Festival Turá recebe diferentes gerações no segundo dia de shows
Evento atraiu milhares de pessoas no Parque do Ibirapuera
Sob o céu ensolarado de São Paulo, o Parque Ibirapuera recebeu neste domingo (29), segundo dia do Festival Turá. A pluralidade do evento não ficou apenas na programação musical: a multidão presente foi composta por pessoas de diferentes idades, unidas para conferir um line-up que celebra músicas que atravessam gerações.
Contando com apresentações de Gloria Groove, Raça Negra, Saulo com Luiz Caldas, Samuel Rosa, Gabriel O Pensador, Samba de Dandara, Millos Kaiser e Linda Green, o festival encerrou a edição de 2025 recebendo elogios do público e dos artistas.
Como foi o segundo dia do Festival Turá
“É um prazer fazer show aqui no Turá! O local que escolheram, o Ibirapuera, também é especial, e tá um diazão bonito. Música brasileira de vários estilos, misturada, a gente precisa mesmo disso, de união, de quebrar barreiras. Acho que a música serve pra isso mesmo”, conta Gabriel O Pensador sobre o festival em entrevista à Billboard Brasil.
Ele falou sobre a carreira: “O nome do meu último álbum é ‘Antídoto para Todo Tipo de Veneno’, porque a gente às vezes vê o mundo cada vez mais envenenado. As nossas mentes realmente são reféns disso e a música pode ser um dos antídotos, unindo as pessoas. Essa energia positiva que rola nos festivais cura muita coisa, ajuda e inspira. Então, é um prazer participar. A gente curtiu aqui uma mistura de idades diferentes na plateia, como sempre reparo, gosto de ver o pessoal de várias gerações curtindo. Eu me divirto com meus músicos, com a minha equipe, hoje não foi diferente. Groove, poesia, tudo que eu amo fazer, desde moleque sonhava com isso e tô curtindo cada show como sempre. Eu não enjoo, pelo contrário, né? Me empolgo mesmo, me arrepio.”
O artista veio exclusivamente de Portugal ao Brasil para abrir os trabalhos deste domingo no Turá, apresentando um repertório com inúmeros sucessos de seus mais de 30 anos de carreira, como “2345meia78” – chamando duas jovens fãs para cantar no palco -, “Solitário Surfista” e “Cachimbo da Paz”, que recentemente ganhou uma segunda versão ao lado de Xamã e Lulu Santos, levando o prêmio de Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa no Grammy Latino em 2024.
Outro nome que carrega um legado de três décadas na música é Samuel Rosa, que continuando com o clima de calor, fez um show com um repertório que contemplou seus maiores sucessos do Skank e três faixas de seu recente álbum “Rosa”, em fase solo – “Me Dê Você”, “Flores da Rua” e “Rio Dentro do Mar”.
No ano em que o axé music completa 40 anos, a sonoridade ganhou uma homenagem no Turá, encabeçada por Saulo, que transportou o público de São Paulo direto para a Bahia com um show que fez todo mundo pular “até a batata da perna doer”, segundo o próprio cantor. Ele convidou Luiz Caldas, referência quando falamos de axé, para se juntar à celebração. A parceria rendeu momentos icônicos ao som de “O que é que essa Nega Quer?”, “Haja Amor” e “Frevo Mulher” (Zé Ramalho), enquanto acontecia um belo pôr do sol. Saulo, inclusive, desceu à plateia para participar de uma roda com o público no encerramento do show. Inesquecível.
Com uma carreira recheada de sucessos, inúmeros hits eram quase obrigatórios no setlist do Raça Negra, penúltimo a se apresentar no palco principal. Iniciando a noite, o grupo de samba romântico apresentou “É Tarde Demais”, “Maravilha”, “Cheia de Manias”, “Quando te Encontrei”, “Deus me Livre” e muitas outras faixas cantadas do início ao fim pelo público. Ainda sobrou tempo para fazer um cover de “Pescador de Ilusões”, do Rappa.
Luiz Carlos, voz inconfundível que há mais de 40 anos comanda o Raça Negra, ressaltou e valorizou o line-up 100% nacional do festival. “Tocar aqui no Turá foi importante e a organização está de parabéns! Eu não sabia que a intenção da palavra ‘Turá’ é mistura. E o povo brasileiro sabe muito bem disso e de receber as pessoas. Quem é de fora do país vem para o Brasil e não quer sair não. É só ver o caso do Bruninho [Bruno Mars].. Eles não querem sair, eles adoram. O brasileiro é acolhedor… O brasileiro é legal pra caramba. A gente [Raça Negra] vai para os Estados Unidos, vai para a Europa, mas não é igual aqui. A gente vai cantar lá é bem recebido, mas não é igual aqui. Então, por isso é muito importante que esse festival exista com essa mistura de ritmo, de jeito, de gênero, de cor…”, comenta em entrevista à Billboard Brasil.
Sobre as diferentes gerações de fãs, ele completa: “O artista tem que prestar atenção nisso: não adianta você só fazer sucesso, que é legal e a gente aceita de bom grado, mas tem que fazer história… Cantar aquilo que o seu público quer ouvir. Nós temos 42 anos de carreira. Então, criamos a avó, a mãe e os filhos. Se você vai no show do Raça Negra vai ver crianças de 8 a 10 anos cantando. Eu acho que isso é importante: levar a música e a alegria para as pessoas, fazê-las saírem um pouco daquele momento pesado que nós estamos vivendo hoje no mundo, fazê-las sonhar… Isso é importante para nós!”.
Aliás, Raça Negra era a atração mais aguardada por várias pessoas, incluindo a família formada por Alan Bidoia, 43, Enzo Bidoia, 13, e Roberta Barbosa, 41, relatando uma experiência positiva no Turá.
“É a nossa primeira vez juntos num festival. Viemos por indicação na nossa cunhada. Fazia muito tempo que nós não saíamos para um show e resolvemos trazer o Enzo para ter essa primeira experiência numa multidão. Está sendo muito agradável. Vimos vários shows e, inclusive, o Samba de Dandara eu nunca tinha ouvido e adorei. A gente está nessa pegada de conhecer mesmo. E tem também todos esses estandes de marcas que são interessantes”, comenta Alan.
O Samba de Dandara tocou por duas vezes durante os intervalos do palco BB. O grupo 100% feminino é dedicado à exaltar as mulheres do samba e ganhou os corações do público no palco Sol, que dançava animado ao som da percussão e cavaquinho. No mesmo espaço, também se apresentaram Millos Kaiser e Linda Green, misturando a música eletrônica à brasilidades sem deixar ninguém descansar.
A missão de encerrar o Turá 2025 ficou com Gloria Groove, que levou a Serenata da GG, seu projeto voltado ao pagode, ao Parque Ibirapuera, num show declaradamente romântico, contando com um setlist cheio de releituras de clássicos, covers e novas versões de faixas próprias, presentes nos álbuns “Serenata da GG”, volumes 1 e 2. Ovacionada em “Linguagem do Amor” e “A Loba” (Alcione), a cantora ainda dedicou os dez minutos finais para seus sucessos “VENENO”, “A QUEDA”, “BONEKINHA” e “Coisa Boa”.