Pra ficar de olho: Maré Tardia, a banda de surf punk de Vila Velha
Quarteto capixaba conversou com a Billboard Brasil sobre novo álbum
Em ascensão no cenário musical, a banda Maré Tardia uniu as vibrações do surf music, a sonoridade granular do punk e as raízes capixabas no álbum recém-lançado “Sem Diversão Pra Mim”.
Formada em Vila Velha, no Espírito Santo, o quarteto é composto por Bruno Lozorio (guitarra/vocal), Gustavo Lacerda (guitarra/vocal), Matheus Canni (baixo) e Caio Mendonça (bateria).
O segundo disco do grupo bebeu referências de Amyl and The Sniffers, Nirvana, IDLES, Wavves e Los Hermanos – mas sem ignorar a influência solar da cidade.
“O ambiente de praia e calor reflete muito no nosso som desde o princípio, sempre achei muito cool a estética visual e sonora das bandas da Califórnia e Austrália. Vila Velha é meio que isso, interfere muito no nosso estilo de vida desleixado, nas bandas ligadas à ‘podrera’ característica daqui”, diz Bruno para a Billboard Brasil.
Canni explica que o disco de estreia, homônimo, do Maré Tardia tinha referências mais diretas à Vila Velha.
“‘Sem Diversão Pra Mim’ foca mais na sinestesia sonora do que tematicamente. Dá pra fazer diversas analogias com coisas relacionadas à vida no litoral, desde ondas quebrando, o mormaço do sol no calçadão, tomar um caldo após pegar uma onda”.
Entre as 10 faixas, se destacam “Ian Curtis”, “Já Sei Bem” e “Tarde Demais” – ouça abaixo.
“Vejo a gente como uma banda bem diferente das outras bandas do país. No sentido de referências mesmo, sinto que nós nos damos mais liberdade para buscar referências bem diferentes umas das outras e soar de uma forma original fazendo isso”, diz Gus.
“Não nos importamos muito se a última música que fizemos foi um shoegaze ou um punk e a próxima vai ser uma bossa psicodélica. Construímos nossa identidade baseada nisso. Não estou dizendo que somos melhores ou piores, apenas diferentes.”
Além da presença nas redes sociais, o Maré Tardia deu um passo a mais. O quarteto abriu um Substack – plataforma online que permite a criadores de conteúdo, escritores, etc., distribuírem seus materiais por newsletters por assinatura.
“Sempre gostei de escrever, e unir o útil ao agradável, que é escrever e espalhar o som e a mensagem da banda para públicos diferentes, está sendo uma boa experiência. Ainda mais por se tratar de uma plataforma em que você não precisa ficar rolando vídeos de 30 segundos o tempo todo pra conhecer”, explica Bruno.
Em uma das publicações na plataforma, por exemplo, o quarteto explicou as mudanças na formação. A formação atual, como eles definem, tem a melhor química e entrosamento.
“Hoje enxergo nós quatro como uma unidade, que no momento certo se juntou da maneira mais honesta possível e se doa por esse nome misterioso e fácil de lembrar. Cada um é diferente, mas pinta o mesmo quadro, então de alguma forma convergimos. Amo demais os três, estamos construindo uma história de que tenho muito orgulho”, diz Canni.
Ele ainda ressalta a importância do período entre discos para a maturidade musical da banda.
“Acho que essa transição de um disco pro outro nos deu tempo de confiarmos mais uns nos outros, nas sugestões e ideias. Me lembro que quando entrei na banda uma das primeiras coisas que sugeri foi explorarmos mais o fato de termos duas guitarras, não existir uma diferença entre quem é solo ou base, coisa que os Strokes fazem muito bem, por exemplo. Vai muito além de eu ser o baixista ou o Gus tocar guitarra e cantar: se alguém tiver uma ideia que encaixe, por que não aderir?”.
Maré Tardia se apresenta em São Paulo no dia 13 de junho, sexta-feira, no Porta. E em Piracaia/SP em 14 de junho, sábado, no Matrigues 19.
