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A incrível história de Ramon Sucesso, DJ de 21 anos que, agora, lança vinil na Europa

A incrível história de Ramon Sucesso, DJ de 21 anos que, agora, lança vinil na Europa

Um pix fantasma, um vídeo improvisado e o beat bolha mudaram a vida do DJ

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Design sem nome 22

Ramon Sucesso começou com 16 anos e se diz um predestinado. “Nunca imaginei gravar um disco que fosse tocar na Europa”. Ramon fala um manso carioquês que contrasta com sua frenética performance nas controladoras. “E os DJs que eu cresci admirando nunca gravaram disco de vinil na Europa. Caraca… chego a arrepiar”, diz esse foguete de 21 anos, responsável por “Sexta dos Crias”, primeiro podcast/set mixado de funk a ser lançado em vinil no século 21.

Com as cores rubro-negras, o disco rendeu um adiantamento financeiro que o DJ tratou logo de transformar em mantos do Clube de Regatas do Flamengo, uma de suas paixões.

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“Sexta dos Crias” é apenas o sexto disco do catálogo da gravadora Lugar Alto. Por um ano, ficaram no vácuo tentando contato com o DJ para a realização do disco. “A minha antiga produtora me colocou na geladeira. Começou a promover outros artistas e me esqueceu. Os malucos da gravadora queriam que eu gravasse um disco e eles não responderam por um ano”, revela.

O álbum traz duas faixas, uma de cada lado. Ramon está em casa: microfone aberto, vinhetas e muito do chamado beat bolha, criado por volta de 2014 em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, onde o DJ se enraizou.

 

E até que o tal beat traduz um pouco dos acasos que levaram o produtor à condição de revelação da música eletrônica mundial. “O beat bolha, quando eu comecei a tocar, meio que ele já tinha passado, tá ligado?”, explica Ramon.

Mas foi há quatro anos que esse beat, que simula bolhas ao estourar e ao borbulhar, começou a ser redescoberto pelos funkeiros do Rio, de Belo Horizonte, de Vitória, de São Paulo e pelos produtores de funk que não estão nos circuitos de baile, como o produtor VHOOR —que adora tocar a “Sinfonia Dançante”, do DJ Brau, recheada de violinos e… bolhas.

Para usar o beat bolha, Ramon foi pedir a bênção aos criadores, em um movimento respeitoso, raro. Começou a criar vídeos usando o beat e eram justamente esses que tinham mais visualizações. “Entrei em contato com os menor, tá ligado? ‘Posso botar beat bolha no meu nome?’ Quer dizer, eu já sabia que esse beat ia representar minha carreira”. Os DJs Ulisses Coutinho, Meirinho e Miltinho autorizaram, e agora é Ramon quem estoura bolhas por aí.

Respeito por quem veio antes

“Mano, tipo assim, nenhum desses nomes fui eu que criei”, diz, fazendo menção ao título de seu primeiro álbum, que também passou a ser compartilhado à exaustão junto dos emojis 👿🎭💯 para simbolizar aos usuários das redes sociais e substâncias afins da sexta-feira de que estava tudo, sim, liberado. A expressão surgiu nos comentários dos primeiros vídeos que Ramon publicou e o DJ logo se apropriou.

“C… que p… é essa!? Era tanto comentário que eu comecei a usar”, em mais um daqueles acasos que estavam ali esperando pelo predestinado. À primeira vista, Ramon não gostou dos vídeos que o irmão Juan gravava porque o suporte do celular era a caixa de som e isso resultava em um vídeo que estremecia a cada estampido dos graves que o DJ soltava. O irmão insistiu e a tremedeira virou estética. “No terceiro vídeo, deu 100 mil views. Que isso! E era o que tinha o ‘bolha’. Aí eu fiquei só fazendo ‘bolha’.”

Mas esse foi apenas um dos momentos em que a combinação de talento e família jogou Ramon pra lua. Quando soube que ia ser pai, com 19 anos, o produtor pensou em largar o hobby de DJ. Teria que trabalhar firme para sustentar o pequeno Thalles. Foi então que Sérgio, pai de Ramon e avô do mais novo membro da família Sucesso, resolveu intervir.

“Eles [o pai e a mãe, Elaine] não queriam que eu desistisse do meu sonho. Eu ia largar tudo. Mas eles disseram ‘daqui pra frente, a gente vai arcar com tudo'”, conta explicando a segunda vez que a família interveio em defesa do sonho de Ramon.

O pix inesperado para um moleque predestinado

Evangélico, Ramon não bebe, nem fuma. Em 2018, a pedido da mãe, o DJ trabalhou nas eleições pra levantar uma grana. Depois, lavou carros. Mas não seria desses dois bicos que sairia a grana mais desejada.

“Minha mãe tem mania de ficar olhando a conta bancária do meu pai”, narra o DJ. Já era tarde da noite quando a matriarca percebeu algo estranho. “Do nada, mané, lá na conta bancária… R$ 3 mil”, conta. Foi uma correria danada para achar um banco 24 horas e sacar a grana divina. “Meu pai chegou em casa chorando. R$ 3 mil! Ele deixou na minha mão. ‘Isso aqui é para o teu sonho’, ele disse”.

Isso leva Ramon a refletir sobre providências (e previdências!) divinas.

“Se Deus bota um sonho na tua cabeça… Quando eu era pequeno, eu queria ser jogador de futebol… Tipo, surgiu esse sonho depois de ser DJ. E não foi à toa. Para mim, Deus capacitou”, explica o DJ que desvia quando perguntado se era bom de bola. “Sei jogar”, diz coordenando a resposta humilde com uma risada tímida —resposta essa que em 100% dos casos revela um bom jogador. E Ramon é craque mesmo.

“Tu nunca vai me ver discutindo polêmica na internet. Mas comentaram esses dias no Twitter: ‘como é que consegue gostar de funk, tem arma na favela, gente estuprada…’ O funk já tirou muita gente do sufoco. Eu sou uma vitória muito grande do funk”, finaliza o DJ.

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