Bangers Open Air começa para crianças de todas as idades

Começa hoje, no Memorial da América Latina, a terceira edição do festival Bangers Open Air (que nos anos anteriores era conhecido como Summer Breeze). É um evento diferenciado das festividades dedicadas ao rock pesado. A principal, além da música, é que ele se preocupa também com o aspecto familiar. Há, por exemplo, um espaço dedicado para crianças. 

“Tenho muitos amigos que comentam comigo e falam assim: ‘Caramba, é a primeira vez que eu estou conseguindo ir para um festival com a minha família e minha esposa e meu filho não pedem para ir embora. Por quê? Porque o cara vai ver o show, a esposa tá com o filho no Espaço Kids, depois se encontra de novo, vão comer alguma coisa legal”, comenta Claudio Vicentin, diretor geral do Bangers Open Air. 

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O evento tem três dias de duração e traz quase cinquenta shows, de todas as vertentes do rock pesado. Calcado no formato dos grandes festivais da Europa, ele traz espaços para alimentação, tatuagem, feiras de discos e camisetas e até sessões de autógrafos com algumas das atrações da festa. A escalação, aliás, traz o heavy metal em suas diversas formas. Do mais tradicional, com bandas dos anos 1970 e 1980 (Saxon e W.A.S.P., por exemplo), ao metal melódico (Avantasia) e lendas do thrash metal (Armored Saint, Kerry King, ex-guitarrista do Slayer –assista entrevista com ele abaixo). “É muito difícil você ir só para uma vertente do heavy metal. Porque seria até injusto com os outros estilos”, explica Damaris Hoffman, diretora de marketing do Bangers Open Air. “Porque ele é formado por diversas vertentes e procuramos atender a todas.” A curadoria da escalação atende a dois princípios importantes. Primeiro, faz-se uma pesquisa entre o público para saber qual estilo ou banda agradou mais. Em seguida, estuda-se quais delas estarão em turnê pela América Latina e que estejam abertas a vir ao Brasil. “Não adianta pedir o Metallica porque, caso eles não estejam em turnê, não rola”, dizem os organizadores.”

O Bangers Open Air também vai ao encontro do perfil atual do fã do gênero, mais aberto a misturas que os headbangers que tomaram de assalto o Rock in Rio, em 1985 –e que hostilizaram tudo aquilo que não fosse Iron Maiden, Scorpions, Whitesnake, Ozzy Osbourne e AC/DC. Hoje ele é aberto a misturas do gênero como hardcore, hip hop e música eletrônica. Claudio Vicentin, que é responsável também pela “Roadie Crew”, principal revista dedicada ao gênero, pontua essa mudança até nas páginas da publicação. “Antigamente, se eu desse uma banda como Slipknot na capa, era o fim da publicação. Hoje eles estão mais abertos, tanto que a primeira edição tinha o Stone Temple Pilots e Marc Martel, vocalista que faz tributo ao Queen“, complementa.

O admirador de heavy metal é um abnegado, ainda que tenha pouco espaço nos veículos tradicionais. Por exemplo, segundo dados da Crowley Broadcast Analysis, que afere a audiência das rádios, em 2024 o gênero teve a preferência de apenas 0,42% da população –ganha somente do rap, que tem a preferência de 0,40% (o campeão é o pop/rock, 66,35%). Para a Kantar Ibope Media, apenas 10% do Target Group Index, que perfila as marcas, atitudes, hábitos e comportamento do consumidor, admite ser fã de metal. O número, no entanto, está longe de ser irrelevante. “O consumidor de heavy metal tradicional hoje tem uma média de idade de 40 anos. É um público de classe A e B, que investe em entretenimento e em experiências digitais: se utiliza de plataformas de áudio para consumir as suas bandas favoritas e frequenta shows de rock regularmente”, diz a gerente de marketing Damaris Hoffman.

Quem consome rock pesado, contudo, o faz com uma fé inabalável. Em especial, nas plataformas de streaming. A pesquisa do Spotify, por exemplo, aponta um aumento de 25% do consumo do gênero, de 2023 para 2024. É um público majoritariamente masculino, sendo 25% entre 18 a 24 anos e mais 25% na faixa etária de 25 a 29 anos. As bandas mais populares são as que fazem um amálgama de rock pesado, música eletrônica e heavy metal, sendo que Slipknot, Linkin Park e System of a Down estão entre as mais populares. O relatório da Deezer, por seu turno, aponta um consumidor masculino (86,7%) e na faixa de 26 a 45 anos. Os prediletos são os artistas mais tradicionais, como Iron Maiden, AC/DC e Metallica, além dos brasileiros Angra, Sepultura, Shaman, Edu Falaschi e a revelação Black Pantera. E se as rádios tradicionais não dão bola para o gênero, é do Brasil o programa mais longevo dedicado ao rock pauleira –o Backstage, apresentado pelo jornalista Vitão Bonesso, e que vai ao ar aos domingos na Kiss FM (92,5 FM, São Paulo).

Tire a camisa preta do armário, use tênis confortáveis e tome cuidado extra com o pescoço –que será utilizado para chacoalhar nas suas bandas favoritas. O Bangers Open Air é uma uma maratona digna de ser encarada.

Veja a entrevista exclusiva de Kerry King à Billboard Brasil

BANGERS OPEN AIR

Quando: 02, 03 e 04 de maio

Onde: Memorial da América Latina (São Paulo)

Ingressos: pelo Clube do Ingresso