Will Smith entra no relatório da PF sobre plano de golpe; entenda
O ator e cantor se apresentou no Rock in Rio 2024
Entre os nomes que aparecem no relatório da Polícia Federal sobre a investigação de um golpe de Estado, após as eleições de 2022, está o astro de Hollywood Will Smith.
O ator e também cantor, que se apresentou no Rock in Rio 2024, é citado em um dos capítulos do documento. Segundo a PF, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) teria utilizado uma estratégia conhecida como “Reação de Goche”, usada para manipular e influenciar comportamentos. A tática foi apresentada ao público em um filme estrelado por Will.
Nas mensagens às quais a investigação teve acesso, a intenção do parlamentar, conforme ele afirma, era chamar a atenção da imprensa e conseguir apoio para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso.
Em fevereiro de 2023, Marcos do Val disse à revista Veja que o ex-deputado Daniel Silveira lhe pediu para gravar uma conversa com o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes. O conteúdo seria utilizado para anular o resultado das eleições. O plano teria sido organizado por Daniel na presença do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ao conceder outras entrevistas, o político mudou o discurso e passou a negar a participação de Bolsonaro.
Na mesma época, em conversa com Carla Zambelli (PL-SP), Marcos afirmou que a mudança de versão era uma tática utilizada para viabilizar a instalação da CPMI do 8 de Janeiro, que investigou os atos antidemocráticos. Ele alegou ter empregado uma estratégia para manipular subliminarmente o contexto.
“Eu usei uma estratégia chamada ‘Reação de Goche’. Depois leia sobre isso. Já foi mostrado no filme ‘Golpe Duplo – com Will Smith’. O que ele fez no filme sobre o número 55, eu usei nas entrevistas a palavra principal CPMI”, escreveu o senador. A PF conta que no filme “Golpe Duplo” de 2015, o personagem de Will Smith “usa uma técnica semelhante para ‘programar’ mentalmente uma pessoa, fazendo-a escolher o número 5.
Segundo a polícia, o senador “atuou no interesse da organização criminosa com o objetivo de dificultar e embaraçar os procedimentos investigatórios relacionados à tentativa de golpe de Estado”. De acordo o inquérito, depois de divulgado o plano para gravar Moraes, integrantes do grupo investigado próximos ao ex-presidente Bolsonaro “atuaram para que o senador alterasse sua versão sobre o plano criminoso e afastasse a participação do ex-presidente na trama”.
“Nesse ponto, cabe ainda contextualizar que as ações descritas para gravar o ministro Alexandre de Moraes ocorrem exatamente no período do mês de dezembro em que a organização criminosa estava ajustando os termos finais do decreto golpista e executando ações operacionais para prender/executar o ministro”, dise a PF.