Quando Monique Dardenne, Claudia Assef e Fátima Pissarra decidiram unir forças para criar o Women’s Music Event, em 2017, ouviram que o projeto, o primeiro prêmio para mulheres na música, era “feminista demais” e que, por isso, não daria certo. “Estamos longe de atingir algum nível de equidade no Brasil e ainda temos muito trabalho a fazer. A única forma de acelerar um pouco esse processo é com projetos como o WME”, diz Claudia.
Desde que nasceu, o WME Awards –que neste ano acontece no dia 17 de dezembro e terá a categoria de Artista do Ano oferecida pela Billboard Brasil– tem sido um sucesso. Na primeira edição, o evento foi apresentado por Preta Gil e recebeu ao vivo personalidades como Elza Soares e Marina Lima, além de produtoras, empresárias e CEOs da indústria musical –o que se repetiu todos os anos, em escala crescente, até esta oitava edição, em 2024. O formato é dividido em três frentes: voto popular, com as vencedoras escolhidas pelo público, na internet; voto técnico, decidido por um grupo de mais de 500 embaixadoras do WME, todas profissionais da música; e homenageadas pelo conjunto de sua obra.
Além de consagrar as artistas por suas composições, pelos videoclipes e pelas apresentações, o prêmio joga luz, especial- mente, sobre as mulheres que trabalham atrás das câmeras e dos palcos. “Isso foi bem recebido pelo mercado, porque essas profissionais, mulheres reais, podem ter visibilidade. Não é um prêmio individual, é para todas as mulheres que representam aquela classe”, diz Monique.
“É um orgulho ver o WME Awards crescer a cada ano, ampliando o reconhecimento das mulheres que transformam a indústria da música no Brasil”, diz Fátima Pissarra, CEO da Mynd e idealizadora do prêmio ao lado de Claudia e Monique. “Celebrar artistas como Lia de Itamaracá e Nara Leão é uma forma de homenagear o legado de resistência e criatividade feminina, que inspira novas gerações e reafirma o meu compromisso, e daqueles com quem trabalho, com a inclusão e a representatividade em todas as esferas do mercado fonográfico.”
Brilho das Estrelas
Todos os anos, a vencedora de cada categoria sobe ao palco para receber o troféu –uma escultura de madeira e marfim, em formato de seio, cujo bico muda de cor a cada edição, desenvolvida pelo Estúdio Pum– e um anel dourado criado pela designer de joias Beatriz Brennheisen.
Quando falam sobre os melhores momentos da história do WME Awards, Monique e Claudia são unânimes ao lembrar de Elza Soares. “Ela foi a primeira grande artista a nos dar moral e ir ao prêmio. No primeiro ano, ganhou na categoria melhor videoclipe e fez questão de ir pessoal- mente receber o troféu. No segundo, foi homenageada em vida e ganhou o prêmio de cantora.” Elza usava sempre o anel que recebeu junto com o troféu, inclusive em ocasiões especiais, como o lançamento de sua biografia, escrita por Zeca Camargo.
Elas destacam, ainda, o discurso de Liniker na edição de 2023, quando ela venceu como cantora do ano e subiu ao palco para proferir palavras que levaram a própria artista e boa parte do público às lágrimas. “Temos um roteiro maravilhoso. Mas as vencedoras, quando sobem lá para pegar o troféu, sempre quebram os protocolos e fazem discursos que emocionam demais”, finalizam.