Gabriel O Pensador lança álbum após fase difícil: ‘Sofri traições’
Cantor lançou seu primeiro álbum de inéditas em 10 anos
Gabriel O Pensador lançou no último dia 18 de agosto o “Antídoto Para Todo Tipo de Veneno”, seu primeiro álbum de inéditas em 10 anos. Acostumado a abordar temas polêmicos, como nos hits “Cachimbo da Paz”, sobre maconha, ou “Tô Feliz (Matei o Presidente)”, dessa vez ele tentou novos caminhos.
Em “Topo do Mundo / Fundo do Poço”, o sentimento que inspirou Gabriel foi mais pessoal do que o cenário político ou social do Brasil. A perda do pai, Miguel Contino, que morreu em abril de 2020, foi um dos combustíveis para o desabafo em forma de álbum.
“Passei por situações ou fases complicadas recentemente. A humanidade toda, né? Passamos por uma pandemia. Mas eu tive histórias pessoais de desgosto, traições que eu sofri recentemente. E também a dor da perda do meu pai e outras coisas que mexeram com o meu emocional”, contou ele, sem querer dar mais detalhes.
Continuação de música sobre maconha
Nos últimos dez anos sem lançar álbuns, o músico limitou-se a trabalhar em singles, pois tinha perdido a vontade de contar uma história com começo, meio e fim, como faz no disco.
“As pessoas estavam apressadas no consumo da música, e mais empolgadas com os singles. E um álbum não tinha tanta relevância naquele momento ao meu ver”, disse ele em entrevista à Billboard Brasil.
O estalo sobre essa mudança na forma de escutar música aconteceu depois do lançamento de “Crise”, em 2013. “Eu estava em uma pilha de que as pessoas não queriam mais ouvir com atenção. Era mais inteligente dar ênfase a trabalhos de uma música de cada vez”.
Essa ideia permaneceu viva na cabeça de Gabriel até a época da pandemia de covid-19, quando ele começou a trabalhar no que resultaria no álbum recém-lançado. Ele juntou um time de peso de colaboradores para o disco, como Armandinho, Black Alien, Xamã e Lulu Santos — estes últimos participam da parte 2 de “Cachimbo da Paz”, música que marcou a carreira de Gabriel.
“A gente sabia que tinha a responsabilidade de pegar uma música emblemática, que muita gente gosta tanto e fazer uma nova versão, usando o mesmo tema. O Lulu não se assustou com a ideia e de cara já topou”, contou Gabriel. Xamã, que é filho de pai indígena, foi convidado para o lançamento por sua proximidade com o tema. “A gente sabia que tinha que caprichar”.
Gabriel O Pensador não teme censura
No álbum, Gabriel reencontra o anseio de desabafar sobre dores e insatisfações que lhe colocou no mapa, como é o caso de “Cachimbo da Paz 2”. Em 1992, ele lançou a música “Tô Feliz (Matei o Presidente)” enquanto o Brasil assistia ao impeachment de Fernando Collor. O trabalho do rapper chegou a ser proibido de tocar em rádios do país.
Hoje, Gabriel acredita que o país vive uma situação melhor, e não vê essa censura se repetindo com seu trabalho: “As coisas mudaram muito. Naquela época, se não tocasse na rádio, ninguém conseguia ouvir. Hoje em dia existem outras formas. Cada vez fica mais difícil pensar em censura”.