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Relatório aponta 7 tendências para o futuro do mercado da música; veja

Relatório aponta 7 tendências para o futuro do mercado da música; veja

O relatório “Music in the Air” prevê caminhos para a indústria fonográfica

Apps mercado da música

O Goldman Sachs publicou na última terça-feira (3) a nova versão do seu relatório Music in the Air. Conhecido por apontar tendências e oportunidades no mercado fonográfico, o estudo de 91 páginas traz dados sobre o crescimento das plataformas de streaming, estratégias de precificação, mercados emergentes e o impacto da inteligência artificial na música.

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O banco global mantém uma perspectiva de longo prazo boa para a indústria da música. Segundo o estudo da instituição,  a projeção é que o mercado global de música (incluindo música gravada, publishing e shows ao vivo) quase dobrará, passando de US$ 104,9 bilhões de 2024 para US$ 196,8 bilhões até 2035.

 Elaborado por uma equipe de analistas liderada por Lisa Yang, com Eric Sheridan e Stephen Laszczyk, o relatório aponta que a indústria será impulsionada por diversos fatores-chave de crescimento — incluindo a expansão dos mercados emergentes, melhorias nos preços de assinaturas e novas fontes de receita com experiências para os superfãs.

“o mercado musical deve continuar resiliente mesmo diante de um cenário macroeconômico incerto”, diz o estudo.

Veja 7 tendências para o futuro do mercado da música, segundo o Goldman Sachs

1. Número global de assinantes de streaming deve chegar a 827 milhões em 2025

O Goldman Sachs prevê que o número de assinantes pagos de serviços de streaming musical no mundo chegará a 827 milhões em 2025 — um crescimento de 10% em relação aos 752 milhões estimados para 2024.

Esse aumento deve representar cerca de 75 milhões de novos assinantes no ano. Apesar disso, a taxa de crescimento anual de 10% marca uma leve desaceleração em comparação com os 10,6% registrados em 2024, e segue bem abaixo dos 12,8% observados em 2023.

“O ano de 2024 teve 72 milhões de novos assinantes, frente a 77 milhões em 2023 e 94 milhões em 2022 — o ritmo mais lento de crescimento líquido desde 2017”, aponta o relatório.

Os mercados emergentes seguirão como principais motores desse crescimento, já que a penetração do streaming musical ainda é de apenas 8% da população com acesso à internet nessas regiões — muito abaixo dos 38% registrados em mercados desenvolvidos.

Plataformas de streaming tentam evitar fraudes
O aumento dos streamings está entre as tendências do mercado da música (Unplash/Divulgação)

2. Crescimento da música gravada foi inferior em 2024, e projeções foram revisadas para baixo — receita global deve atingir US$ 31,4 bilhões em 2025

O crescimento da música gravada em 2024 foi muito abaixo do esperado, crescendo apenas 4,8% em relação ao ano anterior (segundo dados da IFPI), enquanto a projeção do Goldman Sachs era de 8,9% — uma diferença negativa de mais de 4 pontos percentuais.

“Em 2024, o crescimento global da música gravada ficou 4 pontos percentuais abaixo das nossas expectativas”, afirma o relatório, marcando o primeiro ano desde que o Goldman Sachs começou a projetar tendências do mercado musical.

O Goldman Sachs, revisou para baixo suas previsões de crescimento para a música gravada, esperando agora um crescimento de 5,8% em 2025 (ante 8,8% anteriormente) e de 6,6% em 2026 (antes 8,4%).

O banco projeta que o mercado de música gravada deve crescer de US$ 29,6 bilhões em 2024 para US$ 31,4 bilhões em 2025, US$ 33,6 bilhões em 2026, US$ 43,4 bilhões em 2030 e US$ 55,0 bilhões em 2035.

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3 – A monetização dos superfãs pode gerar US$ 4,3 bilhões em receita adicional

O banco vê a monetização dos superfãs como uma oportunidade importante para a indústria da música, com um potencial de aumento anual da receita de US$ 4,3 bilhões com base nas projeções para 2026.

A análise parte do princípio de que 20% dos assinantes pagos de streaming podem ser definidos como superfãs, e que esses usuários gastariam o dobro da média dos assinantes, com base no levantamento da Luminate, que aponta que 20% dos ouvintes de música nos EUA são considerados superfãs.

“De acordo com a Luminate, os superfãs nos EUA gastam 66% a mais com música ao vivo do que o ouvinte médio, e duas vezes mais em compras físicas,” destaca o relatório.

O Goldman Sachs cita o nível Super VIP da Tencent Music como um exemplo de categoria de superfã bem-sucedida, que “custa cerca de 2,5 vezes mais que a assinatura premium” e teve forte adesão, com penetração alcançando 12% da base de assinantes da TME no primeiro trimestre de 2025.

4 – Os preços do streaming de música continuarão subindo, com aumentos regulares

É esperado que as plataformas de streaming continuem implementando aumentos regulares nos preços, com a segunda rodada de reajustes ocorrendo geralmente entre 12 e 18 meses após os aumentos iniciais.

“Até 2023, todas as principais plataformas de streaming aplicaram seus primeiros aumentos abrangentes de preços nos planos padrão e familiares. Esses ajustes parecem ter tido pouco ou nenhum impacto no crescimento de assinantes e nas taxas de cancelamento”, afirma o relatório.

Além disso, a instituição financeira acredita que o streaming de música continua com preços atrativos em comparação a outros serviços de entretenimento, destacando que “as assinaturas padrão do Spotify e do Apple Music ainda são 39% mais baratas que a Netflix nos EUA” e que “nos EUA, o gasto médio por conta paga de streaming de música é cerca de US$ 14 por mês.

5 – Mercados emergentes serão responsáveis por 75% do crescimento de assinantes até 2035

O Goldman Sachs prevê que os mercados emergentes serão o principal fator de crescimento do streaming de música, respondendo por 75% das adições líquidas de assinantes até 2035.

“Os mercados emergentes tornaram-se o principal impulsionador do crescimento de assinaturas, representando mais da metade dos novos assinantes desde 2021 (segundo nossas estimativas), incluindo quase 60% em 2024, embora a penetração ainda seja de apenas 8% da população com acesso à internet”, afirma o relatório.

No entanto, eles continuarão a contribuir com uma parcela menor da receita de streaming devido ao menor valor médio por usuário (ARPU) a cada ano.

O banco calcula — com base em dados da IFPI — que o ARPU anual dos mercados emergentes foi de cerca de US$ 8 em 2024, comparado a US$ 31 nos mercados desenvolvidos.

A análise destaca a China como um mercado chave, onde “a taxa de assinantes pagantes da Tencent Music aumentou significativamente desde 2018”, passando de 4,2% para 21,5% em 2024, além da Índia, com um estimado de “20 milhões de usuários pagos em todos os serviços de streaming, de um total de cerca de 200 milhões de usuários ativos mensais (MAU) em 2023.”

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6 – O impacto da IA no upload de músicas e na receita da indústria aparenta ser limitado até agora

Apesar das preocupações de que a inteligência artificial invadiria as plataformas de streaming com conteúdo gerado, o relatório do Goldman Sachs destaca que “o número total de faixas carregadas diariamente diminuiu em relação ao ano anterior pela primeira vez em 2024 (com base em dados da Luminate), apesar da crescente disponibilidade de aplicativos de música movidos por IA para gerar canções.”

A análise do banco sugere que o impacto da IA na receita da indústria musical permanece mínimo, com verificações do setor indicando que “a música gerada por IA representa apenas 0,1% do total de royalties.”

Indústria musical e o uso de inteligência artificial
O uso da IA na música é uma das pautas do relatório (Lee Campbell/Unplash)

Algumas plataformas, no entanto, já estão observando um volume significativo de conteúdo gerado por IA. “A Deezer revelou, em abril de 2025, que mais de 20 mil faixas geradas por inteligência artificial eram enviadas diariamente à sua plataforma (representando 18% de todas as faixas), o dobro das 10 mil divulgadas em janeiro de 2025”, enquanto “a Sony Music informou que removeu mais de 75 mil deepfakes de IA baseados em seus artistas, com forte concentração em seus nomes mais populares.”

O Goldman Sachs enfatiza que “esforços contínuos e coordenados entre os grandes players da música são necessários para continuar evoluindo as estruturas de pagamento de royalties e proteger os direitos autorais musicais.”

 7- O valor global da música ao vivo deve acelerar

O Goldman Sachs estima que a música ao vivo seja um dos principais motores de crescimento, prevendo um aumento de 10,0% em 2025, após um crescimento de 4,4% em 2024.

As projeções do banco de longo prazo foram elevadas para o setor, agora estimando uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 7,2% entre 2024 e 2030, acima dos 6,7% anteriormente previstos.

As receitas com música ao vivo devem crescer de US$ 34,6 bilhões em 2024 para US$ 38,2 bilhões em 2025, US$ 52,6 bilhões em 2030 e US$ 67,1 bilhões em 2035.

A indústria da música ao vivo deve se beneficiar de uma oferta crescente de artistas em turnê ao longo da próxima década”, impulsionada por “incentivos financeiros mais fortes para realizar shows, já que as turnês representam uma parcela cada vez maior da renda dos artistas”, afirma o relatório.

O Goldman Sachs destaca as tendências demográficas como especialmente favoráveis, observando que “o crescimento das gerações Millennials e Z” — que “dão a maior importância relativa às experiências ao vivo em comparação com gerações anteriores” — impulsionará o setor à medida que esses grupos veem “aumentar rapidamente sua renda, patrimônio e poder de consumo nos próximos anos”.

O banco também observa um forte poder de precificação, com “os preços médios dos ingressos” subindo 40% em estádios e 37% em casas de shows entre 2019 e 2024, ao mesmo tempo, em que enfatiza que a música ao vivo “tem se mostrado mais resiliente as recessões do que outras formas de entretenimento”.

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