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A volta de DJ Marky ao caos e ao ABC antes de um Tomorrowland

A volta de DJ Marky ao caos e ao ABC antes de um Tomorrowland

Ícone do drum and bass tocou após temporal em SP

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A noite de sexta (11) para sábado (12) era de entusiasmo para quem tem o bicho de dançar dentro de si: um dos maiores DJs do mundo, Marky estava disponível por R$ 40 em uma pequenina casa do ABC paulista, o Red Light Duplex. Antes, naquela rua, uma chuva acompanhada de ventania, ambas fortíssimas, alagaria o chão, derrubaria tendas e árvores. Mas o cenário de caos foi substituído por um outro, muito melhor, onde um público vai para dançar e reconhece Marky para além de uma celebridade do techno mundial.

“Tem muita gente que vai me ver e fica parado na minha frente. Eu não consigo, eu travo todo!”, diria um quase extenuado DJ, paulistano da Penha, ao fim da sequência de coça em drum and bass.

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Mas ali, não. As 200 pessoas que lotavam a pequena casa de luzes vermelhas já estavam em ritmo de máquina de lavar após sets dos DJs Frames e Ricardo (este último, em uma bateria eletrônica Roland MC-808 que fazia a casa flutuar sem ansiedade pela estrela da noite).

Marky chegou, tocou, quis cigarro ao fim da primeira música, dançou e pediu palmas em algum break nessa que é sua primeira apresentação no ABC depois de “não sei quantos anos”, segundo o próprio. “Mais de 15, sei lá”, ele tenta. Para quem não sabe, o produtor iniciou sua biografia tocando em casas como essa para, anos depois, lá em 1998, ser descoberto em meio a scratchs como uma revelação brasileira do eletrônico —ele logo comporia o álbum “Brazilian Job” que continha o sucesso “LK”, com sample de Jorge Ben e Toquinho que conquistou meio mundo. Mas, ali, não se ouviu um violão de bossa nova com drum and bass. Não, foi só porradeiro —ok, teve “Water”, de Tyla, mas foi um momento fofo em que o DJ dançou de olhos fechados e se entregou ao hit da sul-africana.

Portanto, havia um êxtase na casa. E esse tipo de coisa acontece de forma orgânica e, na maioria das vezes, tenta ser reproduzida como simulação em festivais de eletrônica ou mesmo festas mais pomposas e de ingressos mais caros. Por isso, também ao final da apresentação, Marky diz estar cansado de “fumacinha” e “DJs que, vou falar, só tocam a mesma coisa, cara!”.

Ele se apresenta neste sábado, no grandioso Tomorrowland Brasil, às 18h30 no palco Tulip.

Nos finalmentes de um set tão intenso quanto despretensioso, pediu um segundo cigarro (que, se vale dizer, esses dois pedidos não foram prontamente atendidos por culpa dele próprio, já que as pessoas estavam em certo transe) e negociou “mais duas ou três músicas” com o contratante e Suelen Mesmo, a DJ de encerramento. Se a DJ vacilasse, era capaz de ver o Marky enfileirar mais umas duas —ou três.

Parecia à vontade, em habitat próprio. Não só ele, mas também as outras 200 criaturinhas da noite, que buscam lugares e festas como essa pelo caos, não pela foto.

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