Como criar uma playlist viral?
Head de Estratégia de Conteúdo Musical no YouTube dá dicas
Não há nada melhor do que ter a playlist perfeita para uma festa, uma viagem de carro, momentos românticos ou um encontro com amigos em casa.
Mas como criar uma playlist de sucesso nas plataformas de streaming? Segundo Flávio Marcondes, Head de Estratégia de Conteúdo Musical para América Latina no YouTube, não existe uma fórmula.
Entretanto, há práticas que podem ser aplicadas para ajudar o engajamento dos usuários na sua playlist.
“O primeiro passo na construção de uma playlist é identificar o seu uso: pessoal ou profissional. No caso de uma playlist pessoal, o seu único propósito é atender aos interesses do seu criador, que poderá ouvi-la e expressar, por meio dela, seus gostos musicais”, explica.
“Já para uma playlist de finalidade profissional, o ponto-chave é entender quem se beneficiará com o conteúdo oferecido e qual o público-alvo que se deseja alcançar. Neste ponto, é importante identificar as características do público-alvo, como faixa etária, gênero, localidade, língua; seus hábitos de consumo e interesse musical (lançamentos, tendências, hits atuais, greatest hits ou relacionadas a atividades, moods, eventos, entre outros). Com estas informações, fica mais claro e fácil de entender o conceito e ideias que estão associados à playlist”, avalia Marcondes.
Veja as dicas
- Crie um título objetivo e chamativo;
- Crie uma descrição clara e sucinta;
- Atribua uma capa que tenha um design alinhado aos interesses do público e/ou cultura musical do conteúdo da playlist;
- Defina a frequência da atualização, se será semanal, quinzenal, mensal, trimestral ou anual;
- Escolha a plataforma e seção em que a playlist será disponibilizada; estruturar uma lista de músicas, já estabelecendo a quantidade mínima;
- Escolha artistas, listando exemplos de nomes que se alinham ao conceito da playlist e podem impulsioná-la, bem como aqueles que não se encaixam.
“Esse processo ajudará muito a identificar o tipo de conteúdo da playlist, a fim de alcançar os objetivos traçados, mantendo, ao mesmo tempo, a assertividade na oferta de conteúdo”, acrescenta Marcondes.
Para quem deseja vida longa na playlist, é importante também analisar os padrões de consumo das músicas – como a presença de picos e baixas –, e entender o comportamento do usuário com o conteúdo.
Existe quantidade exata de músicas que ajudaria na viralização? O Head recomenda que a playlist tenha, pelo menos, 20 músicas.
“Playlists mais longas também podem ser benéficas, desde que mantenham a qualidade e a coesão, que são fatores cruciais. As músicas devem se encaixar no tema da playlist e fluir bem juntas, criando uma experiência auditiva agradável. Mas para além da quantidade, outro fator necessário é atualizar a playlist regularmente, adicionando novas músicas e removendo aquelas que possuem maior rejeição, a fim de manter a playlist fresca e interessante para os ouvintes.”
É melhor ser nichado ou pode ter faixas de gêneros variados? Segundo o relatório da “Luminate”, as pessoas ouvem mais de oito diferentes estilos musicais nos Estados Unidos.
Dos entrevistados, 57% disseram que é importante para eles poder acessar músicas de diferentes partes do mundo e 52% afirmaram que música lhes dá um senso de identidade social e cultural.
“Playlists de nichos, ou segmentadas, em um determinado gênero musical ou tema específico, podem atrair a atenção de um público fiel e engajado. Por outro lado, playlists com gêneros variados podem alcançar um público mais amplo e oferecer uma experiência de descoberta musical”, explica Marcondes.
“A escolha depende do seu objetivo e do seu público-alvo, lembrando que a coesão (ordem da lista de músicas e transição) é um ponto crítico para garantir que os usuários tenham uma experiência de navegação e consumo agradável ao reproduzir a playlist.”
Conforme a pesquisa, 63% dos ouvintes de música da Geração Z e 65% dos Millennials nos Estados Unidos ouvem novas músicas para vivenciar e experienciar novas culturas e perspectivas.
“O idioma pode influenciar, dependendo do seu público-alvo. Se você estiver mirando um público global, usar músicas em inglês ou em outros idiomas amplamente conhecidos pode ser vantajoso. No entanto, se você quiser alcançar um público específico em um determinado país ou região, usar músicas no idioma ou dialeto local pode ser mais eficaz, e já há estudos comprovando isso.”
Outro relatório da “Luminate” afirma que artistas do México, Brasil e França possuem o maior crescimento no volume total de execuções globais em streamings de áudio, enquanto artistas provenientes de Reino Unido, Estados Unidos e Canadá apresentaram queda, quando comparado o volume obtido ao final de 2023 e do primeiro semestre de 2024.
“Com o advento do streaming, os usuários no geral estão sim mais abertos e receptivos a experimentar e consumir músicas de outros países, culturas e línguas”, explica Marcondes.
“Mas aqui vai um ponto de atenção, usando o Brasil como ponto de partida: se o desejo é oferecer conteúdo internacional, é importante certificar-se de que os títulos, descrições e tags estejam adaptadas a língua portuguesa, já que é estimado que somente 4% da população brasileira fala uma segunda língua”, finaliza.