Quem é o jovem que está mudando o caminho da música regional mexicana
Ivan Cornejo, de 19 anos, é o novo destaque do gênero
Um mar de adolescentes e jovens (com alguns pais acompanhando) cobria cada centímetro do Aragon Ballroom de Chicago, Estados Unidos, em 17 de novembro. Aqueles mais próximos do palco tinham ficado do lado de fora por horas, enfrentando as temperaturas rapidamente decrescentes de um típico dia de outono no meio-oeste, enquanto esperavam em uma fila de entrada que dava a volta no quarteirão.
Eles estavam lá para uma sessão de terapia com Ivan Cornejo, o artista mexicano-americano de 19 anos que se tornou o terapeuta não oficial de uma geração, proporcionando um espaço de cura em seus shows com músicas sobre amor e desilusão.
Cornejo, que é de fala mansa e consideravelmente tímido, parecia um terapeuta vestido com calças cinzas, uma camisa escura elegante e um pedaço de tecido enrolado como uma faixa na cabeça, que se tornou parte de seu visual característico no palco.
Aquela noite foi o seu segundo show lotado no Aragon e foi realmente uma terapia para os fãs presentes, que derramaram algumas lágrimas durante a noite enquanto também cantavam todas as músicas alto. Cornejo apresentou seus hinos aprovados pela Geração Z, como “Donde Estás” e “Perro Abandonado”, impulsionados por guitarras sierreñas melancólicas.
Ele também fez covers do clássico de folk-pop de 2006 “Hey There Delilah” da Plain White T’s e da balada pop latina de 2011 “¡Corre!” de Jesse & Joy, mostrando a notável versatilidade que o tornou um dos artistas mais ecléticos da música regional mexicana hoje em dia.
Nascido em Riverside, Califórnia, de pais mexicanos, Cornejo personifica o artista moderno de música mexicana. Ele abraçou os instrumentos tradicionais, incluindo o requinto e outras guitarras acústicas, que há muito tempo impulsionam o som da música regional mexicana, mas também deu ao gênero duradouro uma abordagem alternativa, incorporando guitarras elétricas e letras mais sombrias e emocionais para uma abordagem triste sierreña que se conectou com sua base de fãs jovem e fervorosa.
“Muitas das minhas influências vieram da música regional mexicana, mas é difícil me identificar apenas com isso”, diz Cornejo, que estourou em 2021 com seu primeiro single, “Está Dañada”, que o colocou em primeiro lugar no chart de compositores latinos da Billboard em 30 de outubro de 2021, tornando-se também a segunda música regional mexicana a aparecer no Hot 100 geral. “Todos os gêneros que eu escuto, como country e rock, me inspiraram. Meu som é regional mexicano com um toque.”
A sua experimentação deu certo. O cantor e compositor emplacou 13 músicas no chart Hot Latin Songs, e seu segundo álbum, “Dañado”, ficou em primeiro lugar nos Álbuns de Música Regional Mexicana por 37 semanas não consecutivas, sendo o quarto maior período desde o lançamento do chart em 1985.
O Billboard Latin Music Awards de 2022 o coroou como novo artista do ano, e ele gerou 1,6 bilhão de streams oficiais sob demanda nos Estados Unidos, segundo a Luminate. Cornejo ficou em décimo lugar no chart de Artistas Latinos Top da Billboard em 2023.
Em agosto, após sua estreia no Lollapalooza e seguindo sua turnê, Cornejo assinou com a Interscope Records, uma parceria significativa e oportuna para o selo mainstream que, dois meses antes, havia adicionado Karol G ao seu elenco.
A assinatura de Cornejo pareceu um reconhecimento da expansão global da música mexicana no último ano, liderada por uma nova geração de artistas como Cornejo, que estão evoluindo a aparência e o som do gênero. No primeiro semestre de 2023, o consumo geral de música regional mexicana aumentou 42,1%, superando todos os outros gêneros, exceto o kpop.
Após encerrar sua turnê em 22 de novembro com um show histórico na Toyota Arena em Ontario, Califórnia, tornando-se o show de música latina solo mais vendido na história do local, Cornejo agora está focado em gravar seu terceiro álbum –que ele promete ser ainda “maior” do que “Dañado” graças a “melhorias musicais e líricas”.
Enquanto o núcleo de seu som continuará sendo música mexicana, ele não deixa as etiquetas de gênero o limitarem e está ansioso para experimentar com reggaetón e música house: “Tenho muito respeito por artistas que podem fazer mais de um gênero. Não é fácil.”
