MP nega tráfico de órgãos e alerta para exploração sexual após fala de cantora gospel
Aymeê fez desabafo sobre casos durante programa no YouTube
O Ministério Público do Pará divulgou nota nesta sexta-feira (23) após uma série de acusações feitas pela cantora gospel Aymeê. Ela apontou a ocorrência “muito tráfico de órgãos” e que crianças “saem em canoas para se prostituir” na Ilha de Marajó.
O relato foi feito no dia 15 de fevereiro e viralizou nesta semana. Isso se deu após artistas como Juliette, Nattan, Pedro Sampaio e Ludmilla, entre outros, compartilharem conteúdos sobre o caso.
Em comunicado a imprensa, o MP estadual aponta que, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Pará tem uma taxa de 3.648 casos de abuso e exploração sexual infantojuvenil. A média nacional é de 2.449 casos.
“A situação é ainda mais preocupante no Arquipélago do Marajó, onde a violência sexual encontra terreno fértil, agravada pelos baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) da região”, destaca o órgão.
Porém, o MP afirma que, diferente do que a cantora gospel afirmou, não há nenhuma relato de tráfico de órgãos nos casos investigados.
“Discussões que enfatizem a violência sexual sem estudos e dados oficiais e, sem propósito de efetivar políticas necessárias ou, pelo menos a apuração de casos concretos, em nada contribuem para mudar a realidade social tão sofrida da população marajoara”, conclui.
Entenda o caso
Uma música da cantora gospel Aymeê reacendeu a discussão sobre casos de exploração sexual e tráfico de menores na Ilha de Marajó, no Pará.
A artista participou da semifinal do “Dom Reality”, uma competição voltada para artistas gospel. Antes de cantar a faixa “Evangelho de Fariseus”, Aymeê disse que Marajó tem “muito tráfico de órgãos” e que crianças “saem em canoas para se prostituir”. O trecho foi compartilhado por diversos artistas.
Durante o primeiro mandato do governo Lula (PT), em 2006, uma comitiva do governo federal foi até a região apurar casos de violação de direitos humanos.
Uma CPI no Senado e outra na Assembleia do Pará investigaram pedofilia na região também.
Em 2020, a então ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos), denunciou uma série de crimes contra crianças e adolescentes em Marajó.
O Ministério Público Federal solicitou que Damares apresentasse provas, mas a ministra afirmou que suas informações eram baseadas em relatos. Por conta da repercussão do caso, o MPF pediu retratação pública e uma indenização a favor da população local de R$ 5 milhões, por danos sociais e morais coletivos. O valor seria revertido a projetos sociais da região.
Quem é Aymeê?
Nascida no Pará, a cantora acumula atualmente mais de 1 milhão de seguidores no Instagram.
Desde 2022, ela investe na carreira autoral no gospel, que mistura a influência de diversos gêneros, como o pop e o samba.
Com a música que viralizou, ela conseguiu avançar para a final do reality show, que acontece nesta quinta-feira (22).