Robert Trujillo, do Metallica, fala sobre show em despedida do Black Sabbath
Baixista tocou com Ozzy Osbourne de 1996 a 2003
Participar do festival Back to the Beginning — as últimas apresentações ao vivo de Black Sabbath e Ozzy Osbourne — no dia 5 de julho na Inglaterra, será especial para a miríade de músicos envolvidos. Mas o baixista do Metallica, Robert Trujillo, tem um papel diferente nos preparativos.
Trujillo foi baixista de Osbourne de 1996 a 2003, quando ele se juntou ao Metallica. Ele coescreveu músicas para o álbum “Down to Earth”, de 2001, e gravou trechos de baixo inéditos para reedições de “Blizzard of Ozz” e “Diary of a Madman”, de 2002, e introduziu seu característico movimento de palco, “andar de caranguejo”, ao tocar “Iron Man”, do Black Sabbath, com Osbourne.
Trujillo também coescreveu quatro músicas do álbum “Patient No. 9”, vencedor do Grammy em 2022, de Osbourne, e tocou em sete de suas 13 faixas. E o baixista fez parte da apresentação de estrelas na entrada de Osbourne no Hall da Fama do Rock and Roll em outubro passado.
“Estou sempre presente para o Ozz”, disse Trujillo à Billboard.
“É surreal… Passar de tocar músicas do Black Sabbath e material solo do Ozzy em festas no quintal com uns 16 ou 17 anos em Los Angeles, antes de ir para as baladas… E então, quando subi no palco com o Ozzy, tocar músicas como ‘Iron Man’, ‘Sweet Leaf’ e ‘War Pigs’ foi tão incrível e surreal, como um sonho se tornando realidade. Fazer isso e lá estava ele, na minha frente… Foi ótimo.
“Então, essa experiência que estamos prestes a ter em Birmingham é realmente especial, mas também é triste porque você sabe que este é o último show deles, e isso é definitivo. Parece o encerramento de um capítulo.”
A conexão de Trujillo com Osbourne e o Black Sabbath remonta à sua infância, de uma forma que ele diz ser compartilhada também por seus colegas do Metallica, James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett.
“A primeira música pesada que realmente me assustou veio do Black Sabbath”, explica Trujillo.
“Todos nós do Metallica temos histórias parecidas. Foi ouvir a música ‘Black Sabbath’ e olhar para aquela foto da mulher na capa [do primeiro álbum], com a igreja ao fundo, e nos assustarmos: ‘O que é isso? Quem é essa mulher? Onde é isso?’ Simplesmente ressoou em nós e nos assustou quando éramos crianças. É tão engraçado termos tido uma experiência parecida. Achei muito legal.”
Trujillo lembra que, durante seus dias na banda de Osbourne, o cantor contou sobre o Black Sabbath ter assistido ao filme “O Exorcista”, de 1973, juntos, enquanto viajavam pelos EUA.
“Eles ficaram com tanto medo que dormiram com as luzes acesas — nem sei se assistiram ao filme inteiro”, diz ele. “Foi muito engraçado ouvir Ozzy contar aquela história sobre o medo que eles sentiam. Ele disse: ‘Você consegue imaginar o Príncipe das Trevas com medo de um filme?!'”, ele ri.
“Então, o que eles sentiram com ‘O Exorcista’, todos nós sentimos com o álbum [do Black Sabbath] e suas músicas — especialmente naquele primeiro disco.”
Por isso, a equipe do Metallica estará no Back to the Beginning tanto como fãs quanto como artistas. “Estamos muito animados para ver o Sabbath tocar”, diz Trujillo.
“Também é um mistério ver o que eles vão tocar e o quanto serão capazes de fazer. É muito legal que tantos músicos — jovens, velhos e de todas as idades — farão parte disso. Todos estão por perto para celebrar da maneira certa. É como se três dias fossem compactados em um, e é uma honra e um privilégio, e realmente o maior sinal de respeito por aquela banda.”
Trujillo diz que o Metallica foi uma das primeiras bandas abordadas para fazer parte do evento Back to the Beginning, cuja programação também inclui Guns N’ Roses, Slayer, Tool, Patera, Halestorm, Alice in Chains, Sammy Hagar, Billy Corgan e muitos outros, com Tom Morello, do Rage Against the Machine, atuando como diretor musical.
“Fomos convidados meses e meses atrás, quando as pessoas não sabiam que isso estava acontecendo”, lembra Trujillo. “Então comecei a ouvir falar sobre isso, então foi interessante ver a empolgação crescendo entre outros músicos. Era meio que o assunto da cidade — pelo menos em Los Angeles, onde moro — entre os colegas, e eu pensava: ‘Ah, sim, eu sei disso.’”
O Metallica tem estado ocupado elaborando seu set de meia hora para o evento, que incluirá suas próprias músicas, além de pelo menos uma faixa do Black Sabbath.
“Imagino que tocaremos o que os fãs provavelmente gostariam de ouvir de um set do Metallica, a base popular do que o Metallica faz. E quanto à música do Sabbath, tocamos algumas ao longo dos anos. Temos trabalhado em algumas coisas, mas ainda não entramos oficialmente e realmente improvisamos, então é um trabalho em andamento, mas acho que os fãs ficarão positivamente surpresos e também animados, porque sempre deixamos nossa marca nisso.”
“Também é um grande desafio para nós. Ouvi o James trabalhando em um pouco disso ontem, antes do show, lá longe, na nossa sala de improvisação. Os vocais do Ozzy são bem agudos, principalmente na juventude, ele buscava essas notas, e acho que para qualquer pessoa isso é um desafio que você precisa lidar. Então, sim, estamos nos preparando para isso, provavelmente como todo mundo agora. A maioria das bandas está em turnê no momento, e provavelmente, nas passagens de som, estão tocando uma ou duas músicas do Sabbath, porque você quer fazer direito, sabe?”.
O show do Back to the Beginning será transmitido ao vivo a partir das 10h (horário do leste dos EUA) nos Estados Unidos. Os ingressos estão disponíveis no site do Back to the Beginning.
O Metallica encerrou recentemente a mais recente etapa norte-americana de sua turnê mundial “M72”, que começou em abril de 2023. O grupo segue para Austrália, Nova Zelândia e Oriente Médio a partir de novembro, com outra turnê pela Europa programada para o final da primavera e o verão de 2026.
