Baco Exu do Blues lança novo álbum como ‘processo terapêutico’
Novo trabalho foca em uma narrativa literária para abordar a vulnerabilidade
O rapper Baco Exu do Blues lançou seu quarto álbum de estúdio, intitulado “Hasos“.
O projeto traz a terapia como a narrativa central e convida o público a uma jornada de autoanálise, expondo falhas e sentimentos que o artista carrega.
O disco, que contém 18 faixas entre canções e textos profundos, abre com uma citação que estabelece o tom do trabalho.
“Eu sempre fui tratado como um galo de briga. Eu tive que estudar a arte da guerra. Eu conheço todos os guerreiros… eu era um aniquilador, eu nasci pra isso. E agora que esses dias passaram, estou vazio. Eu não sou ninguém. Eu estou trabalhando na arte da humildade. Você acredita em mim?”.
Em entrevista à Billboard Brasil, o rapper explicou que o trabalho foi construído com o propósito de gerar identificação.
“Eu queria criar um universo onde fosse impossível uma pessoa passar pelo disco inteiro sem sentir algo muito profundo, sem sentir uma dor intensa ou uma identificação intensa, ou sentir que precisava conversar sobre”.
Baco disse que a escrita do álbum se deu no lugar do que ele não tem coragem de falar em voz alta. O objetivo do álbum é justamente levar as pessoas a falarem sobre o que elas não têm coragem de dizer.
A busca por uma narrativa literária foi priorizada, em vez de uma referência musical. O cantor usou como inspiração a forma como o escritor Jorge Amado criava os ambientes para suas histórias.
“Eu criei os ambientes que eu achava ideal para cada sentimento que eu ia levar. A narrativa criou o universo de cada música, do que a música criou a narrativa”, explicou o artista sobre o processo de composição.
Baco Exu do Blues definiu o disco como sendo um “Baco pós-terapia”, “um pouco mais adulto, um pouco mais mudado, um pouco mais responsável”. Ele explicou que a maturidade atingida por anos de terapia o ajudou a criar o álbum.
O rapper detalhou que a identificação com o público é automática quando a música parte da vulnerabilidade. O disco aborda temas que as pessoas têm vergonha de falar, mas que todos estão passando em silêncio.
O processo de criação do artista passa por pensar sobre o que ele não falaria em voz alta, escrever e só depois musicar. Ele afirmou que “aceitar as próprias culpas é um processo muito doloroso. Entender os perdões que você não aceitou, ou entender os perdões que você não pediu também, é um processo muito doloroso”.
O álbum é um convite para o público falar sobre suas dores, já que, para o cantor, “a mente protege a gente das próprias camadas”, o que leva as pessoas a buscarem felicidade, mas sentindo um incômodo silencioso.
O rapper se define na faixa “Caravaggio de Ghandi“: “Eu sou a nova Tropicália em fragrâncias, um baiano com um cheiro arrogante, Caravaggio desenhando com um colar de Ghandi”.
O álbum conta com a produção de Marcelo Delamare, Marcos Maurício, Dactes e JLZ. O trabalho traz parcerias com Vanessa da Mata, Teto, Zeca Veloso, Sued Nunes, Joyce Alane, Mirella Costa, IVYSON e Carol Biazin.








