Morre o poeta Antonio Cicero, aos 79 anos
Ele teve uma morte assistida na Suíça
Morreu o poeta Antonio Cicero, aos 79 anos, em Zurique, na Suíça. Ele estava acompanhado do marido, Marcelo Pires, e teve uma morte por eutanásia em uma clínica do país.
Ele foi um dos mais renomados poetas e letristas do país, além de ter colaborado em faixas famosas de sua irmã, Marina Lima. Antonio assina a composição de “Fullgás” e “Pra Começar”.
A notícia da morte foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras, em que ele foi imortalizado, e por Marina Lima. De acordo com o colunista Lauro Jardim, do “Globo”, ele já estava planejando a morte assistida há um tempo, mas “insistiu muito que ninguém soubesse”. Antonio havia sido diagnosticado com Alzheimer.
Antes de passar pelo procedimento, Cicero visitou Paris, na França, para se despedir. Ele foi cremado, e suas cinzas vão ser trazidas pelo marido ao Brasil nesta quinta-feira (24).
Ele deixou uma carta de despedida, em que diz que sua vida “se tornou insuportável” por conta do Alzheimer. “Não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram, não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem”.
Cicero disse que não lembrava de diversas pessoas, e apenas reconhecia amigos mais próximos. “Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia. Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo”.
“A convivência com vocês, meus amigos, era uma das coisas – senão a coisa– mais importante da minha vida. Hoje, do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los. Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo. Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade. Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!”