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Depois de estourar com ‘Se Tá Solteira’, VHOOR agora quer um Grammy

Depois de estourar com ‘Se Tá Solteira’, VHOOR agora quer um Grammy

Nome forte do funk brasileiro, produtor mineiro chega ao terceiro álbum

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O DJ e produtor Vhoor

Vhoor chama de “brincadeira” os dez anos da carreira que, em 2021, atingiu seu ápice comercial com o lançamento de “Baile”, em parceria com o rapper FBC. Agora, o tímido produtor mineiro lança “Resenha”, álbum de funk que revela o quanto a produção funkeira é feita por funkeiros viciados na história do… funk. No final de maio, ele se apresenta no primeiro dia (25/05) do festival Doce Maravilha, no Rio.

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“Do ‘Baile’ ao ‘Resenha’ foi uma construção de autoestima artística, de acreditar. De ver que meu trabalho e o de outros produtores nacionais estão no mesmo patamar de produções globais”, reflete, classificando o novo disco como “competitivo”. “É um trabalho que eu posso mostrar para os produtores dos quais eu sou fã. Minha meta agora é um Grammy”, diz assertivo, vendo que Venda Nova, um dos últimos bairros de Belo Horizonte, agora é parte da biografia do funk.

Puxado pelo hit “Se Tá Solteira”, foi “Baile” que levou a dupla Vhoor e FBC para outro patamar na música brasileira. Em paralelo, como obra de um zeitgeist, as “MTG” da capital mineira já estavam fazendo as cabeças em bailes como os do Serrão e do Campinho. E foi isso que se ouviu no álbum de 2021: um passeio pelo melody, pelo Miami bass e pelas biografias da dupla. Mas segundo Vhoor, havia ali outras histórias tão musicais quanto aquelas cantadas.

“Eu ficava falando pro Fabrício [nome real de FBC, MC e compositor]: ‘Cara, e se a gente fizer um álbum em que cada timbre tem uma história? Será que a gente consegue chegar nesse lugar?'”, conta, explicando que “esse lugar” significava ser referência. Deu certo.

De quebra, Vhoor tornou-se uma bandeira do funk brasileiro para a gringa. Quando Anitta anunciou “Grip”, de seu novo álbum “Funk Generation”, muitas pessoas evidenciaram a proximidade com os timbres de “Baile”. Para o DJ não se trata de cópia, mas de DNA.

“Sei que ‘Baile’ rodou bastante no Brasil e é um álbum que bateu forte também no underground. Não posso dizer que foi ‘Baile’ que inspirou alguns artistas a fazerem Miami bass, mas sei que ele influenciou muita gente”, diz o produtor que é amigo de Zebu, produtor do novo álbum da cantora. Ambos dialogaram sobre o tema no X.

Se em “Baile” o tributo era ao grave que vinha da costa leste norte-americana que dominou o funk carioca dos anos 1990, “Resenha” revive o funk a partir do gênero ostentação (que surge no final da primeira década dos anos 2000), passa pelo “Passinho do Romano” até chegar em DJ P7, um dos criadores do mandelão, vertente orgulhosa do “submundo” de São Paulo.

Das resenhas dos menores aprendizes pro mundo

“Produzir funk é diferente de produzir música eletrônica”, diz Vhoor, citando o ensinamento principal a partir das colaborações em “Resenha”. Se, a partir de 2010, músicas de MCs como Pikachu, Bin Laden e danças como as protagonizadas por Fezinho Patatyy eram vistas como meme para grande parte da internet, também havia muita gente que registrava aquilo como parte da história do funk. Vhoor era um deles.

Evocando o nome dado àquelas pequenas reuniões para ouvir música e encontrar amigos, “Resenha” faz uma viagem pelo funk que moldou o ex-menor aprendiz especializado em recursos humanos. “Esse disco fala de como eu fui parar no funk. Quando éramos moleques, a gente pegava essa grana do [salário de] menor aprendiz para se encontrar e fazer festinha”.

Mas, principalmente, esses moleques queriam escolher as músicas que ouviam.

“Eu fiquei apaixonado. Eu ficava pensando ‘nossa, véi, como funciona tudo isso?’. O funk no Brasil hoje é uma ferramenta da música pop. Muita coisa só existe por causa do funk. Então, esse álbum é uma realização pessoal, é o sonho do Victor Hugo de dez anos atrás”, conta.

Depois de passada a etapa das resenhas e das primeiras discotecagens, Vhoor tornou-se referência. Em 2023, se apresentou no festival Primavera Sound, em Barcelona (veja no vídeo abaixo), levando o beat bolha de “Sinfonia Dançante – Beat Bolha vs. Magrão”, do DJ Brat para apreciação mundial. Para quem é pouco versado em funk, o produtor mineiro funciona como uma espécie de catalogador —como boa parte dos colegas viciados na história do gênero.

O funk na música pop

“Cara, pode ser uma coisa da minha cabeça, mas é uma reflexão que eu tenho: o funk se divide em dois. Um funk é de perfomance, tipo show da Anitta: 20 bailarinos, iluminação, fogos… E o baile funk tipo Jeeh FDC, Ramon Sucesso… Eu acho que é um funk de bastidor… Sempre tem uma aproximação, mas são culturas muito diferentes. Eu não me vejo tendo um papo com a Anitta explicando para ela o porquê de eu ter usado o sample de ‘Escorregou, Abaixa E Pega’ [de MC Sabãozinho]. Acho que ela está mais preocupada em fazer um ‘showzaço'”, reflete.

Contando com “Baile”, “Resenha” é o terceiro álbum de Vhoor. Ele sucede “Baile & Bass“, de 2022.

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
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