29 dias de trabalho em um mês: quem é Nadson, o Ferinha, fenômeno da seresta
Cantor está entre os mais ouvidos do país
Se a seresta, uma espécie de irmão mais velho do arrocha, está de volta às paradas de sucesso, um dos seus grandes embaixadores é o cantor Nadson, o Ferinha. O álbum “Seresta pra Paredão 3.0” está no top 10 dos mais ouvidos na história do site “Sua Música” e os repertórios atualizados do cantor são sucesso no YouTube, com centenas de milhões de visualizações na plataforma. Além disso, ele soma 4,5 milhões de ouvintes mensais no Spotify e tem oito músicas entre as 1000 mais ouvidas do país.
Com isso, o cantor teve apenas dois dias de descanso no mês de julho. De resto, era pé na estrada e subir no palco em diversas cidades do Nordeste brasileiro.
“Estou muito feliz com esse momento que estou vivendo, com meus trabalhos entre os mais ouvidos e muitos shows por aí”, disse o cantor, em entrevista a Billboard Brasil entre uma viagem e outra.
Nascido em Tobias Barreto, cidade de 50 mil habitantes a cerca de 100 kms de Aracaju, no Sergipe, Nadson ganhou o apelido de Ferinha de o tio, pois já se destacava na música desde a infância.
Fenômeno na internet
Cantando desde os 11, ele chegou a se apresentar no “Programa do Gugu” após um vídeo dele cantando “Bilu Bilu” viralizar nas redes sociais. Na TV, ele teve a chance de realizar o sonho de conhecer seu grande ídolo, Pablo.
“Estou nesse mundão desde os 11 anos, com 12 eu já estava em um programa nacional. De lá para cá, venho batalhando, buscando meu lugar”. Pablo foi um dos principais nomes do arrocha lá no início dos anos 2010 e serviu de inspiração para o “reizinho” da seresta.
Na internet, seu primeiro grande palco de destaque, Nadson também viralizou com a versão brega funk da música “Na Ponta do Pé”, do MC Livinho.
Sua releitura fez sucesso nas redes sociais com a coreografia feita pelos influenciadores Cremosinho e Ruivinha de Marte.
Com dez anos anos de carreira, o Ferinha gravou recentemente seu primeiro DVD e tem a ideia de rodar o Brasil com o seu novo trabalho. “Se Deus quiser, vamos levar o nome da seresta para todo o Brasil”, profetizou o cantor.
Qual a diferença dos dois gêneros?
Uma das bases para responder essa pergunta diz respeito a “quem nasceu primeiro”. A seresta veio antes do arrocha e foi um fenômeno nos anos 1990 e 2000.
Para entender melhor o que tem de diferente entre os gêneros pedimos uma ajuda para o pesquisador musical Igor Marques, formado em ciências sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e responsável pela página Igoarias Musicais.
“Seresta era uma coisa ligada a pessoas mais velhas, com músicas tocadas em teclado. O arrocha, com artistas como Pablo, passou a utilizar grandes bandas e incluir instrumentos acústicos, transformando-se num novo gênero”.
Nadson reforça essa visão da similaridade entre a seresta e o arrocha. “São coisas muito parecidas. A seresta me parece algo mais lento, mais envolvente e que acabou voltando a ter destaque”.
Histórico da Seresta
No início do século XX, a seresta foi destaque em diversas regiões do Brasil, explica Igor. Segundo ele, a relação entre o gênero famoso lá por volta dos anos 1930 com seu “irmão” mais recente tem dois fatores:
Classe: ao contrário das modinhas (que estavam presente nos salões burgueses), as serestas eram cantadas nas ruas, logo, acessível a pessoas mais pobres. O nome “seresta” tem a ver com isso, o sereno do anoitecer.
Estética: A segunda relação é um pouco mais complexa de se construir, mas seria uma proximidade sonora mais relacionada aos temas românticos e a voz empostada, típicas das serestas.
