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O dia em que King Diamond vendeu a alma num pacto com o diabo

O dia em que King Diamond vendeu a alma num pacto com o diabo

Cantor de 67 anos jura ter feito um pacto com o cramulhão para ter 'voz única'

Avatar de Liv Brandão
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A história da música ensina que as associações com o cramulhão não resultam em experiências bem-sucedidas. O bluesman Robert Johnson (1911-1938), por exemplo, teria vendido sua alma ao Diabo em troca de uma destreza incomum na guitarra –mas acabou morto em circunstâncias misteriosas. Os Rolling Stones flertaram com o ocultismo na canção “Sympathy for the Devil”. A execução da faixa ao vivo era prenúncio de tragédia. Em 1969, deu início a uma treta que culminou no assassinato do adolescente Meredith Hunter durante “Under My Thumb”.

Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin, foi outro obcecado pelas forças do mal. Devoto do ocultista inglês Aleister Crowley (1875-1947), chegou a comprar um castelo que pertenceu ao objeto de sua devoção e adquiriu uma loja especializada em artigos, digamos, místicos. O resultado? Uma sucessão de tragédias, que culminou com a morte do baterista John Bonham, em 1980, depois de ingerir 40 doses de vodka com suco de laranja. No Brasil, as incursões do cantor Raul Seixas (1945-1989) e do letrista e escritor Paulo Coelho pelo lado oculto da força resultaram em este último ter presenciado uma força maligna dentro de casa.

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A relação com o Diabo, certamente, não é para amadores. Mas no meio do heavy metal existe pelo menos um sujeito que diz estar feliz com a troca. O dinamarquês Kim Bendix Petersen, de 67 anos, admitiu ter feito um escambo com as chamadas forças ocultas. “Sim, vendi minha alma para o Diabo em troca de ter uma potência vocal única”, admitiu ele. “E estou muito satisfeito com isso.” Petersen, que adotou o nome artístico de King Diamond, cumpre sua parte do trato com louvor. Uma de suas maquiagens mais conhecidas é a de uma cruz invertida, que é tida como um símbolo do mal.

Diamond se destacou no mundo do rock pesado à frente do Mercyful Fate. O grupo, surgido em 1981, tinha uma sonoridade pesada e letras com temas macabros. Já os vocais em falsete do amigo do Satanás eram um gosto a se adquirir. Eles se separaram em 1984. Mas, de tempos em tempos, voltam aos palcos.

Diamond seguiu em carreira solo e manteve o padrão do horror pesado. “Abigail”, seu disco de 1987, traz a história de um feto amaldiçoado que assombra um casal no século 19. “As letras têm um toque de Edgar Allan Poe (1809-1849), um dos meus escritores favoritos”, diz ele, referindo-se ao escritor norte-americano.

A convivência de Diamond com o Diabo é, aparentemente, pacífica. Mas, de vez em quando, acontecem uns entreveros. O vocalista diz que, certa feita, um espírito maligno ameaçou o baterista do Mercyful Fate, que se apresenta no festival Summer Breeze, em abril. Aliás, malvado e machista. Durante uma reunião de Diamond com o baixista de seu grupo e outros dois músicos do Metallica, o espectro jogou objetos no chão e urrou palavras de ódio para a namorada de um deles.

King Diamond mora no Texas, onde de vez em sempre diz receber visitas de fantasmas. Um deles foi um soldado húngaro que lutou contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial. O Diabo também pratica a tolerância religiosa. Um dos vizinhos do vocalista era um pastor, com quem Diamond mantinha diversas conversas. “Ele se mudou, mas me disse que fui um dos melhores vizinhos que teve.”

Diamond gosta do mal, mas não é do mal. Muitos roqueiros que conviveram com ele elogiam suas boas maneiras e sua delicadeza. Um deles foi David Grohl, dos Foo Fighters, que convidou Diamond para participar de seu seu projeto metal, o Probot. “Eu pensei que ele chegaria num caixão e ficaria entoando cânticos malignos”, confessou o rockstar a este repórter. “Mas ele tomou chá, foi supereducado e só pediu para interromper a gravação porque tinha de pegar a filha na escola.”

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