Caetano Veloso canta ‘Sei Lá, Mangueira’ e aponta reconciliação com Paulinho da Viola
Artistas não se falam desde episódio envolvendo cachê em réveillon, em 1996
A estreia da turnê “Caetano & Bethânia” teve uma composição de Paulinho da Viola de surpresa no palco da Farmasi Arena, neste sábado (3), no Rio de Janeiro. Em bloco dedicado à Estação Primeira de Mangueira, Caetano Veloso cantou “Sei Lá, Mangueira”, da autoria de Paulinho, e acenou para uma reconciliação com o sambista —ambos não se falam há quase 30 anos devido a um episódio envolvendo briga por cachês e fax falsificado.
Em 1995, Paulinho da Viola foi convidado para integrar um megatime para festejar a passagem de ano no tradicional Réveillon de Copacabana. O cantor portelense se juntaria a Gilberto Gil, Chico Buarque, Gal Costa, Milton Nascimento e ao próprio Caetano para um show ao vivo em homenagem a Tom Jobim, morto em dezembro de 1994.
O problema ele descobriria depois: recebeu R$ 35 mil pelo show, contra os R$ 121 mil pago aos outros artistas que subiram ao palco.
“Estava pensando em começar a trabalhar no disco agora entre janeiro e fevereiro. Quero retomar meu trabalho assim que as coisas se acalmarem”, disse Paulinho à época, em um hiato de produção desde 1989.
O único a se pronunciar na ocasião foi Gilberto Gil: “Meu cachê mudou muito com o tempo. Veja os Mamonas Assassinas. Há um ano, eles tocavam de graça. Hoje eles ganham muito mais do que eu. É por essas e outras que eu faço questão de cuidar pessoalmente de cada detalhe da minha carreira. Quem decide qualquer coisa a respeito de minha carreira sou eu e mais ninguém”.
Gil fazia a referência a outro detalhe do episódio.
A mulher de Paulinho, Lila Farias, que cuida da carreira dele, reclamava ter sido enganada pelos organizadores do show. Segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, publicado no dia 22 de janeiro de 1996, ela teria adulterado um fax, causando (ainda mais) mal-estar entre os artistas.
“Lila adulterou o fax para poder provar à mulher de Gil, Flora, que a produtora do show havia prometido um cachê de R$ 35 mil para todos. Ela colocou a palavra ‘todos’ sobre o local onde a produtora havia escrito ‘vocês’ ao se referir ao valor do cachê que seria pago à equipe de Paulinho”, dizia o texto.
Cecília Rabello, filha de Paulinho e responsável por sua assessoria de imprensa, confirmou ao “Correio da Manhã” que seu pai recebeu recados de que Caetano queria “acabar com isso”, mas nunca houve contato direto.
No show, Caetano seguiu a homenagem à Verde e Rosa com “Sei Lá, Mangueira” (de Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho), “A Menina de Oyá (Alemão do Cavaco, Almyr, Cadu, Lacyr D Mangueira, Paulinho Bandolim e Renan Brandão), “Exaltação à Mangueira” (Enéas Brites e Aloísio da Costa) e “Onde o Rio é Mais Baiano” (do próprio Caetano).