Se você acha que a Suécia se resume ao ABBA, precisa escutar Graveyard
O quarteto de rock pesado se apresenta neste final de semana em São Paulo


Quando se fala em música pop da Suécia as referências mais óbvias são –claro– o quarteto ABBA, uma ou outra banda de heavy metal melódico e alguns nomes do indie rock. É por essas e outras que um grupo como o quarteto Graveyard, que faz três apresentações no Brasil este mês (confira datas, locais e preços dos ingressos abaixo) pode causar uma estranheza inicial.
A especialidade dos guitarristas e vocalistas Joakim Nilsson e Jonathan Larocca, do baixista Truls Mörck e do baterista Oskar Bergenheim é um blues rock pesado, uma combinação que os fazem ser reverenciados por plateias diversas. Descobertos através da (extinta) plataforma de streaming MySpace, eles possuem uma discografia composta por seis discos –o predileto do redator é “Hisingen Blues”, de 2011– e têm fama de fazerem apresentações catárticas.
O Graveyard surgiu na cidade de Gotemburgo, no ano de 2006, inicialmente pelo guitarrista e vocalista Joakim Nilsson. O também guitarrista Jonathan Ramm, o baixista Rikard Edlund e o baterista Axel Sjöberg se uniram a Nilsson para a gravação de “Hisingen Blues”, disco que os colocou no mapa do heavy metal mundial.
A princípio, uma das estratégias de divulgação do grupo foi focar na divulgação em redes sociais. “Fomos uma banda do Myspace, onde tivemos nosso primeiro reconhecimento pelo público em 2006. Mas foi através das turnês que realmente construímos nossa reputação. As plataformas digitais nos ajudam a nos conectar com pessoas no mundo todo, algo imprescindível hoje em dia”, diz o baixista Mörck, em entrevista para a Billboard Brasil. Embora tenha entrado na banda a partir de 2015, com o disco “Innocence & Decadence”, o músico está perfeitamente integrado à sonoridade da banda. Conhecia os caras do Graveyard de antes, quando estavam em outras bandas. Quando me convidaram para a banda, antes de gravarmos “Innocence & Decadence”, eles foram muito abertos a novas ideias. Era um ambiente criativo e me encorajaram a deixar minha marca. Essa mentalidade aberta foi essencial para a criatividade ocorrer naturalmente”, diz ele.
Mas vamos à pergunta que não quer calar? Como o blues entrou na Suécia a ponto de uma banda do país não querer sair cantando “Dancing Queen”? “Muitas bandas britânicas vieram para cá nos anos 1960 e 1970, como Fleetwood Mac, que tocaram em Gotemburgo”. Essas influências ficaram conosco”, explica Mörck. “Quando crescemos, a Internet nos deu acesso a qualquer álbum obscuro dos anos 1960, e pessoalmente, meu pai tinha uma coleção de discos que me expôs a sons interessantes. Sempre quis ser diferente dos meus colegas, então buscava minha própria música, muitas vezes a partir do que encontrava na coleção dele”, conclui.
A versatilidade de Mörck incluiu ainda uma paixão pela música country e psicodelia americanos dos anos 1960 –a ponto de se apresentar no Ryman Auditorium, em Nashville (templo do country), ao lado do também sueco Opeth. “Desde pequeno, tive contato com o bluegrass através de amigos e da biblioteca local, onde pegava CDs que me interessavam visualmente. A música de Grateful Dead e as bandas psicodélicas da Califórnia dos anos 1960 também fizeram parte dessa influência. Tocar no Ryman Auditorium foi surreal, sabendo do histórico musical daquele lugar”, emociona-se Mörck.
Em 2023, o Graveyard lançou “6″, um disco mais introspectivo. “Ele foi escrito numa época sem tours agendados, em 2021, quando nosso futuro era incerto. Havíamos voltado de uma longa turnê apoiando um álbum de 2018 e, de repente, tudo mudou em março de 2020. No início, até foi bom ter alguns shows cancelados, porque estava cansado, mas depois a situação evoluiu para algo mais sério. Esse álbum surgiu dessa calma e incerteza, e é um trabalho pessoal, introspectivo. Musicalmente, ele é mais relaxado e espaçado. Levar essas músicas para o palco hoje é interessante, pois algumas nos fazem querer seguir em frente, enquanto outras se encaixam perfeitamente no nosso set”, explica o músico.
E mais uma vez, quer dizer que a Suécia tem gente tão boa quanto o ABBA (brincadeira, claro, mas era necessário ele discorrer sobre a arte local). “A Suécia tem uma forte cena de death metal e pop mainstream, com artistas como Max Martin. É fascinante o quanto a cultura sueca está interligada à música dos Estados Unidos, especialmente influências de décadas passadas que ainda ressoam hoje”, diz Mörck.
GRAVEYARD NO BRASIL (com Danko Jones)
14 de março Agyto (Rio de Janeiro)
15 de março Vip Station (São Paulo)
16 de março Mister Rock (Belo Horizonte)