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Astro do arrocha, Theuzinho vacilou na hora de soltar a voz —mas deu tudo certo

Astro do arrocha, Theuzinho vacilou na hora de soltar a voz —mas deu tudo certo

Revelação do arrocha aos 19 anos, ele foi descoberto nas ruas de Salvador

Theuzinho não tem mais tempo para ver a mãe e a família depois que virou cantor. “Quando eu consigo dar um pulinho aqui em Salvador, só dá tempo de um abraço, um beijo nos meus irmãos e na minha avó. No outro dia, tenho que viajar de novo”, ele explica. Aos 19 anos, ele é uma das revelações do arrocha baiano —cinco anos depois de ter sido descoberto nas ruas de Pirajá, bairro da capital baiana.

Seus dois volumes de “A Favela Tá Gostosa” (o “1.0” e o “2.0”, ambos lançados em 2025) ocupam lugares na lista de mais ouvidos no Sua Música —com, respectivamente, seis e dois milhões de plays na plataforma dedicada aos gêneros brasileiros de baile, como o pagodão, o tecnomelody e o arrocha. Antes do sucesso, lá pelos 14 anos, Matheus dos Santos trabalhava levando água e outras encomendas de um lado para o outro, lutando para ganhar 50 reais em cada final de semana. Aí, quando ficava de bobeira no celular, ele soltava a voz.

“Eu não pensava em ser cantor ou no dia em que eu seria um cantor de verdade. Pensava em fazer um vídeo legal em que eu estivesse cantando. Se eu falar pra você que eu sonhava em ser cantor, eu estaria mentindo”, desenha. À época, a brincadeira era soltar gravar e soltar vídeo para aqueles 200 seguidores, ganhar umas 15 curtidas e seguir entregando outros produtos do depósito de bebida.

Quando um influenciador de números graúdos pintou na sua rua, ele achou que seria uma boa ideia pedir para ser gravado —e, quem sabe, ganhar mais alguns seguidores com a divulgação. “Pô, deixa eu cantar aí, deixa eu cantar uma música para você, meu irmão”, relembra Theuzinho, fazendo voz de pirralho. “Mas por conta do nervosismo, eu não consegui. Chamei meus amigos que, tímidos, também não foram”.

Mesmo tendo cantado tantas vezes aquela “Meu Pedaço de Pecado”, de João Gomes, parecia que a oportunidade de ouro estava indo embora. “Quando ele estava bem distante, entrando no carro, eu falei: ‘Eu vou’. Fui correndo. Sozinho. Deus tocou no meu coração e eu pedi pra cantar”, relembra. Daí, depois tudo aconteceu em um estirão: o influenciador não gravou e postou nas redes sociais e, sim, enviou o vídeo para Cristian Bell, empresário que, no dia seguinte, já estava no Pirajá para gravar com Theuzinho e acertar tudo com a mãe Carla, mãe do cantor.

O moleque de 14 anos que não sabia encarar o público

Pergunto para Theuzinho como foi, então, sair das ruas de Pirajá, da missão de vender bebidas para ajudar em casa, do pequeno sonho de ter um vídeo cantando para assumir-se como um cantor de arrocha. “Eu acho que… Eu tava até conversando isso com meu empresário esses dias. Porque, logo no começo, eu não conseguia nem cantar uma música inteira. Assim, tipo, na frente do palco, para as pessoas. Eu ficava indo me esconder na parte de trás toda hora. Ficava bebendo água porque não sabia interagir, não sabia falar nada com a galera. Eu ficava nessa timidez”, conta. Em 2021, ele lançou —com sucesso— “Bate Continência Pro Novinho”.

De lá pra cá, vieram aulas de canto e fonoaudiologia —e um salário bem mais gostoso do que os 50 reais da distribuidora de bebidas. “E fora que, também, a gente muda de voz, né, véio? Tipo, a voz começa a mudar com o 17. Se a você escutar os meus CDs antigos, você vai ver cada álbum com uma voz diferente”. Ele também gravou com sucesso “Não Tente Me Impedir”, do cancioneiro de Bruno e Marrone.

O ídolo João Gomes: ‘Hoje ele fala que é meu fã também’

Para fazer os números do Sua Música chegarem ao sudeste, Theuzinho tem planos —e munição guardada. Neste ano, ele lançará um single com os tubarões paulistanos MC Ryan SP e MC Pedrinho, com o belohorizontino Pedrinho Love.

Mais do que isso, teve coragem de ligar para o ídolo João Gomes e pedir uma participação em na continuação 3.0 de “A Favela Tá Gostosa”. “Rapaz… Foi muito massa. A gente é resenha. Eu falava que eu queria ser cantor de piseiro, eu era muito fã dele, de verdade. E, hoje, ele fala que ele é meu fã também. A gente, às vezes, nem acredita. O meu ídolo agora é meu amigo, canta uma música comigo”, finaliza.

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