É hoje! Madonna se apresenta neste sábado (4) na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para mais de 1,5 milhão de pessoas. Quem vai acompanhar pela primeira vez o show da cantora é o jornalista Arthur Cobat, de 32 anos.
No ano passado, ele adiou o sonho de assistir a “The Celebration Tour”. Para focar e cuidar da saúde mental, precisou vender o ingresso que tinha comprado para o show em Berlim, na Alemanha. Um dos momentos mais esperados pelo jornalista para a apresentação é a homenagem da cantora aos amigos e artistas com HIV –diagnóstico que Arthur recebeu há três anos – durante a canção “Live To Tell”.
“Vai ser histórico e me dar ainda mais força. Nem consigo dimensionar a importância que é de ter uma mensagem dessa sendo transmitida. Falar sobre um assunto que sempre deixam escondido por falta de apoio ou preconceito”, diz Arthur em entrevista para a Billboard Brasil.
“[O HIV] sempre teve um estigma muito forte. Até hoje, mesmo a gente tendo um tratamento muito avançado aqui no Brasil. Minha força veio da música e das minhas referências, como Madonna, David Bowie, Cazuza e Freddie Mercury. São pessoas que influenciaram e tiveram força para bater de frente com a sociedade. No dia do diagnóstico, chorei muito. No dia seguinte, reuni minha família e falei. Meus pais me acolheram.”
O jornalista conheceu Madonna por influência do tio, Simão, que trabalhava como professor de inglês. “Ele era a minha maior referência de cultura pop. Meu pegava o violão, sentava na porta de casa e tocava Michael Jackson, Beatles e Madonna. Isso ficou em mim”, conta.
“Aqui no Nordeste tem uma cultura muito forte de versões das músicas. Eu conhecia muitas músicas da Madonna, mas só descobri que eram delas depois. Como era uma criança gay, me afastei do forró porque achava muito homofóbico. Tinha muito medo. Então [o pop] era um caminho e um lugar de segurança”.
Os pais de Arthur trabalham com mineração e viviam mudando de cidades pelo Brasil. “Toda vez que tinham shows grandes, de qualquer banda que eu gostava, sofria porque era muito caro para ir. Além de eu ser menor de idade na época.”
Madonna no Rio:
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O produtor vive há 10 anos em Belo Horizonte, em Minas Gerais, e faz um paralelo, comparando sua trajetória com a de Madonna –que deixou o Michigan para viver o sonho da música em Nova York, nos Estados Unidos.
“Muito influenciado por essa cultura da danceteria e do underground, que são lugares de acolhimento, comecei a trabalhar com música independente eletrônica em festas LGBTQIA+. Madonna está sempre nesse lugar da música e também da arte. Isso fez parte da construção de identidade do meu trabalho.”
Em 2023, Arthur enfrentou a depressão e passou alguns meses em uma reabilitação para tratamento. Foi lá onde o jornalista criou o projeto TROPA, para atrelar música e arte de forma mais acolhedora sobre a temática do HIV e da AIDS.
“Todo mundo merece viver, independente do diagnóstico que tem. Saí de lá querendo viver de verdade e eu quero fazer com que outras pessoas vejam o valor da vida. Eu me encontrei com a música, foi ela que me salvou”.