Xande de Pilares faz samba passar de atípico a apoteótico no Rock in Rio
Indicado a álbum do ano no Grammy Latino, ex-Revelação fez bonito no Palco Favel
“Que na vida o hoje tem que aproveitar/ Porque eu não sei se o amanhã há de chegar”, canta Xande de Pilares em “Só Depois”, um de seus maiores sucessos recentes. Festejada, a canção foi um dos muitos trunfos do show preciso e sem frufrus do ex-Revelação no Rock in Rio.
Enquanto subia ao Palco Favela, o sambista via seu público chegar do show estranho de Ferrugem e Gilsons no Palco Sunset –que nesta edição de celebração de 40 anos do festival ganhou as mesmas proporções do palco principal. Mas logo soaram os primeiros acordes do cantor, o clima mudou rapidamente.
Se o público jovem não sabia muito bem cantar os versos de “O Show Tem Que Continuar”, os maiores de 35 anos faziam a festa no festival que pouco espaço havia dado ao samba até então.
Improvisando ou cantando sucessos como “Vacilão” (hit da carreira de Zeca Pagodinho) ou “Jogo de Sedução” (hitzaço do Exaltasamba), Xande fez show sem pausas, sem maneirismos e, principalmente, fiel ao popular, à catarse.
Com 40 minutos de concerto, o sambista nem havia estourado nenhuma canção de Caetano Veloso, compositor que homenageou em “Xande Canta Caetano”, recém-indicado a álbum do ano no Grammy Latino, e já tinha deixado o público satisfeito. Ainda teve “Sina”, de Djavan, e “É Preciso Saber Viver”, da dupla Roberto e Erasmo Carlos.
Atração posterior ao grupo Fundo de Quintal, Xande talvez saiba que seu lugar não é o escanteio do Rock in Rio —mas também soube jogar em um terreno que deixou até os veteranos do Cacique de Ramos nervosos. Houve tempo até para “Pais e Filhos”, da Legião Urbana e, veja você, ninguém achou ruim —pelo contrário.
Até porque, no final, foi “Tá Escrito”, gigante do repertório, “Vou Festejar”, eternizada por Beth Carvalho, e um medley baiano de “Levada Louca” e “Maimbê Dandá” quem deu as cartas e uma alegria com tom popular e, por isso pop, em um palco escanteado nas outras edições do festival.
