Sem medo de ser feliz, Forfun volta aos palcos com muita união e reconstrução
Banda volta aos palcos após pausa em 2015
O Forfun está de volta. A banda carioca, que fez parte da geração “riocore” e anunciou uma pausa ainda em 2015, retorna aos palcos para o primeiro show da turnê “Nós” nesta sexta-feira (5), em Florianópolis.
A banda voltou “quando tinha que voltar”, explicou Vitor Isensee, guitarrista e tecladista, em entrevista para a Billboard Brasil.
“Essa conversa [sobre volta] rolava há, pelo menos, uma vez por ano. Antes da pandemia, acho que em 2019, a gente se reuniu e ficou algo mais próximo. Veio a pandemia, paramos tudo. Agora surgiu um convite interessante”, explica.
Porém, talvez o que melhor explique esse retorno seja a parada.
Política
O Forfun, que começou com Vitor, Danilo Cutrim, Nicolas Fassano e Rodrigo Costa jovens, lá no início dos anos 2000, chegou em 2015 com todos já para lá de adultos.
Se no início as letras falavam de curtir a vida sob a base de um hardcore californiano, a coisa foi ficando mais madura e as discordâncias — inclusive política — afloraram. Nisso, a banda decidiu pela pausa.
Dos quatro integrantes, três seguiram num outro projeto musical, Braza. Rodrigo, o integrante mais à direita, seguiu seus projetos.
Em 2019, o próprio Rodrigo chegou a dizer em entrevista que a banda tinha um “viés de esquerda”, o que foi um dos motivos da pausa. Um ano antes, ele declarou apoio a Jair Bolsonaro na eleição presidencial.
“Acho que apesar de nos posicionarmos em espectros políticos diferentes, há coisas maiores e mais importantes na vida, como estarmos felizes, cultivarmos uma boa energia no relacionamento, podermos nos enxergar como banda de uma forma talvez mais madura, e o que temos em comum – assim como a relevância das composições que temos e a vontade de tocá-las – é muito maior que essas diferenças. Brigas e conflitos são as trevas em ação. Empatia, afeto, trabalho, são a luz”, diz Rodrigo, em texto enviado à Billboard Brasil.
Espelho para o Brasil
Mantendo uma cara “good vibes“, Vitor acredita que o Forfun possa simbolizar um novo momento para o país, inclusive.
Afirmando não ter a pretensão de unir o Brasil, ele afirma que a banda pode, sim, transmitir a mensagem de reconciliação. Os quatro, que nunca se distanciaram, chegaram a tocar no assunto e a conclusão foi que as diferenças sempre vão existir — e tudo bem, segue o jogo.
“Sendo bem sincero? A gente falou sobre, mas nem teve muita conversa. Não é querer ser exemplo para ninguém, mas de certa forma até por esse impacto geracional, a gente fazer esse gesto de estar junto é de certa forma um exemplo. Acho que é um gesto no mínimo legal”, comenta Vitor.
O que será do amanhã?
“A gente não vai lançar nada”. Foi com essa resposta curta e direta que Vitor falou sobre voltar para estúdio e gravar novas canções como Forfun.
Ele explica que a ideia do retorno aos palcos foi para satisfazer um desejo dos quatro integrantes, dos fãs e dos produtores. Porém, seria “hipocrisia” forças mais coisas sem um clima ideal.
O músico explica que todos têm seus projetos paralelos e eles chegaram a negar a participação em um festival no mês de dezembro, pois o grupo já tinha anunciado a turnê até novembro.
“Podemos conversar daqui, sei lá, cinco, dez anos, e a gente já ter lançado vários álbuns. Mas a resposta hoje é que faremos essa turnê e só. Queremos que todos aproveitem ao máximo, que tenha uma união do público mesmo, que seja um grande encontro. Não há o porquê criar essa expectativa agora. O desejo do Forfun é que todos vivam esse momento com a gente”.