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Por que Madonna é o maior nome da música pop?

Por que Madonna é o maior nome da música pop?

Billboard lista motivos para existir somente uma Rainha do Pop na história

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No dia 14 de outubro, Madonna deu início à aguardada turnê “Celebration”,na O2 Arena, em Londres. Esse pode ser o último grande ato da cantora norte-americana, pelo menos nos quesitos coreografias aeróbicas e malabarismos em cena. Aos 65 anos, Madonna carrega consigo as indeléveis marcas do tempo (e aqui estamos longe de cair no lugar comum do etarismo). “Madame X”, sua penúltima excursão, teve shows cancelados porque a cantora não conseguia se curar a tempo das contusões que sofreu em cena. O novo espetáculo também esteve em suspense. Acometida de um mal misterioso, ela adiou a data de estreia da turnê.

“Celebration”, que se encerra no Brasil no dia 4 de maio, com um grandioso show na Praia de Copacabana, é uma retrospectiva de quatro décadas do reinado de Madonna no universo pop, além deu ma homenagem a Nova York, cidade que, em 1978, acolheu a jovem nascida no Michigan. Dividido em “Uptown”, “Midtown”, “Downton”, “East”e “West”, regiões da chamada Big Apple, o show traz, entre outros sucessos, “Like a Prayer”, “Vogue”, “Holiday” e“Hung Up”.

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Basicamente, uma lição de cultura pop em mais de duas horas de espetáculo. A popstar pode ser até uma referência distante para quem nasceu no início dos anos 2000. Mas que fique claro: sem ela não haveria Britney Spears, Lady Gaga, Katy Perry, Dua Lipa ou qualquer outra diva pop que se arrisque a usar figurinos extravagantes, gravar vídeos provocativos e, acima de tudo, expressar sua sexualidade de modo natural. Afinal, como a própria Madonna declarou em “Human Nature”, faixa de 1994, “se expresse e não se reprima”. Dito e feito.

Madonna é mais do que uma cantora pop: é uma referência cultural. Sua abrangência vai da música à moda, das artes plásticas e visuais ao ativismo social. A ascensão musical da cantora, no início dos anos 1980, marca uma mudança de comportamento das popstars norte-americanas daquele período. Por exemplo, até chegar ao topo das paradas com “Like a Virgin”, de 1984, era raro uma intérprete caucasiana falar abertamente sobre sexo numa canção.

As provocações de Madonna contaram com um aliado poderoso: os videoclipes. Criada em 1981, a MTV mudou o modo de consumo do jovem dos Estados Unidos (e depois do mundo). Astros de idade avançada ou sem sex appeal foram trocados por uma geração que enxergou no vídeo uma nova forma de arte. Madonna se utilizou disso como poucas, tanto que cineastas do quilate de David Fincher (de “A Rede Social”) tiveram sua primeira chance nos clipes dela.

Madonna também abraçou a polêmica no vídeo de “Like a Prayer”, no qual beija um ator afro-americano vestido de santo; fez um operário de escravo sexual em “Express Yourself”(cujo videoclipe, aliás, tinha como referência “Metrópolis”, clássico do cinema expressionista alemão de 1927) e emulou Marilyn Monroe em“Material Girl”. “Justify My Love”, de 1990, era uma ode ao voyeurismo, ao sadomasoquismo e à bissexualidade, o que rendeu um elogio rasgado da socióloga Camille Paglia, considerada uma das intelectuais mais influentes do mundo.

Madonna é a verdadeira feminista. Ela expõe o puritanismo e a ideologia sufocante do feminismo norte-americano, que está preso em um modo de adolescente reclamona”, escreveu para o jornal “The New York Times”. Em tempo: nem a MTV, que a abrigou desde o início da carreira, lhe deu guarida nessa ocasião e expulsou “Justify” de sua programação.

A música de Madonna não se resume a polêmica, apesar de ela admitir, sem cerimônias, que sabe do poder que ela tem. A cantora é dona de uma capacidade de transmutação de causar inveja a David Bowie , aquele que era conhecido pelo epíteto de “Camaleão”. Ela foi do pop rebolativo às diversas vertentes da música negra (soul music, R&B) e passeou pelo universo eletrônico (em“Ray of Light”, de 1998, e “Confessions on a Dance Floor”, de 2005). “Madonna antecipou o gênero musical ou a dança que faria sucesso”, declarou Lucy O’Brien, autora de uma das mais completas biografias da diva.

Da dança à moda

Só que o olho clínico de Madonna não se resume à música. A “vogue dance”, que ela adaptou como poucas para o universo pop, se deu porque seus dançarinos frequentavam boates gays, onde a coreografia –que imita poses de astros do cinema– era amplamente utilizada.

O planejamento de turnês, como “Blonde Ambition”, de 1990, e “The Girlie Show”, de 1993, foi propício para que ela desenvolvesse outra de suas habilidades: o flerte coma moda. Jean Paul Gaultier foi o mentor dos figurinos da turnê de “Blonde”, entre eles o sutiã de cone com o qual ela desfilou em boa parte de sua performance –e que entrou para a história como o seu look mais icônico até hoje. A turnê seguinte levou a assinatura da dupla italiana Dolce & Gabbana, que se alternou na confecção de roupas que emularam um cabaré alemão do início do século 20 a perucas típicas da era disco.

Como bem professa a biografia da cantora na “Rolling Stone: Encyclopedia of Rock &Roll”, “uma vez que Madonna optava por um look, agora pertencia a ela. Imagine alguém querendo se inspirar no estilo de [Marilyn] Monroe. Mesmo alguém grande como Christina Aguileira, Kylie Minogue ou Lady Gaga, você ainda pensaria: ‘É um pouco Madonna’.”

Além da moda, a cantora também nutriu uma paixão pelo mundo das artes plásticas, que começou a estudar no Detroit Institute of Arts, instituição onde se encantou comas obras da mexicana Frida Kahlo. A sua intimidade coma dança, tópico que estudou enquanto estava na faculdade, certamente a influenciou nesse caminho. Já em Nova York, mergulhou de vez na cena artística ao posar como modelo em outras escolas de arte, conhecendo fotógrafos e pintores da cidade, e se tornando amiga de nomes influentes do meio, como Futura 200, Fab Five Freddy, Daze e Keith Haring, além de se relacionar com Jean-Michel Basquiat.

A importância de Haring para a vida de Madonna ultrapassa o mundo das artes. Isso porque, com apenas 31 anos, o artista se juntou à triste lista de parceiros que a cantora perdeu em decorrência da Aids. O primeiro foi o seu amigo Martin Burgoyne, em 1987. Christopher Flynn, seu professor de balé, mentor e amigo, se foi em 1989.

“Ele foi a primeira pessoa que falou que eu era bonita e que tinha algo para oferecer ao mundo”, declarou ela para a revista “Interview”. Sua primeira turnê internacional, “Who’s That Girl”, de1987, angariou fundos para a amfAR, Fundação Americana para a Pesquisa da Aids. No ano em que Chris foi diagnosticado, Madonna adicionou uma página no encarte do disco “Like a Prayer” para esclareceras dúvidas em relação ao vírus, ajudando a reduzir o estigma.

Uma das estratégias mais bem sucedidas da cantora foi –e ainda é– a manipulação da mídia. Cada novo passo que dá é precedido por declarações ou revelações bombásticas, que ajudam a divulgar o projeto no qual está trabalhando. Elas podem ir desde clipes polêmicos até cenas que sabe, com certeza, que vão causar barulho. Um bom exemplo é a simulação de masturbação em “Like a Virgin”, utilizada como peça de divulgação do documentário “Na Cama com Madonna”, de 1991. Sabem quando Anitta usa esse tipo de recurso para divulgar seus clipes? Pois é…

O uso do escândalo como ferramenta de marketing che-gou ao seu ponto máximo com “Sex”, de 1992. Uma espécie de complemento ao disco “Erotica”, lançado no mesmo ano, ele trazia Madonna nua em pelo, solo (existe uma foto icônica dela comendo um pedaço de pizza trajando nada além de um casaco de peles) ou contracenando em poses eróticas ticas com modelos femininas e masculinos. “Sex” vendeu um milhão de unidades na semana de lançamento.

Nos últimos anos, Madonna reduziu o volume de trabalho, e seu faro para o novo anda pouco aguçado –ela chegou tarde demais nas últimas novidades do hip hop e o flerte como reggaeton, que atingiu ponto alto em “Madame X”, se mostrou artificial. Mas ela ainda é símbolo de liberdade para as gerações vindouras.

Retaliação da mídia

Em outubro de 2022, a cantora compartilhou um story em seu Instagram relembrando os obstáculos que enfrentou por conta da repercussão nega-iva de seus trabalhos mais ousados. “Passei os últimos anos sendo entrevistada por pessoas de mente fechada, que tentaram me envergonhar por me empoderar como mulher. Fui chamada de prostituta, bruxa, herege, diabo […]. De nada, vadias.”

De volta à “Celebration”…O show tem uma mestre de cerimônias, Bob, “The Drag Queen”, que abre o espetáculo para contar a história de Madonna. Sucessos como “Burning Up”e “Holiday” ganham novas batidas. “Erotica”, disco no qual ela prega que o sexo pode ser prazeroso, tem cinco canções no repertório da turnê.

Madonna, óbvio, está com movimentos limitados –vez ou outra ela nõ participa das coreografias–, mas mostra um senso de provocação ao surgir de baby doll. Os amigos que perdeu para a Aids são homenageados na balada “Live to Tell”. No final das contas, como a rapper Nicki Minaj declarou em “I Don`t Give A”, “there’s only one Queen and she’s Madonna” (“existe apenas uma rainha e ela é Madonna”).

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