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O dia em que Björk curtiu (mas não tanto) o Carnaval de Salvador

O dia em que Björk curtiu (mas não tanto) o Carnaval de Salvador

De banho de descarrego a pitis em blocos afro, Bjork se aventurou na Bahia

Avatar de Sérgio Martins
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A princípio, Björk e Carnaval baiano são palavras que de modo algum poderiam estar associadas. Embora seja fascinada em pesquisar novas sonoridades, é difícil imaginar a cantora islandesa de pele alva torrando no agito de Salvador. Pois qual não foi a surpresa do diretor artístico Rodrigo Pitta ao ver a moça, trajando um pouco discreto vestido laranja, adentrar no terreiro da casa da tia dele num bairro do Pirajá, na periferia de Salvador? “Em 2004, quando isso aconteceu, não tinha essa febre de celular. Peguei o telefone da casa e liguei para todos os jornalistas que eu conhecia”, diz Pitta para a Billboard Brasil.

Björk chegou à terra de Dorival Caymmi ao lado do seu então marido, o artista plástico Matthew Barney. Ele se uniu ao produtor e instrumentista americano Arto Lindsay (criado em Pernambuco e produtor de discos de Caetano Veloso e Marisa Monte para criar um trio elétrico heterodoxo. Baseado numa instalação de Barney chamada “Cremaster Cycke”, o trio trazia três veículos, entre eles uma retroescavadeira coberta de barro para chamar a atenção sobre questões ecológicas. A trilha sonora era feita por instrumentistas dos blocos Cortejo Afro e Ilê Ayê, além de músicos recrutados por Lindsay.

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Pitta tem só boas lembranças da islandesa, principalmente de seu espírito livre. “A gente pulou no meio do povo, e ela queria andar descalça pelas ruas”, lembra ele. “De vez em quando, ficava de cócoras, com uma flor na mão.” O interesse pelas ervas a levou para os chamados “banho de descarrego”, no qual as plantas são usadas para afastar os maus olhados. Björk, segundo Pitta, se apaixonou por arruda, guiné e manjericão, que afastam energias negativas.

Por mais que protegessem a islandesa, as plantas não impediram que algumas pessoas presentes no evento conhecessem a fúria da pomba gira descendente de esquimós. Ela, convenhamos, é famosa pelo gênio destemperado –chegou a socar uma tailandesa em 1996. Em Salvador, evitou a imprensa e, por vezes, foi grosseira com as pessoas que chegavam perto dela. Na verdade, o assédio acontecia muito mais porque ela era uma estrangeira do que pelo fato de o vendedor ambulante ser fã de Björk e Sugarcubes.

Há relatos de que a cantora chegou a pedir para seus seguranças expulsarem Vovô, presidente do Ilê Ayê, da varanda da sede do Ilê Ayê (!!!). O ponto alto, no entanto, se deu quando os músicos do trio elétrico ensaiavam num terreiro. A filha de dois anos da cantora comeu o alimento que era dedicado ao orixá protetor da casa. Ísadóra, hoje com 21 anos, passa bem. O casal Björk e Matthew, nem tanto. Eles ainda ficaram juntos por nove anos até se separarem, em 2013. “Foi o momento mais doloroso da minha vida”, definiu ela.

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