Cantando e desenhando histórias, na visão da dupla Kevin Johansen e Liniers
O cantor pop e o cartunista fazem uma mini-turnê em solo brasileiro

Kevin Johansen é cantor, compositor e um exemplo de como a globalização pode ser uma coisa boa. Nasceu no Alasca, filho de pai americano e mãe argentina. Tinha doze anos quando a família migrou de San Diego, na Califórnia (para onde tinha mudado pouco depois de seu nascimento) em direção a Buenos Aires. Kevin, que deu seus primeiros passos musicais ainda na cidade platina, também passou de 1990 a 2000 em Nova York. “Moska, meu parceiro do Brasil, me disse que esse espírito de andarilho me credencia a ser brasileiro”, brinca Kevin, em entrevista exclusiva à Billboard Brasil.
Ricardo Liniers, por seu turno, é uma lenda viva no cenário dos quadrinistas argentinos. Descendente de um personagem histórico da Argentina –o francês Santiago Liniers, que defendeu o país da invasão inglesa– ele é famoso pela tira cômica Macanudo, publicada no jornal argentino “La Nación”. Quinze anos atrás, ele e Kevin uniram forças num espetáculo musical e visual.
Kevin Johansen + Liniers, que passa essa semana por três capitais abaixo (veja os locais e informações dos ingressos abaixo) é uma aula de criatividade. Kevin canta e conta seus causos enquanto Liniers produz desenhos baseados nas canções e na sensação da platéia. “Somos amigos há muitos anos e acho interessante a combinação de diferentes tipos de arte”, explica Kevin. “Ele faz uma coisa que não se escuta e eu faço uma coisa que não se olha porque a música é intangível.”
O resultado das ilustrações de Liniers, claro, difere de uma apresentação para outra. “É como Macanudo, que traz personagens diferentes, não?”, resume o músico. A parte musical, contudo, é o fino. No final de março foi lançado, nas plataformas de streaming, o disco ao vivo “Desde que te Madrid”. Ele traz canções do repertório de Kevin, entrecortadas por diálogos dele com Liniers.
Desde que lançou seu disco de estreia, “The Nada”, que Kevin Johansen trava diálogos interessantes com a música brasileira e de seu país. Ele gravou, por exemplo, uma canção ao lado de Leon Gieco, uma espécie de Bob Dylan portenho (a faixa é “Sur o no Sur”, presente no disco de mesmo nome, de 2003). Ou então flerta com a MPB mais romântica. “Quiero Mejor”, de 2024, tem uma releitura para “Amada Amante”, de Roberto Carlos. “Eu pensei em fazer algo meio bossa nova, mas o [produtor brasileiro] Kassim me pediu para deixá-la romântica mesmo”, diz o argentino. O episódio faz com que Kevin se recorde de uma apresentação de Caetano Veloso em Buenos Aires, tempos atrás. “Caetano cantou músicas românticas e o público se queixou. Ele então disse que Roberto Carlos é um músico fundamental para a MPB.” Ele continua a versar sobre o que é brega ou chique. “Certa vez, o produtor Brian Eno disse que as pessoas escutavam ABBA em casa mas tinham vergonha de admitir isso em público. É uma bobagem esse preconceito”, dispara.
Por falar em Brian Eno, Kevin gravou também uma releitura de “Modern Love”, sucesso de David Bowie, um dos protegidos do produtor inglês. “Eu dei um toque mais country à canção”, comenta o argentino. Que reserva outras maravilhas para as performances brasileiras.
KEVIN JOHANSEN + LINIERS
07 de maio – Teatro Claro Mais (Rio de Janeiro)
Onde comprar: Uhuu
08/maio – Auditório Araújo Vianna (Porto Alegre)
Onde comprar: Sympla
09/maio – Teatro Bradesco (São Paulo)
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