MC mente que seria preso para lançar novo álbum; entenda
Negão Original fez publicação como forma de impulsionar trabalho
O MC Negão Original publicou um vídeo no último domingo (31) dizendo que iria se entregar à Justiça para ser preso após uma condenação. Porém, tudo não passou de uma mentira. Na verdade, o funkeiro tinha como missão promover seu novo álbum, “Espaço de Voz”.
No conteúdo divulgado na sua página no fim de semana, o cantor aparece ao lado de um homem de terno e gravata (que simula o papel de um advogado) que explica o suposto caso jurídico do cantor.
“Chegou ao nosso conhecimento uma decisão de última instância do Tribunal de Justiça confirmando a condenação do réu João Victor, mais conhecido como MC Negão Original, ao cumprimento de pena de cinco anos e quatro meses em regime fechado”, afirmou.
No entanto, o vídeo foi excluído na sequência e o cantor publicou uma sequência de imagens, incluindo a capa do novo álbum, lançado nesta segunda-feira (1º), e um vídeo de uma abordagem policial em São Paulo.
Também pelo Instagram, ele contou o motivo da ação de marketing.
“Sabe por que do marketing que envolve liberdade? Pois esse álbum retrata 90% da minha vida. Eu vivi isso. Chega um patamar na sua vida que tentam te limitar, tentam te prender, porém a voz que temos nunca será presa. Temos liberdade de expressão, e sei que algumas pessoas também estão presas a algo. Vinculei ao 1º de abril por ser um dia que representa o lado ruim de todos. Todos aqui já mentiram em algo, só que dessa vez foi em prol de um espaço de voz”, explicou.
Quem é Negão Original?
MC Negão Original ficou conhecido no mundo do funk com o bordão “Tá Raul, hein bigode?” e músicas que retratam a ação de estelionatários e usuários de plataformas de cassino online (ou o famoso “Jogo do Tigrinho”).
Também destaque nas redes sociais, o funkeiro tem mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e chegou a integrar o elenco da série “DNA do Crime“, disponível na Netflix.
Seu novo álbum conta com 10 faixas e as participações de MC Cebezinho, MC William, MC Vine7, MC Dena, MC Leozinho ZS e mais.
O que é ser “Raul”?
O estelionato começou a se popularizar no funk à medida que a sociedade acompanhou a inauguração de uma série de golpes virtuais ou não como clonagem de cartão, trotes telefônicos, mensagens maliciosas no WhatsApp… Em 2018, o MC Kapela cantava o “Bonde do 171”; Em 2019, o MC Keke dizia que o momento estava fácil: “mexia com os pino, hoje mexo com o Santander. Depois de alguns anos, Raul conceituado: especialista em contas e de cartões clonados”.
“A palavra tem o seu próprio significado. Eu uso o termo pra quem ganha dinheiro fazendo errado e sempre deixa a deseja, está devendo alguém. É óbvio que a questão da não violência faça com que o termo Raul seja muito utilizado nas músicas. Não fazemos apologia ou usufruímos do crime”, explica o próprio MC Negão Original, em entrevista à Billboard Brasil.
Raul é a gíria para o especialista em golpes bancários, praticante do estelionato. O rapper Kyan, por exemplo, cravou uma frase do imaginário: “Banca de estelionato / é só Raul do terceiro nível”, canta em “brinks!“, do álbum “UM Quebrada Inteligente”, parceria com Mu540.