock. Gosto de tocar ‘Blitzkrieg Bop’, dos Ramones”, se entrega.

O lançamento mais recente, “JPEG Raw”, saiu na segunda quinzena de março. “A ideia nem era lançar um disco, mas sim unir um grupo de músicos para tirar um som. Afinal, ainda estávamos passando pela pandemia e não tínhamos planos de excursionar”, explica Gary. “Mas aí o pessoal da gravadora achou que havia um material de qualidade para soltar um novo trabalho de estúdio, meu primeiro em seis anos.”

E que material. “JPEG” está repleto de convidados estrelados, como Stevie Wonder e o mestre do funk George Clinton –que atuam, respectivamente, em “All About the Children” e “Funk Witch You”. “A maior dificuldade de se trabalhar com Stevie foi tentar esconder que não estava emocionado. E George ilumina qualquer ambiente de trabalho, gosta de contar histórias engraçadas para nos animar.”

As apresentações de Gary Clark trazem em torno de seis músicas. Ele depois retorna no bis de Eric, tocando um clássico do blues –em geral, “Before Accuse Me”, do mestre Bo Diddley (1928-2008). “Quero ter a chance de trazer meu próprio show. Vocês são demais”, encerra.

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