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Como Umberto Tavares e Jefferson Júnior fizeram hino do pagode – e muito mais

Como Umberto Tavares e Jefferson Júnior fizeram hino do pagode – e muito mais

O destino dos dois (quase) foi traçado na maternidade...

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FOTO CAPA 3

A arte de compor envolve mil e um fatores. Acertar um conjunto de palavras que serão musicadas e vão cair na boca do povo é um ofício complicado.

Umberto Tavares e Jefferson Junior são mestres nesse trabalho. Tendo composições interpretadas por Anitta, Ludmilla, Belo e muitos outros artistas dos mais variados gêneros, eles ultrapassaram décadas escrevendo sucessos.

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Mas, muito antes de formarem uma dupla no melhor estilo Bebeto e Romário das canetadas, eles tiveram o destino conectados por Alcione, ainda crianças.

“Minha mãe foi backing vocal da Alcione, que é tia do Jefferson. Eu tinha uma voz afinadinha e, quando tinha uns oito anos, fiz backing vocal no álbum ‘Fruta e Raíz’. Nesse mesmo álbum, o Juninho aparece na contra-capa com a Alcione”, relembra Umberto.

Ali, em meados dos anos 1980, nascia uma amizade que daria muitos frutos para música brasileira.

No entanto, os dois só voltariam a se encontrar quase duas décadas depois. E, graças a um desencontro, criariam um dos maiores clássicos da nossa cultura.

Hino nacional

Jefferson tentou seguir uma carreira na música como cantor – com direito a apresentação no Domingão no Faustão. Porém, para quem não é afeito a fotos, ser um artista talvez seja complicado. E a timidez se tornou um impeditivo.

Porém, enquanto escolhia o repertório para seu trabalho de estreia, Jefferson se reconectou com Umberto, que já tinha uma estrada trilhada na composição em meados dos anos 1990. Sua primeira música gravada foi “A Gente Nunca Esquece”, do Maurício Mattar (sim, o ator global).

Entre as músicas que Umberto apresentou para o primeiro álbum do amigo estava “Perfume”, que anos depois seria gravada por Belo. Mas essa história você pode entender melhor aqui.

Os dois ficaram entre idas e vindas, até “fixarem” o trabalho como compositores parceiros em conjunto em 2009. Eles fizeram uma espécie de intensão e compuseram diversas canções naquela época. “Ainda tinha esperança de compor para um álbum do Juninho”, brinca Umberto.

Na verdade, boa parte das músicas compostas aquela época foram parar no álbum “Primavera”, do pagodeiro Belo. Entre elas estava “Reiventar”, considerada um hino do pagode.

“Essa música mudou minha vida. E o início dessa música foi feita em uma briga com a minha esposa. Eu já estava namorando [enrolando, né] há um tempo. Um dia, numa conversa, ela me disse: ‘Como é que é? Está ficando tarde pra mim’. E a música começa com “Diz que já é tarde…”. Tem início nesse sentimento. E hoje sou casado com ela”, relembra.

O que a IA não copia

A entrevista com os dois durou cerca de 1h. E durante boa parte da conversa, Umberto e Jefferson pareciam a mesma pessoa. Um complementava o raciocínio do outro, relembrava parte de histórias ou até mesmo levantava a bola para piadas.

Obviamente, esse entrosamento se traduz na inspiração para canções como “Você Partiu Meu Coração”, de MC Nego do Borel, “Show das Poderosas”, de Anitta e outras tantas de nomes como Bonde do Tigrão, Sorriso Maroto, Ludmilla, Fiuk, Buchecha, Elza Soares, Caetano Veloso, Maluma, Jorge Ben, Latino…

São mais de 1.000 canções gravadas e algumas indicações ao Grammy. Em 2022, eles fundaram a Mousik, empresa de música e tecnologia, que oferece os serviços de gestão de carreira para artistas dos mais variados gêneros.

Quando o assunto é composição, a especialidade da casa, Umberto e Jefferson dizem que, tal como o ditado famoso entre os nutricionistas (“você é o que você come”), entre os compositores é importante ouvir de tudo.

Mesmo sendo importante o lado inspiracional, a composição se tornou um trabalho – com direito a horas por dia dedicadas à escrita. No entanto, os dois estão a todo momento buscando uma história. De preferência, sobre amor.

“Onde entra a técnica? A gente sabe que determinados assuntos, em determinadas músicas, são mais universais. Por exemplo: se é para um artista super popular, é importante deixar esperança no final”, diz Umberto.

“A gente está sempre a procura de uma boa história de amor, porque é algo que mexe. Toda história de amor nos interessa”, completa Jefferson.

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