Pabllo Vittar faz verão fora de época em ‘Batidão Tropical Vol. 2’
Mais autêntica e romântica do que nunca, ela retorna ao seu projeto mais célebre
Basta um único play em “Ai Ai Ai Mega Príncipe”, originalmente lançada em 2009 pela Banda Batidão, e regravada por Pabllo Vittar no disco “Batidão Tropical 2”, lançado nesta terça-feira (9) para ter uma vontade incontrolável de “Fazer o P”, como a música sugere. Apesar da letra falar do tal “P” falar sobre a festa de aparelhagem de Belém, Mega Príncipe Negro, os fãs adaptaram a expressão, e decidiram também usá-la para se referenciar a Pabllo em tom de devoção.
Isso porque, desde que surgiu em 2017, a cantora vem se tornando um fenômeno que vai além de uma das maiores popstars que o país já viu. Furando a bolha do nicho LGBTQIA+ e se transformando em uma das figuras mais requisitadas em canais de televisão populares, e em alguns dos maiores festivais do planeta como Coachella e Lollapalooza, a drag queen se tornou o símbolo máximo de um novo pop brasileiro que é diverso, cativante, e acima de tudo, inovador.
Tal característica não corresponde apenas a seus acenos a gêneros como o eletrônico, e feats internacionais com cantoras referências em sonoridades conceituais – e por vezes consideradas como estranhas – como Charli XCX e Rina Sawayama. Mas mostra como o forró e tecnobrega, gêneros tradicionais do Norte, os quais a cantora cresceu escutando, estão longes de ser consideradas sonoridades nichadas e sim, mostram sua contínua influência no cenário da música musicalmente e esteticamente. Sonoridades essas que já foram homenageadas em 2021, no disco “Batidão Tropical” – produzido pelo time da Brabo Music, composto por Rodrigo Gorky, Zebu, e Maffalda – com versões de bandas como a Companhia do Calypso, e faixas originais como “Triste com T” e “A Lua”, que fizeram os fãs dançarem em meio a pandemia, e levou clássicos da região para um novo público.
Após o sucesso estrondoso do projeto, os fãs ficaram esperando por mais. Depois da noite, apresentada nos projetos dance “Noitada” e “AFTER”, o Sol voltou a raiar. Em “Batidão Tropical 2”, Pabllo volta sim mais solar, e ainda mais romântica, mostrando sua potência vocal em faixas melody como “São Amores”, da Banda Quero Mais, “Me Usa”, da Banda Magníficos, “Não Vou Te Deixar”, de Gaby Amarantos, que também participa da canção. As faixas originais também contemplam a atmosfera romântica do projeto, como “Pede Pra Eu Ficar (Listen To Your Heart)”, que faz referência ao hit de Roxette.
São faixas apaixonantes que, através de sua voz inconfundível, fazem o que a cantora prevê nas gravações das “faixas bloqueadas” do disco: a inserção das músicas em playlists de churrascos, festas, e aniversários de familiares ou amigos está garantida.
Mas isso não quer dizer que a Pabllo que flerte, se diverte, e até volta com o ex-namorado não esteja presente no disco. Nada disso. A cantora toma como dela clássicos “Rubi”, da Banda Revelly, em “Não Desligue O Telefone”, da Banda Djavú, ela surpreende ao brega encontrar o eletrônico presente em seus dois discos anteriores. A cereja do bolo fica por conta da divertida “Idiota”, canção original que traz sentimentos e reflexões que, pelo menos, todo mundo já experienciou na vida (não adianta dizer que não, ok?): o prazer, mesmo que com a culpa, de voltar para um relacionamento amoroso antigo.
No “Batidão Tropical 2”, Pabllo, que completou 30 anos no último mês de novembro, se mostra melhor e mais madura do que nunca. Autêntica, em constante relação com suas raízes e sonoridades que a incentivaram a sonhar, e livre para se divertir ao fundir gêneros, estéticas, e cantar sobre o amor sem medo de ser vulnerável. Fica registrado o nosso voto sincero para que esse batidão nunca pare de tocar.