O que significa para Travis Scott o 1º lugar no Hot 100?
Equipe da Billboard analisou nova conquista do rapper
Após ser um dos visitantes mais frequentes do topo da Billboard Hot 100 na virada da década de 2020, Travis Scott voltou lá pela primeira vez em quase meia década com seu novo single “4×4”.
O novo single, cujos lucros líquidos Scott anunciou que beneficiarão o California Wildfire Response Fund Direct Relief, estreia no topo da Hot 100 esta semana, tornando-se o quinto número 1 da carreira do rapper na parada.
É também o primeiro single de rap a liderar a parada em 2025, após quatro semanas de reinado de “Die With a Smile” de Lady Gaga e Bruno Mars.
Como “4×4” chegou ao topo da parada? E o que a música nos diz sobre onde ele pode ir em seguida como artista? A equipe da Billboard discute essas questões e muito mais abaixo.
1. Embora Travis Scott tenha liderado a Hot 100 três vezes na virada da década, esta é a primeira vez que ele volta ao primeiro lugar desde então. Em uma escala de 1 a 10, quão importante é “4×4” estreando em primeiro lugar para ele?
Kyle Denis: Provavelmente um 6? Já vimos esse filme antes com Travis aparentemente saindo do nada para estrear no topo da Hot 100 com uma carga de vendas puras. Na verdade, ele provavelmente está um pouco irritado que seus verdadeiros sucessos e músicas de assinatura – como “Goosebumps” ou “Fein” – continuem perdendo o primeiro lugar em favor de loosies como esta.
Carl Lamarre: 8,5. Sempre que um artista do calibre de Travis consegue uma música em primeiro lugar, é uma conquista notável, independentemente das circunstâncias. Travis, que se tornou uma supernova do hip hop desde “Astroworld”, de 2018, vê qualquer coisa menos que um single ou álbum no topo das paradas como um fracasso. Apesar de sua agenda de turnês ocupada, vários empreendimentos comerciais e preparação para sua apresentação no Coachella, é um alívio para a equipe Travis saber que, musicalmente, ele ainda é muito requisitado, mesmo após um hiato de dois anos desde “Utopia”.
Jason Lipshutz: Apropriadamente, um 4. Travis Scott carrega a distinção de chegar mais alto nas paradas com seus sucessos menores do que com a maioria de suas músicas de assinatura — pense em como “The Scotts” e “Franchise” o levaram ao topo da Hot 100, por exemplo, enquanto “Goosebumps” e “Fein” não. Veremos como “4×4” continua a ter um bom desempenho na Hot 100, mas considerando que este é um single independente de um artista com vários hits em primeiro lugar, cujo poder comercial nunca esteve em dúvida, esta estreia no topo das paradas representa mais uma conquista de Scott, em vez de uma mudança monumental no apelo popular.
Michael Saponara: 4. Não acho que ele necessariamente precisava de alguma validação, mas já faz mais de quatro anos desde seu último hit nº 1 e “4×4” é o primeiro desde a tragédia do Astroworld Festival. Veremos se ele se infiltra no rádio e pode durar nas paradas até sua apresentação no Coachella em abril.
Andrew Unterberger: Sim, é um 5 no máximo. Nunca é ruim ter outro nº 1 na lista, mas quais são as chances dessa música ser realmente mais lembrada ou mais significativa para o catálogo de Travis do que “Fein” (pico do Hot 100: nº 5) daqui a cinco anos? Não particularmente alto, eu diria.
2. O que você vê como o maior fator para “4×4” chegar ao topo onde seus outros singles dos últimos anos geralmente ficaram aquém?
Kyle Denis: Travis vem provocando essa música há meses, então havia uma expectativa fervorosa entre sua base de fãs. Trechos estão circulando desde setembro passado, e outro teaser caiu durante o episódio de 18 de outubro do WWE SmackDown. Duas semanas depois (30 de outubro), Scott cantou a música no último show de sua turnê Circus Maximus, que arrecadou US$ 209 milhões, e novamente durante seu set principal no décimo aniversário do Rolling Loud Miami (14 de dezembro). No início do ano novo (6 de janeiro), Scott apareceu pessoalmente no WWE Raw e confirmou que “4×4” seria o tema oficial de abertura do programa. Mais tarde naquele mês (20 de janeiro), ele tocou a música no show do intervalo do College Football Playoff National Championship de 2025, compartilhando um link para pré-salvar a música logo depois.
Já estamos bem familiarizados com o poder de compra da base de fãs de Scott (este também é seu primeiro lançamento solo pós-Utopia), mas com o lançamento “4×4”, ele também cortejou explicitamente os fãs em dois esportes que estão tendo grandes momentos na cultura americana agora. Futebol, é claro, é sempre o assunto da cidade, mas entre o Beyoncé Bowl do último Natal, o próximo show do intervalo de Kendrick Lamar e Taylor Swift e Travis Kelce de tudo isso, é inteligente se alinhar ao futebol americano de alguma forma. Da mesma forma, a mudança do WWE Raw para a Netflix foi um momento marcante para a evolução de eventos ao vivo e serviços de streaming sob demanda. Mais importante, os fãs de esportes colocam seu dinheiro onde estão suas bocas; eles compram ingressos para jogos, camisas, bonés, etc. Vender cópias puras de música parece uma tarefa hercúlea hoje em dia, mas Travis Scott decifrou vários códigos.
Carl Lamarre: Francamente, o disco é puro calor. Travis não tem um single à prova de balas desde “Sicko Mode”, e essa música em si está para sempre entrincheirada no Hall da Fama do Hip-Hop quando se fala em sucessos. Então, compreensivelmente, é difícil derrubar esse tipo de sucesso, sabendo o quanto “Sicko” explodiu por volta de 2018. Quanto a “4×4”, o burburinho foi criado antes do lançamento da música. Ele provocou o disco inicial durante sua campanha com a WWE meses atrás, então cantou a música no intervalo do jogo do College Football Playoff Championship antes de finalmente lançar o vídeo. Ao criar uma demanda febrilmente alta pela música, os apoiadores de Travis vieram em massa quando chegou a hora de torcer por La Flame.
Jason Lipshutz: Empolgação dos fãs. Claro, é fácil apontar para os números de vendas exagerados que ajudaram “4×4” a chegar ao topo da Hot 100 da mesma forma que Days Before Rodeo conseguiu chegar ao topo da Billboard 200 no ano passado, mas Scott ostenta a base raivosa para justificar esses números e empurrar mais projetos menores para o topo da parada. E embora “4×4” ainda não esteja funcionando como um sucesso duradouro nos serviços de streaming, também é o primeiro single solo de Scott desde 2023, e um que os fãs queriam febrilmente que fosse lançado oficialmente há meses. Esta estreia na Hot 100 não acontece sem esse tipo de audiência generalizada.
Michael Saponara: Hype. Ele vem provocando “4×4” há um tempo em vários fóruns, seja em seus sets de DJ ou em uma estreia de apresentação no topo do Estádio Mercedes-Benz de Atlanta como parte do show do intervalo do College Football Playoff National Championship. A faixa produzida por Tay Keith também fez barulho no mundo do wrestling ao servir como tema oficial do Raw quando chegou à Netflix no início de 2025.
Andrew Unterberger: Tem que ser o elemento de caridade. O hype ajudou, é claro, mas o número de vendas que essa música registrou significa que os fãs realmente votaram nela com suas carteiras — e se eles soubessem que seus fundos iriam para uma causa tão significativa quanto o auxílio ao incêndio de Los Angeles, tenho certeza de que isso influenciou muitos que estavam em dúvida sobre se realmente precisavam ou não comprar a edição física.
3. De seus três primeiros lugares de 2019-20, o único que mostrou resistência particular nas paradas foi “Highest in the Room”. Você vê “4×4” como sendo esse tipo de sucesso, ou mais como um sucesso rápido como “The Scotts” ou “Franchise?”
Kyle Denis: Eu prevejo que ele acabe em algum lugar no meio. Com as assistências do WWE Raw, vejo “4×4” tendo mais poder de permanência do que “The Scotts”, mas também não é o melhor esforço de Travis no que diz respeito a singles independentes… então eu não esperaria que realmente desse a “Highest” uma corrida pelo seu dinheiro em termos de paradas.
Carl Lamarre: A parceria de Travis com a WWE deve ajudar a manter a música em movimento, já que a faixa agora é a música tema do Monday Night Raw. Para meus entusiastas do hip-hop e do wrestling, isso é um grande negócio para o Team Travis, já que o último acordo da Netflix entre a WWE e o conglomerado de streaming significa um público maior e mais novo para ambas as partes. Então, por causa disso, e vendo como ele levou o disco para diferentes setores, como o mundo do wrestling e a arena do futebol universitário, eu darei a ele uma vantagem sobre “Franchise” e “The Scotts” quando falarmos de poder de permanência.
Jason Lipshutz: Eu imagino que ficará em algum lugar no meio — não um sucesso de meses, mas também não uma peça esquecida de trivialidade nas paradas. “4×4” soa projetado para a enormidade de um show ao vivo, sua batida orquestral e bateria gigantesca se encaixando bem durante o trecho maximalista em seu set list. Isso ajudará “4×4” a perdurar na mente dos fãs, independentemente de quantas semanas a música fique no Hot 100.
Michael Saponara: Se fosse uma escala, eu estaria mais inclinado para o lado “Highest in the Room” das coisas, mas não acho que ela se igualará à longevidade de “Highest” — essa é uma das faixas de assinatura de Trav. No entanto, “4×4” deve ter mais pernas do que “The Scotts” ou a espalhafatosa “Franchise”, que brilhou intensamente e queimou rapidamente durante a pandemia de COVID-19, quando a raiva de Scott foi encoberta.
Andrew Unterberger: A música já saiu do top 50 tanto no Daily Top Songs USA do Spotify quanto na parada em tempo real da Apple Music, então acho que vai ser mais um fader rápido.
4. Você acha que “4×4” aponta para alguma nova evolução específica no som ou estilo de Travis Scott para onde ele pode ir depois, pós-Utopia? Ou é mais provável que seja apenas um evento único, sem a intenção de sinalizar muito sobre sua direção futura?
Kyle Denis: Eu tenho vibrações únicas com isso. É um pouco fraco liricamente, mas não me importo como a produção parece um desdobramento de sua paisagem sonora de “Astroworld”. Ele fez algumas escolhas muito boas com os vocais de fundo também.
Carl Lamarre: Esta é uma situação única para Travis. O cara está sempre trabalhando e experimentando. Ele ainda está saboreando as vitórias de Utopia e o impacto que ele criou nos últimos dois anos após seu lançamento. Considere isso sua volta da vitória, especialmente porque ele agora é um artista de nível de estádio, cortesia de seus fãs.
Jason Lipshutz: O último. Não há nenhuma indicação de que “4×4” preceda um novo projeto de Travis Scott e, sonoramente, a música se encaixa perfeitamente no que ele estava realizando com “Utopia”. Considerando o intervalo de cinco anos entre “Astroworld” e “Utopia”, podemos estar muito longe de um novo álbum de Scott e da mudança estilística que ele pode significar, então “4×4” provavelmente representa um espaço reservado até que essa nova era chegue.
Michael Saponara: Isso parece mais um evento único para dar o tom do ano, embora eu desejasse que fosse um jetsetter para a próxima era do La Flame. Eu esperaria que isso acontecesse por volta do Coachella. O aspecto dos metais da banda marcial é experimental para o som de Trav — acho que nunca o ouvimos utilizar isso misturado com sua bateria trap em uma faixa antes.
Andrew Unterberger: Eu poderia ver isso levando a um som mais exuberante, baseado em cordas, em seu próximo álbum — o sucesso de “Whatever She Wants” de Bryson Tiller e “Redrum” de 21 Savage já preparou o cenário para isso um pouco no ano passado. Espero que sim, é um bom som para Travis.
[Esta análise foi traduzida da Billboard. Leia a matéria, em inglês, aqui.]
