Com seus apitos estridentes e gestos precisos, os mestres de bateria comandam as escolas de samba como maestros de uma grande orquestra, controlando seus ritmistas com precisão. De Mestre André a Mestre Ciça, esses músicos marcaram época e influenciaram o Carnaval do Rio de Janeiro para além dos desfiles, seja por inovações técnicas, seja pelo impacto que suas batidas tiveram.
Os grandes mestres não apenas ditam a cadência do desfile, mas também criam identidades sonoras únicas para cada escola. Alguns introduziram instrumentos, outros revolucionaram com novas levadas, enquanto há aqueles que eternizaram suas baterias com cadências inconfundíveis.
Além de comandar seus músicos, os mestres também moldam a dinâmica do desfile, criando momentos de impacto que conquistam tanto o público quanto os jurados. O reconhecimento vem em forma de títulos, prêmios e, principalmente, no legado que deixam para as futuras gerações do samba. A Billboard destaca seis dos maiores mestres de bateria da história do Carnaval carioca.
Mestre André (1932-1980)
O pioneiro entre os mestres de bateria, Mestre André foi o primeiro a ser amplamente reconhecido com esse título. Comandando a Mocidade Independente de Padre Miguel, revolucionou o Carnaval ao criar a famosa “paradinha”, momento em que a bateria interrompe a batida e retoma com impacto. Também inovou ao introduzir o surdo de terceira e outros instrumentos, consolidando sua bateria como referência. Sua trajetória ficou eternizada no samba Salve a Mocidade e no Estandarte de Ouro de melhor bateria em 1974 e 1975.
Mestre Casagrande (1971-)
Líder da bateria da Unidos da Tijuca por mais de duas décadas, Mestre Casagrande se destacou por transformar a “Pura Cadência” em uma das baterias mais premiadas do Carnaval . Comandou a escola em três títulos (2010, 2012 e 2014), sendo essencial para o estilo inovador dos desfiles da Tijuca. Conhecido pelo perfeccionismo, conquistou diversos Estandartes de Ouro, consolidando-se como um dos mestres mais respeitados do Carnaval moderno.
Mestre Ciça (1956-)
Com mais de 50 anos de avenida, Mestre Ciça é um dos mais premiados da história. Responsável por passagens marcantes por escolas como Estácio de Sá, Viradouro e União da Ilha, é reconhecido pela ousadia rítmica e por introduzir paradinhas longas. Em 2024, conquistou seu terceiro título no Grupo Especial, reafirmando seu lugar entre os gigantes da folia. Ganhou diversos prêmios, incluindo o Estandarte de Ouro de melhor bateria em 2017 e o Tamborim de Ouro por seu trabalho na Viradouro e Grande Rio.
Mestre Louro (1950-2008)
Figura histórica do Salgueiro, Mestre Louro comandou a bateria da escola por quase 30 anos, ajudando a moldar o som marcante da Furiosa. Ganhou cinco Estandartes de Ouro como mestre de bateria (1984, 1993, 1998, 2000 e 2003) e foi um dos grandes responsáveis por consolidar a bateria do Salgueiro entre as melhores do Carnaval . Depois de deixar a escola, teve passagens pela Caprichosos de Pilares e pela Porto da Pedra, onde conquistou mais um Estandarte em 2008 na categoria Personalidade do Carnaval.
Mestre Marçal (1930-1994)
Mais do que um mestre de bateria, Nilton Delfino Marçal foi um sambista completo. À frente da bateria da Portela por mais de 20 anos, inovou ao introduzir o tímpano nos desfiles. Além de sua atuação na avenida, teve uma carreira de sucesso na música popular brasileira, gravando discos e tocando ao lado de grandes nomes como Chico Buarque e Beth Carvalho.
Mestre Odilon (1950-)
Com passagens marcantes por escolas como União da Ilha, Salgueiro e Grande Rio, Mestre Odilon se tornou uma referência pela precisão e afinação das baterias que comandou. É um dos mestres mais premiados do Carnaval carioca, tendo conquistado Estandartes de Ouro em 1990, 1993, 1995 e 1997.