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Simple Plan encerra festival com anticlímax e ‘coitadolândia’

Simple Plan encerra festival com anticlímax e ‘coitadolândia’

Show do NX Zero trouxe prejuízos à simplicidade nostálgica dos canadenses

Avatar de Débora Miranda
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O Simple Plan acenou para uma audiência que enfrentou muita coisa para poder cantar “I’d Do Anything”, tema de abertura do último show da noite de sábado (2), do I Wanna Be Tour e do primeiro álbum “No Pads, No Helmet… Just Balls”, de 2002.

Pra quem não sabe, a banda viveu uma história de amor com o público brasileiro: desfilou uma série de hits no começo da década de 2000 que eram transmitidos pela MTV ou baixados em peer-to-peer, torrent ou no mIRC. Se você não sabe o que MTV ou mIRC significam, não se assuste: muitos dos que gritavam a cada interação do vocalista Pierre Bouvier também não faziam ideia. Era um show de celebração entre diversos públicos que a banda cativou (e cativa) com carisma evidente, mas que, nesta noite, deixou a sensação da ausência de algo a mais no palco do que somente o carinho com os fãs e a saudade de uma época mais simples.

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O atropelo emocional causado pelo NX Zero, horas antes, no mesmo palco, deixava no ar uma sensação de expectativa por um show incrível da banda — que não se confirmou para além dos fatores já citados.

As vozes adolescentes que ecoavam no Allianz Parque, aliás, vinham de ambas as direções (da plateia e do palco —as cordas vocais de Bouvier fazem sua voz parecer jovial até demais) mas viviam emoções distintas: as da plateia, eram vozes que esperavam um encontro com uma banda que fosse mais do que memória; as do palco, cantavam como se em um casamento, em uma formatura.

Se o show dos brasileiros do NX Zero transformou o estádio alviverde em uma celebração do hoje, os canadenses soavam, ainda, como se estivessem na primeira década em que foram revelados. Os ganchos simplórios para os refrães de canções como “Jet Lag” ou “Jump” fizeram a alegria de quem, agora, queria mesmo era terminar a festa em puro algodão doce da nostalgia.

Mas, talvez por isso, a sensação nesta arena emo era de uma empolgação mais cansada, típica da nostalgia quando encaramos o espelho e sentimos a força do tempo. Ademais, os fãs que ficaram o dia inteiro no estádio sentiram também os agentes que marcaram presença no I Wanna Be Tour: calor, corredores mal organizados, funcionários confusos, filas grandes de banheiros e pipoca como principal quitute ambulante para quem não queria enfrentar as filas das lanchonetes.

Mesmo com os singles da banda na ponta da língua, momentos como “Addicted”, por exemplo, davam a deixa de que a situação só viria a se tornar uníssona de verdade quando chegassem os grandes planos da noite. E dizendo “muito, muito obrigado, tá tudo muito bonito nesta noite”, o Simple Plan brindou o público dando voz ao sentimento com que muitos esticavam suas franjas tempos atrás.

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O público esperou ansiosamente pela apresentação, a última da noite de sábado (Taiz Dering/Billboard BR)

“No, you don’t know what it’s like/ When nothin’ feels alright/ You don’t know what it’s like to be like me”, diz o finalzinho do refrão antes de estourar na frase “Welcome To My Life”, que dá nome a um dos maiores sucesso da banda e que ecoaram neste dia de celebração de uma das vertentes mais comerciais do rock. Você já se sentiu assim? O coral respondia que sim e alguns se olhavam como “nossa! lembra?”. Outros se abraçavam como que dizendo “estou por aqui, vamos juntos”.

No fundo, o envelhecimento emo é uma vantagem para os dois lados dessa festa. “Pra mim, isso tudo parece como um paraíso”, disse Pierre antes de “Summer Paradise” e de jogar um balão para que os fãs ficassem brincando. Enquanto as bolas quicavam e alguém da plateia se sentia mal, a banda parou a exibição, ofereceu água e viu os próprios fãs congelarem a brincadeira até que o paraíso emo voltasse a ser paradisíaco.

Fora isso, foram poucos momentos que trouxeram uma sensação que suprisse algo a mais que a carência dos fãs dos canadenses. O repertório da banda trouxe até “What’s New Scooby Doo”, insossa ao vivo como já era na época de seu lançamento, em 2002, para a série de mesmo nome. Aí virou “Festa Ploc”: teve Mamonas Assassinas (“Vira-Vira”) e um bando de gente vestida de personagem da Hannah Barbera no palco.

Com isso posto, restava no setlist da banda um medley de “All Star” (Smash Mouth) com “Sk8er Boi” (Avril Lavigne) e “Mr. Brightside” (The Killers) como últimas tentativas de fazer uma festa no país “das caipirinhas e dos pães de queijo”, como enfatizado no palco. Funcionou e a junção de covers trouxe alguma empolgação para o ato final.

Com a sensação agridoce causada pelo show e acampado no gramado alviverde, o público nem notou o silêncio no palco à espera de um pedido de bis. Assim, a banda voltou a tocar mais um medley (“Crazy”, “Perfect World”, “Save You”, “This Song Saved My Life”) e “I’m Just a Kid” —com participação amena de Di Ferrero, como aconteceu na noite anterior, também em São Paulo, e a aparição da bandeira e da camisa do Brasil, itens para dar aquele gás na reta final do show.

Apresentadas em uma noite mais animada, “Gone Too Soon” e “Untitled”  não marcaram presença. A noite, assim, foi terminando com o uníssono de “Perfect”. “Agora é tarde demais e não podemos voltar atrás”, diz a letra que fez a multidão atravessar o Allianz em grande silêncio pelos corredores na volta para casa, exibindo uma cena muito contrastante entre expectativa e realidade.

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
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